02 agosto 2017

MGO Rodovias busca sócio e avalia venda de até 100%

Único caso bem-sucedido da terceira etapa de concessões rodoviárias, a MGO Rodovias, que administra a BR-050 entre Minas Gerais e Goiás, está à procura de um sócio e avalia vender até 100% do negócio dependendo da proposta, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. O consórcio de nove empresas que compõem a companhia contratou o banco de investimentos BTG para ir a campo atrás de um investidor.

A ideia é trazer alguém que injete recursos e libere o capital dos acionistas para novos investimentos. Na mira está o leilão da BR-364/365, no trecho de 437 quilômetros entre Uberlândia (MG) e Jataí (GO), cujo edital o governo pretende lançar nos próximos meses e tem sinergia com a concessão da BR-050. Procurada, a MGO não confirmou a informação. O BTG não se manifestou.

A possibilidade de trazer um parceiro com capital está presente desde o início da concessão, arrematada em 2013, quando a MGO assumiu a responsabilidade de gerir, recuperar, conservar, ampliar e operar 436,6 quilômetros entre Cristalina (GO) até o município de Delta (MG).

Tornou-se o exemplo mais bem acabado de empresas de porte médio, oriundas da construção pesada e distribuição de asfalto, que apostaram em concessão. O negócio vai bem, mas ainda há pesados investimentos a serem feitos no empreendimento.

Os sócios da MGO são a Senpar, Construtora Estrutural, Construtora Kamilos, Engenharia e Comércio Bandeirantes, Gregor Participações, Maqterra Transportes de Terraplanagem, TCL Tecnologia e Construções, Ellenco Participações e Vale do Rio Novo Engenharia e Construções. Cada uma tem 11,1% de participação na concessionária.

A concessão está com o cronograma de obras em dia. Devem ser investidos ao longo dos 30 anos de concessão R$ 3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão nos cinco primeiros anos contados após a emissão da licença ambiental, com data de julho de 2015. Até agora, a MGO investiu R$ 794 milhões na rodovia e gastou R$ 226 milhões para manutenção dos serviços e atendimento ao usuário. Dos 218,1 quilômetros que têm de ser duplicados até o fim de 2020, 42% já estão com obras realizadas.

Os contratos de financiamento de longo prazo foram firmados em março com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, BDMG e Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste e somam R$ 1,1 bilhão. Os recursos são liberados gradativamente, à medida que as obras são executadas. O maior valor é do BNDES, com R$ 432,7 milhões. O BTG é credor da MGO via fianças para o BNDES.

Apesar de obter as linhas de financiamento, a MGO vive a incerteza de conseguir descontingenciar créditos retidos pelos bancos em decorrência do cenário de crise conjuntural e que só podem ser destravados mediante o desempenho do fluxo de veículos e geração de caixa.

"O BNDES criou uma regra de contingenciamento pela desconfiança que o banco já tinha do mercado em 2014. Dizia que estávamos apresentando uma evolução de tráfego que não estava de acordo com o que foi projetado. Como não estavam de acordo, disseram que deixariam um limite de crédito nas condições pactuadas, mas a empresa só acessaria quando comprovasse que teria a geração de caixa futura prevista", afirmou Paulo Nuno Lopes, o presidente da MGO, por e-mail.

A estimativa da MGO é começar a descontingenciar esses créditos no primeiro semestre de 2018, quando a geração de caixa deverá ser maior devido à redução de custos dos anos de 2016 e 2017.

A receita da MGO em 2016 foi de R$ 372,8 milhões, sendo R$ 205,4 milhões do serviço de construção. Levando em conta somente a receita de pedágio - o negócio-fim da concessão - o faturamento foi de R$ 167,4 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi aproximadamente metade disso.

A companhia encerrou o primeiro trimestre com endividamento bruto de R$ 383 milhões, decorrente da liberação de financiamento de longo prazo para utilizar na duplicação da rodovia.02/08/2017 - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 02/08/2017

02 agosto 2017



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