28 outubro 2017

O homem por trás do show

Um dos principais nomes da cenografia para eventos e ações de marketing, Marcelo Checon mira aquisições e expansão no mercado do Nordeste

O início: ex-estudante de hotelaria e administração, Marcelo Checon fundou a MChecon em janeiro de 2005, com um capital de apenas R$ 20 mil, obtido com a venda de uma moto

Depois de oito anos como assistente de produção em eventos, Marcelo Checon estava acostumado a correr contra o tempo para montar camarotes, palcos, estandes e displays. Mas nada se comparava ao desafio daquele início de 2005. Aos 27 anos, o ex-estudante de hotelaria e administração acabara de fundar a MChecon, empresa de cenografia para feiras, shows e convenções. Além da bagagem profissional, seu único capital eram os R$ 20 mil obtidos com a venda de uma moto. A quantia era suficiente para bancar apenas um mês do aluguel de um galpão de dois mil metros quadrados em Osasco, na Grande São Paulo, e dos salários de seis funcionários.

Passados quase treze anos, o cenário é bem diferente. Com um time de 220 profissionais e uma carteira de clientes e eventos com nomes como Itaú Unibanco, Nestlé, Disney, Vivo, Samsung, Rock in Rio, UFC e Lollapalooza, a MChecon acumula cerca de 7 mil projetos em seu portfólio. Dona de um faturamento de R$ 130 milhões em 2016, a empresa quer agora consolidar sua posição de protagonista nos bastidores de eventos e de ações de ativação de marcas em todo o País. “Com acontecimentos como a Copa do Mundo e a Olimpíada, o mercado viveu um período intenso de expansão nos últimos anos”, diz Checon. “Agora, o grande desafio é sustentar esse ritmo de crescimento sem eventos desse porte no calendário.”

O empresário já tem o plano traçado para seguir nessa trilha. Ele tem início com o estabelecimento de uma nova estrutura da operação na cidade de São Paulo. Nos próximos dias, a empresa entrega as chaves de sua sede em Osasco e dá um importante passo para a expansão. Até meados de novembro, as unidades de negócio de cenografia, de varejo e de estandes terão galpões próprios, sendo dois na cidade de Caieiras e um em Suzano, na Grande São Paulo. Para aprimorar e facilitar a conexão com os clientes, a equipe comercial, por sua vez, ficará instalada em um escritório na zona oeste da capital paulista.

O mapa da MChecon não está restrito a São Paulo. “O mercado paulista é recheado de eventos, mas está saturado. As disputas estão se resumindo a preço”, diz Checon. O Rio de Janeiro, onde a empresa mantém uma operação há seis anos, é um dos pontos de partida da estratégia para buscar alternativas. Para Checon, os grandes eventos deixaram uma boa herança para a capital carioca, como a estrutura hoteleira, que está sendo subaproveitada, mas que, ao mesmo tempo, traz um grande potencial a ser explorado pelo mercado de eventos. Recentemente, a companhia foi a responsável por 26 projetos de ativação no Rock in Rio, para marcas como Itaú, Ipiranga, Facebook, Johnny Walker e Habib’s.

A empresa também já definiu a próxima parada do seu roteiro de expansão. “O Nordeste tem um calendário próprio, com diversas festas regionais e muitas oportunidades”, diz Checon. A companhia já participa de diversos projetos no mercado nordestino, como as convenções na Costa do Sauípe e o Festival de Verão de Salvador. A capital baiana deve ser a escolhida para a abertura de uma operação que irá centralizar os negócios na região. A expectativa é realizar esse investimento em 2018. Outras dois componentes complementam as estratégias da MChecon para seguir crescendo.

A consolidação é uma delas. A empresa pretende investir de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões na aquisição de concorrentes. E, no momento, negocia a compra de duas companhias do setor, com atuação em São Paulo.

Recém-lançada, a nova unidade batizada de Arquitetura de Negócios é mais uma aposta. O objetivo da divisão é ajudar os clientes a adicionar receitas em seus projetos. Esse trabalho pode envolver desde a busca de marcas dispostas a realizar ativações com cenografia em um evento ou um ponto de venda até a concepção e viabilização de um projeto. Na primeira vertente, a MChecon desenvolveu iniciativas, por exemplo, junto ao Villa Mix, festival itinerante que reúne nomes da música sertaneja e eletrônica. Na segunda, uma das ações em destaque foi o lançamento da Mit Point, loja conceito da Mitsubishi instalada no shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

Os shoppings são uma das frentes de um segmento que será o grande foco da MChecon em 2018: as ações nos pontos de venda, o que inclui desde um pequeno display dentro de um supermercado até um projeto de maior porte, em uma área destacada em um centro de compras. “Essa comunicação que permite criar experiências vem ganhando força, pois, cada vez mais, as marcas querem falar diretamente com o consumidor”, diz Celio Ashcar Jr., copresidente da Associação de Marketing Profissional (AMPRO). Segundo a entidade, o chamado mercado de live marketing, que reúne eventos, ações digitais, promoções, campanhas de incentivo e ativação, movimentou R$ 43 bilhões no Brasil em 2016. Disposto a ampliar sua participação nesse bolo, Checon sabe que tem um longo caminho para fazer desse objetivo uma realidade. Mas para quem construiu boa parte de sua trajetória lidando com prazos restritos, esse é só mais um desafio a ser vencido. Leia mais em istoedinheiro 26/10/2017


28 outubro 2017



0 comentários: