08 fevereiro 2018

Com Nidera Seeds, Syngenta será a segunda em semente de soja

A multinacional suíça Syngenta, controlada pela estatal ChemChina, concluiu ontem a aquisição da Nidera Seeds, seu maior negócio em 17 anos. A investida deve elevar de forma significativa seu poder de fogo no segmento de sementes no Brasil, onde a Syngenta tem enfrentado dificuldades em avançar organicamente para a segunda posição em participação de mercado. Tanto em soja quanto milho, a Syngenta vai abocanhar, a partir de agora, praticamente 20% da comercialização total nacional.

Anunciada no início de novembro, por valor não revelado, a compra da divisão da Cofco International é vista como estratégica para a expansão na América do Sul. A Nidera Sementes têm operações concentradas no Brasil e na Argentina.

"Podemos dizer que agregamos US$ 331 milhões de faturamento na América Latina", afirmou ao Valor Claudio Torres, diretor de sementes da Syngenta para a região, referindo-se aos dados de sementes da Nidera de 2016 – os valores de 2017 ainda não foram divulgados. A Syngenta, por sua vez, faturou com sementes na região US$ 400 milhões no mesmo período.

Os ganhos mais expressivos ocorrerão na concorrida comercialização de sementes de soja, o carro-chefe das lavouras brasileiras. A Nidera desenvolveu um importante banco de germoplasma da oleaginosa. Atualmente, detém cerca de 17% de participação no mercado nacional de sementes de soja. Já a Syngenta tem uma fatia marginal – de 3% a 4%.

No caso do milho, as proporções são inversas: a Syngenta tem grande força nesse segmento, com 13% a 14% de participação de mercado e um portfólio de cerca de duas dezenas de sementes. A Nidera responde por somente 3%. "Iremos ampliar de forma significativa nossa disponibilidade de genética e tecnologias no Brasil", disse Torres. "Com isso, passaremos para a primeira posição [em vendas] em milho safrinha em regiões do Cerrado e do Sul do país. Também seremos os segundos maiores em sementes de soja. Na Argentina, teremos a liderança em sementes de girassol".

Em nota, a Syngenta exaltou ontem a chegada do novo time à estrutura da empresa, sob o comando do brasileiro André Dias. O executivo assumiu o cargo de diretor global na Nidera Sementes em outubro de 2015 e é um velho conhecedor do mercado de insumos agrícolas – ele foi presidente da Monsanto Brasil de 2008 a 2013, e depois assumiu a vice-presidência global de Operações e Supply Chain da multinacional, nos EUA. A Monsanto é a maior produtora mundial de sementes comerciais.

Com a aquisição, a Syngenta – líder já em defensivos agrícolas no Brasil – pretende dar fôlego à estratégia de crescer de forma contínua também em sementes. "De modo geral, queremos sair de uma terceira posição global ‘distante’ para uma terceira posição ‘forte’, caminhando para a segunda", afirmou ao Valor o alemão Alexander Tokarz, diretor global de marketing para sementes da Syngenta.

Se no Brasil a intenção é ganhar força em grãos, em outros mercados o foco está voltado para o milho e sementes mais "softs". O controle da ChemChina reforçou o desenvolvimentos de variedades que atendam as próprias questões de segurança alimentar do país. "Para os chineses, pesquisas com sementes de vegetais e de trigo, por exemplo, são mais importantes", disse Tokarz. Nesse sentido, um dos lançamentos mais esperados é o do trigo híbrido – e isso deverá ocorrer só em dez anos. A variedade daria ao cereal um salto inicial de produtividade de 10% a 20%.

O mando chinês trouxe ainda um olhar de desenvolvimento de produto de longo prazo à companhia suíça. "Não termos mais de prestar contas trimestrais aos acionistas foi uma boa mudança para nós. Claro que a ChemChina quer resultados, mas não existe mais aquela pressão do mercado".

O negócio de sementes movimenta globalmente US$ 40 bilhões. A consultoria Mordor Intelligence estima uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 7,1% entre 2017 e 2022. Na liderança global de comercialização de sementes está a Mosanto, com 36%, seguida por DuPont (24%), Syngenta (10%) e o grupo Limagrain (6%). Em vegetais, a Monsanto lidera com 14% do mercado, seguida por Limagrain (11%) e Syngenta (10%). Por Bettina Barros | De São Paulo Fonte: Valor Leia mais em alfonsin 08/02/2018

08 fevereiro 2018



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