17 novembro 2017

Italiana Atlantia deve melhorar oferta pela Abertis

O grupo de infraestrutura italiano Atlantia deu o mais forte sinal até agora de que pretende elevar sua proposta de € 16,3 bilhões pela espanhola Abertis para superar a rival da Hochtief, da Alemanha, e tentar vencer uma das maiores batalhas de ofertas de aquisição na Europa.

"Acreditamos que temos espaço para tornar nossa oferta adequadamente competitiva, no momento certo, sem ameaçar a criação de valor", disse o executivo-chefe da Atlantia, Giovanni Castellucci, em entrevista ao "Financial Times" em seu escritório nos subúrbios de Roma.

"O preço de nossa oferta era um preço justo, mas não nosso preço de reserva", disse Castellucci, referindo-se ao nível máximo que sua empresa está disposta a pagar.

As declarações de Castellucci mostram como a Atlantia continua determinada em conquistar a Abertis, apesar da concorrência da Hochtief, que tem 72% do capital nas mãos do grupo de construção espanhol ACS. A oferta da Hochtief pela Abertis, de mais de € 18 bilhões em dinheiro e ações, foi apresentada em outubro.

A Atlantia, controlada pela família Benetton, fez a oferta em maio com a ideia de criar uma empresa líder na Europa, com presença mundial na administração de aeroportos, ferrovias e de pedágios em estradas. A oferta avaliou a Abertis em € 16,50 por ação e oferecia a opção aos investidores da empresa espanhola de receber uma parte disso em ações do grupo italiano.

O aumento da oferta pela Atlantia é esperado apenas depois que as autoridades reguladoras do mercado acionário espanhol deem sinal verde para a oferta da Hochtief, possivelmente no início de dezembro.

Alguns analistas dizem que o negócio ainda seria financeiramente viável para a Atlantia se a empresa elevasse sua oferta a até € 19 por ação. Desde que apresentou a primeira proposta de compra, a Atlantia sofreu com a demora dos reguladores espanhóis para a aprovar a oferta e com a percepção de que algumas autoridades em Madri estariam encorajando a Hochtief a apresentar uma oferta rival, para preservar o controle espanhol.

O executivo-chefe da ACS é Florentino Pérez, há anos presidente do clube do futebol Real Madrid.

Castellucci não comentou a posição do governo espanhol na disputa. "A questão não se trata de Itália versus Espanha. Trata-se de livre mercado e dos princípios fundacionais da UE", disse.

"Acreditamos que nosso projeto industrial é bom para ambas as empresas e para a Espanha", acrescentou, ressaltando que a Abertis continuaria com ações negociadas na Espanha e que os ativos combinados do grupo na América Latina, cujo desempenho vem sendo bastante bom, seriam transferidos para a Abertis.

Castellucci minimizou o efeito da crise na Catalunha sobre a proposta de compra e disse que o valor da Abertis consiste basicamente em seus ativos fora da Espanha. De qualquer forma, a Atlantia está "convencida de que a crise catalã vai ser resolvida, porque não é racional que não seja", segundo Castellucci.

Em outubro, o conselho de administração da Abertis expressou que a oferta da Atlantia era "atraente", mas que havia "margem para melhora", o que trouxe esperanças para o lado italiano de estariam sendo vistos como a melhor opção.

"Pensamos da mesma forma, fazemos o mesmo trabalho e nos conhecemos há dez anos. Há confiança entre as equipes administrativas", disse Castellucci. A oferta alemã, apoiada por Pérez, tem uma parte em ações, sem opção integral em dinheiro. Além disso, alguns investidores têm dúvidas se a empresa será capaz de cumprir a promessa de promover grande expansão com base em investimentos em projetos iniciados a partir do zero.

A Hochtief tentou sem sucesso nos últimos meses encontrar outros parceiros que se juntassem à oferta. As ações da Abertis, que chegaram a subir para mais de € 19 em outubro depois da oferta da Hochtief, agora estão em € 18,36, abaixo da oferta alemã, de € 18,76.

Em outubro, a Atlantia também recebeu aprovação dos órgãos antitruste da UE para sua oferta, o que acabou com outro elemento de incerteza que pairava sobre o negócio.

"Esta [empresa resultado da fusão] vai ser líder mundial na operação de estradas com pedágio, mas você ainda vai ter competição nos mercados europeus", disse a comissária antitruste da UE, Margrethe Vestager, em apresentação a repórteres. Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 17/11/2017

17 novembro 2017



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