11 maio 2018

Bradesco e Itaú negociam SuperVia, da Odebrecht

Bradesco e Itaú passaram a comandar o processo de venda da SuperVia, cujos principais sócios são a Odebrecht Transport e o grupo japonês Mitsui, com 60% de participação. A informação foi publicada pela agência Reuters e confirmada pela Folha.

A SuperVia —concessionária de trens de passageiros do Rio e região metropolitana que transporta 600 mil pessoas ao dia— é um dos ativos que a Odebrecht colocou à venda para tentar resolver sua complicada situação financeira.

A negociação do controle da SuperVia estava a cargo do BTG. Com ajuda do banco, a Odebrecht chegou a negociar o ativo com o fundo Mubadala, mas a oferta feita pelos árabes ficou muito aquém do que o grupo baiano gostaria de obter.

Além do Mubadala, o grupo RTM Brasil, formado por executivos do setor ferroviário com apoio de empresas de private equity não identificadas, também teria interesse no ativo.

A situação financeira da SuperVia também é delicada. No fim do ano passado, a Light, principal fornecedora de energia elétrica, chegou a pedir a falência da concessionária por falta de pagamento. A SuperVia, por sua vez, pediu na Justiça indenização da Light por danos morais e materiais depois da divulgação do pedido.

Segundo pessoas que acompanham o assunto, a decisão da Odebrecht de passar o mandato de venda da SuperVia para Bradesco e Itaú é consequência dos fracos resultados obtidos pelo BTG, mas também uma praxe do mercado. Empresas em dificuldades financeiras tendem a contratar seus bancos credores na hora de vender ativos para que eles lucrem com as taxas da transação.

A Odebrecht S.A vem discutindo com os bancos uma nova injeção de recursos entre R$ 2,2 bilhões e R$ 2,5 bilhões, mas até agora apenas Itaú e Bradesco parecem dispostos a colocar dinheiro novo no conglomerado, em crise desde o início da Operação Lava Jato. A garantia do empréstimo seriam as ações da petroquímica Braskem, a empresa mais rentável do grupo.

As negociações, no entanto, travaram porque o Banco do Brasil resiste a abrir mão de sua preferência na garantia. Hoje BB e BNDES são os primeiros a receber as ações da Braskem no caso de um eventual calote, em razão de um empréstimo anterior, mas Bradesco e Itaú exigem passar na frente na fila. BNDES e Santander já concordaram com a inversão da preferência nas garantias.

Em razão do impasse, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) deixou de pagar uma dívida de R$ 500 milhões em títulos de dívida no exterior no dia 25 de abril. A empresa só não entrou em “default”, porque o contrato prevê 30 dias de “período de cura”, que expiram daqui a duas semanas.

Segundo pessoas próximas ao assunto, a Odebrecht tenta realizar o pagamento antes do prazo final. Procurados, Odebrecht, Bradesco e Itaú não se manifestaram. - Folha de S.Paulo Leia mais em portal.newsnet 11/05/2018


11 maio 2018



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