19 março 2018

Com Dropbox e Spotify, mais companhias no vermelho vão à bolsa

Quando Dropbox e Spotify completarem suas ofertas públicas iniciais de ações nas próximas semanas, as duas empresas se juntarão a uma crescente lista de novas companhias públicas que estão no vermelho.

Mais de três quartos das 108 empresas que abriram o capital no ano passado tiveram prejuízo nos 12 meses que antecederam suas estreias, de acordo com um levantamento de Jay Ritter, professor de finanças da Universidade da Flórida.

Depois de aumentar em anos recentes, essa participação é a mais alta desde a bolha das pontocom no ano 2000. Em contrapartida, dados que abrangem quase quatro décadas mostram que só 38% das empresas não são lucrativas quando abrem o capital.

A mudança sugere que os investidores estão confortáveis em dar mais tempo às empresas, muitas vezes sacrificando a rentabilidade imediata por maiores gastos em marketing ou pesquisa e desenvolvimento, de acordo com Ritter.

Essa visão, particularmente no setor de tecnologia, também estava em voga na virada do milênio, quando um grande número de novas empresas de internet foram para a bolsa de valores, apesar das perspectivas duvidosas.

Muitas dessas empresas da era pontocom, como a varejista Pets.com e o empório on-line Webvan, foram um fracasso estrondoso.

A crescente fatia de empresas de capital aberto com prejuízo "evoca instantaneamente paralelos com a bolha pontocom", disse Callum Thomas, da empresa de pesquisa Topdown Charts, numa postagem feita nesta semana. "Certamente, esse é o tipo de coisa que você costuma ver no fim de um ciclo de mercado." O Dropbox, uma empresa de armazenamento de dados na nuvem, informou que teve um prejuízo líquido de US$ 111,7 milhões no ano passado, o equivalente a U$ 0,57 por ação. Essa perda diminuiu nos últimos anos. Em 2016, o prejuízo do Dropbox foi de US$ 210,2 milhões, ou US$ 1,11 por ação, e em 2015, de US$ 325,9 milhões, ou US$ 1,77 por ação.

O Spotify, o serviço de streaming de música comandado por cofundador Daniel Ek, cofundador da empresa, teve uma perda de € 1,24 bilhão em 2017, maior que o prejuízo de € 539 milhões registrado no ano anterior e de € 230 milhões em 2015.

O diretor financeiro do Spotify, Barry McCarthy, disse aos potenciais investidores na quinta-feira que a empresa continuará investindo no crescimento e, por isso, não se concentrará no lucro. O executivo afirmou que a empresa espera que esse crescimento, em última instância, aumente o valor da empresa.

Spotify, Dropbox e outros nomes parecem ser muito diferentes das empresas da bolha de duas décadas atrás, particularmente em termos de receita. O Dropbox registrou vendas de US$ 1,1 bilhão em 2017, ante US$ 844,8 milhões em 2016 e US$ 603,8 milhões em 2015. Além disso, gerou US$ 305 milhões de fluxo de caixa livre no ano passado.

O Spotify obteve uma receita de € 4,1 bilhões em 2017, um aumento de quase 39% em relação ao ano anterior.

As empresas de tecnologia que abrem o capital atualmente tendem a ser mais maduras do que costumavam ser. No ano passado, essas empresas tiveram vendas médias de US$ 181,5 milhões nos 12 meses anteriores às suas ofertas públicas, bem acima da média de US$ 16,6 milhões no ano 2000, de acordo com os dados ajustados pela inflação por Ritter.

"Muitas empresas estão divulgando perdas, mas poderiam dar lucro se quisessem", como por exemplo reduzindo gastos com pesquisa e desenvolvimento ou marketing, disse Ritter. Elas não enfatizam a rentabilidade porque querem crescer mais rapidamente para competir com rivais cada vez maiores, afirmou. Entre as empresas do setor que fizeram ofertas públicas do ano passado, 17% foram lucrativas, pouco superior aos 14% do ano 2000.

Os prejuízos de algumas empresas recém-listadas preocupam analistas. O Snap, dono do Snapchat, que abriu capital há um ano, divulgou perdas nos últimos três meses de 2017 duas vezes maiores na comparação com o ano anterior. Ainda assim, as perdas diminuíram em relação ao trimestre anterior e alguns acreditam que a empresa está se movendo em direção à lucratividade.

Outra razão para a queda da rentabilidade entre as novatas do mercado é que muitas delas - quase 30% - são empresas de biotecnologia que chegam ao mercado antes de ter uma droga aprovada. Algumas das bem-sucedidas serão vendidas para grandes farmacêuticas, enquanto outras vão fracassar, disse Ritter.

Quando as companhias abrem o capital, normalmente não estão gerando muita receita. As vendas médias entre as 32 empresas de biotecnologia que foram divulgadas no ano passado foram de menos de US$ 1 milhão.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 19/03/2018

19 março 2018



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