30 outubro 2017

Quatro petroleiras globais entram no pré-sal brasileiro

Quatro petroleiras globais entram no pré-sal brasileiro

As rodadas de partilha marcaram, na última sexta-feira, a entrada de quatro petroleiras globais no pré-sal brasileiro – Exxon, BP, Qatar Petroleum e CNODC – e a presença de 12 companhias diferentes na competição que rendeu R$ 6,15 bilhões ao governo. A diversificação de empresas, contudo, não se traduziu em estreias na operação e todas as áreas arrematadas ficaram nas mãos das três principais operadoras do país: Petrobras, Shell e Statoil. Considerado um sucesso no mercado, o leilão mostrou ainda que as empresas não têm grandes problemas de trabalhar com o regime de partilha, que pode ser extinto se vingar a ideia manifestada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ).

Com direito de preferência exercido em três áreas, a Petrobras foi a protagonista das rodadas: arrematou metade dos blocos negociados nos leilões e desembolsará R$ 1,14 bilhão em bônus. O presidente da estatal, Pedro Parente, classificou como “bem sucedida” a investida e afirmou que as aquisições estão dentro de seu planejamento financeiro. Ele não descartou, porém, a possibilidade de a empresa vir a ser carregada nos investimentos pelos “sócios de primeira grandeza”, como Shell, Repsol Sinopec, BP e a China National Oil and Gas Exploration and Development Corporation (CNODC), subsidiária da PetroChina.

“O que acontece é que a gente fecha a parceria para a realização do leilão e depois começam conversas complementares onde outras questões são discutidas. Essa questão [carregamento] pode vir a ser discutida, mas não há nada relevante”, disse, após os leilões.

O resultado das rodadas mostrou ainda como é difícil antecipar a estratégia das petroleiras. A expectativa de que a ExxonMobil se tornasse operadora não se confirmou, ainda que a americana tenha sido uma das maiores pagadoras de bônus: R$ 1,2 bilhão, por 40% da área Norte de Carcará, ao lado da Statoil e da Petrogal (subsidiaria da Galp no Brasil).

A aquisição garante a estreia da Exxon no polígono do pré-sal – na 14ª Rodada de blocos exploratórios a empresa chegou a arrematar oito blocos com potencial para pré-sal, na Bacia de Campos, mas ainda não há descobertas confirmadas que indiquem a existência de recursos abaixo da camada de sal. A Exxon também tentou, nos leilões de sexta, comprar a área de Peroba, mas perdeu a disputa para o consórcio Petrobras/BP/CNODC, que ofereceu uma parcela de 76,96% da produção para a União.

Outras estreantes no pré-sal são a britânica BP (que está sem produzir no Brasil desde a venda de Polvo, para a PetroRio), a Qatar Petroleum e a CNODC (embora sua controladora, por meio da CNPC, seja sócia do projeto de Libra).

Os leilões do pré-sal contaram com 11 vencedores diferentes, entre as 16 habilitadas. Apenas a Ouro Preto Energia participou da rodada sem sucesso. Chevron, Petronas (Malásia) e a Ecopetrol (Colômbia) se inscreveram, mas foram as ausências notadas dos leilões – que confirmaram, ainda, o reforço da posição de figuras já presentes no pré-sal: Petrogal, China National Offshore Oil Company (CNOOC), Repsol Sinopec e a Total.

Petrobras foi a empresa protagonista das rodadas: arrematou metade dos blocos e desembolsará R$ 1,14 bilhão em bônus

“Os leilões trouxeram saudável variedade de empresas que operam em águas profundas ao Brasil, que se reafirmou como um dos principais destinos de investimentos”, diz o diretor de pesquisas da consultoria Wood Mackenzie para a América Latina, Horácio Cuenca.

Além da Petrobras, uma das participações mais agressivas foi a da Shell, que fortaleceu sua posição no pré-sal. A companhia, que já operava a área de Gato do Mato e não conseguiu adquirir nenhum bloco na 14ª Rodada, em setembro, fez oferta por todas as seis áreas negociadas nos leilões e levou três, duas delas como operadora. Por essa participação vai pagar R$ 332,5 milhões de bônus.

Com a investida bem-sucedida, a anglo-holandesa garantiu Sul de Gato do Mato, área adjacente à descoberta de Gato do Mato (bloco BM-S-54). A aquisição foi comemorada pelo presidente da Shell Brasil, André Araújo. Isso porque a compra vai acelerar o desenvolvimento da produção da descoberta original de Gato do Mato – projeto que estava parado desde que se descobriu que parte do campo se estendia para fora da concessão.

Araújo disse que a empresa pagou o valor que achou justo e entrou “onde achou que deveria entrar”. Segundo ele, os blocos adquiridos foram uma aposta no Brasil que exigirá investimentos adicionais aos US$ 2 bilhões que vai investir anualmente até 2020.

Sócia da Shell em Gato do Mato, com 20%, a Total, por sua vez, se limitou a manter o mesmo percentual na área unitizável (interligada a área já leiloada e passível de exploração unificada). A Total concentrou sua participação nos leilões nesse único ativo – a francesa acaba de adquirir a Maersk, o que pode explicar a atuação tímida.

Na avaliação de uma fonte do governo, o fato de Exxon e Total não terem saído das licitações como operadores, se contrapõe ao sucesso de Petrobras, Shell e Statoil. Isso pode levar as concorrentes a serem mais agressivas nos leilões do ano que vem. Fonte: Valor Econômico Leia mais em energia.sp 30/10/2017


30 outubro 2017



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