24 janeiro 2018

Redes estrangeiras de restaurantes avançam no mercado brasileiro

Com operação em escala, grupos têm custos reduzidos e recursos para crescer

Grandes redes de restaurantes e lanchonetes internacionais estão correndo na frente para crescer no mercado de alimentação no país. Levam vantagem por serem negócios com escala, o que permite reduzir custos e ter fôlego financeiro para avançar em número de filiais e, por consequência, em vendas.

O Abbracio Cucina Italiana — restaurante casual de comida italiana do mesmo grupo do Outback — chegou ao país em 2015 e vai acelerar as inaugurações este ano. Já Pizza Hut e KFC são agora comandadas pela Sforza, do empresário Carlos Wizard Martins, que trouxe a Taco Bell ao mercado brasileiro, e anunciou gordas metas de aberturas de lojas. Lá fora, as três estão sob o guarda-chuva de uma mesma companhia. No fim do ano passado, o Burger King abriu capital em Bolsa, e vai usar recursos levantados para ampliar ainda mais sua já robusta rede de unidades no Brasil.

"Dos grandes mercados mundiais, o Brasil é o que tem esse mercado de alimentação mais pulverizado. Isso abre boa oportunidade para grandes redes. A tendência é que elas cresçam mais que os restaurantes independentes porque têm acesso aos melhores pontos e ganham em competitividade pela escala. Surgirão mais operadores consolidando a operação de franquias independentes", explica Fernando Cardoso, especialista no segmento de alimentação (foodservice) da consultoria AGR.

Essa consolidação, continua ele, é baseada em um modelo operacional de gestão que persegue a meta de ter padrões obedecidos e economia de escala, oferecendo diversos formatos de negócio a sócios e investidores. Devem ganhar espaço, por exemplo, os restaurantes de cozinha étnica, avalia ele.

"Existem três modelos de restaurantes operados em redes: o de serviço rápido, que é o fast-food tradicional, como o McDonald’s; o fast casual, com tíquete médio um pouco maior, produção rápida, mas atendimento um melhor, como o Pizza Hut; e o casual dining, restaurantes mais no perfil do Outback, com melhor serviço e qualidade dos pratos. Todos permitem trabalhar com escala, focando em bom custo/benefício", diz Cardoso.

A operação da Abbraccio no Brasil funciona como um projeto-piloto para a internacionalização da marca americana da Bloomin’ Brands, que nos Estados Unidos leva o nome de Carrabba’s. Lá fora, a companhia detém quatro marcas e está empenhada em ampliar o portfólio por aqui. A Fleming’s Prime Steakhouse também já fincou bandeira em São Paulo.

"O Brasil é um mercado forte para restaurante casual. Já tínhamos a experiência do Outback, com perto de 90 unidades no país. E decidimos começar a expansão da Abbraccio no exterior pelo mercado brasileiro. Começamos em 2015 e já temos nove restaurantes. Este ano, vamos abrir mais cinco. Nos dois próximos anos, vamos aumentar o ritmo de inaugurações", conta Ricardo Carvalheiro, diretor operacional para a marca Abbraccio.

A primeira filial no Rio chegou apenas em meados de 2017, no shopping Rio Design Barra. Entre abril e maio deste ano, virão mais duas, uma no RioSul e outra no Shopping Leblon, com investimento de cerca de R$ 6,5 milhões por unidade.

"Em 2015, não conseguimos as condições de ponto e custo de ocupação que gostaríamos para chegar ao Rio, o que só aconteceu em 2017. Mas podem vir mais dois ou três pontos também no mercado carioca este ano, dependendo das negociações", diz o executivo.

Inflação com alimentação fora de casa recua
Essa expansão das redes de alimentação tem um empurrão desses tempos de crise, avalia Cardoso, da AGR. E estaria ocorrendo com atraso na comparação com países como Chile, Colômbia e México.

"Antes, havia entraves tributários e fiscais, principalmente, que já foram superados. Depois, veio uma janela de oportunidade com a expansão de renda do brasileiro, a partir de 2004. E na crise, apesar do brasileiro ter reduzido o gasto com alimentação em geral, a fatia que a alimentação fora de casa representa na despesa do lar cresceu de 24%, em 2008, para 34%, em 2017", diz o especialista.

A saída encontrada pelo brasileiro para fazer essa conta fechar, explica Cardoso, foi migrar para uma categoria de restaurante ou lanchonete inferior a que costumava frequentar, o que explica principalmente o crescimento no segmento de fast-food.

Dados do Instituto Food Service Brasil divulgados na última semana mostram que em 2017 o número de lojas de redes associadas avançou 5,9%, para 9.330 unidades. Enquanto o faturamento subiu 6,2%. Por trás dos números, estão o recuo da inflação da alimentação fora de casa, que ficou em 3,83%, contra 7,22% em 2016, e um aumento no tíquete médio de 4,2%, para R$ 25,10.

A Sforza avança em linha com essa tendência. A Taco Bell foi um primeiro passo do grupo para entrar no setor de alimentação, adquirir expertise operacional, explica Michel Chaim, gerente geral da marca no Brasil. Ele que está à frente do processo de fusão e transição da gestão das operações da Pizza Hut e da KFC.

"Temos muito mercado para ganhar. No caso do KFC, pela menor presença no país. Mas mesmo o Pizza Hut, que já tem uma operação maior, vamos crescer com modelos de lojas mais fáceis de montar. Vamos passar de dois para quatro modelos de franquias, ampliando o número de filiais em shoppings e também de lojas de rua. Pedirão investimento mais baixo ao franqueado", destaca Chaim.

Atualmente, a Pizza Hut conta com 180 unidades no Brasil; o KFC com 47. A meta é inaugurar mais 35 lojas da pizzaria e outras 20 KFC em cinco anos, com investimento de R$ 135 milhões. A Taco Bell deve triplicar a rede este ano, chegando a 60 filiais.POR AGÊNCIA O GLOBO Leia mais em epocanegocios 24/01/2018




24 janeiro 2018



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