11 outubro 2017

Pfizer coloca à venda divisão de consumo

A Pfizer planeja vender ou desmembrar como empresa independente sua divisão de produtos de consumo da área de saúde. Com a iniciativa, a empresa poderá obter até US$ 14 bilhões e desencadear uma enxurrada de transações de fusão e aquisição.

O laboratório farmacêutico disse que está estudando uma série de alternativas para a divisão, fabricante das vitaminas Centrum e do protetor labial ChapStick, entre as quais “uma separação total ou parcial… por meio de um desmembramento como unidade independente, uma venda ou outra transação”. Poderá até, em última instância, manter a divisão.

O executivo-chefe da Pfizer, Ian Read, disse que a empresa é líder em produtos da área de saúde comercializados sem receita médica, mas que a divisão é “suficientemente diferenciada” da unidade principal de medicamentos para se sair melhor fora da companhia. Read já tinha sugerido a possibilidade de alienar a divisão de produtos de consumo nos últimos meses.

Em recente teleconferência de resultados, ele disse a investidores que a divisão estava sendo “submetida a análises periódicas sobre a possibilidade de criar maior valor fora da Pfizer do que no âmbito da empresa”. Em dezembro de 2015, Rakesh Kapoor, executivo-chefe da Reckitt Benckiser, disse que estaria “muito interessado” na divisão de produtos de consumo da área de saúde da Pfizer caso ela fosse posta à venda.

No entanto, a Reckitt pagou, desde então, US$ 16,7 bilhões pela Mead Johnson, a fabricante de leite em pó para bebês, levantando dúvidas sobre a possibilidade de ter condições financeiras suficientes para embarcar num segundo negócio de grandes proporções. O grupo suíço de alimentos Nestlé disse que tem interesse em ativos desse tipo, e os analistas também citam laboratórios farmacêuticos como GlaxoSmithKline, Bayer, Sanofi e Johnson & Johnson como compradores potenciais.

A decisão da Pfizer de reexaminar a adequação de uma divisão que fabrica suplementos alimentares e medicamentos antigripais chama a atenção para a eterna discussão sobre se as empresas farmacêuticas deveriam ou não possuir divisões de produtos de consumo. Algumas empresas acham que essas divisões fornecem estabilidade num setor pressionado por patentes expirando e cronogramas imprevisíveis de desenvolvimento de medicamentos, enquanto outros argumentam que esse tipo de unidade drena um capital e uma atenção que deveriam ser dedicados à descoberta de novos medicamentos lucrativos.

O laboratório farmacêutico alemão Merck anunciou recentemente sua intenção de explorar uma venda de sua divisão de produtos de consumo, fabricante das vitaminas Seven Seas e de descongestionantes nasais. A Pfizer abandonou o setor em 2006 ao vender sua divisão de produtos de consumo à J&J por US$ 16,6 bilhões, desfazendo-se de marcas como o antisséptico bucal Listerine e o produto de combate ao tabagismo Nicorette.

Mas a ela voltou ao segmento ao adquirir a Wyeth, em 2010. Para Read, que se tornou o executivo-chefe em 2010, separar a divisão de produtos de consumo representaria a maior mudança drástica para a empresa desde que ela ampliou sua divisão de saúde animal, em 2013, para criar a Zoetis, que tem atualmente um valor de mercado de US$ 31 bilhões. Desde então, Read tentou reformular a empresa por meio das aquisições da anglo-sueca AstraZeneca e da Allergan, sediada em Dublin, embora as duas tentativas tenham sido frustradas por políticos preocupados com nível de emprego e perda de arrecadação.

Um grande investidor na Pfizer disse que interpretou o anúncio como sinal de que a ela quer levantar recursos para fazer algo “transformador” no setor farmacêutico, como a compra da Bristol-Myers Squibb, uma das maiores fabricantes de imunoterapias para pacientes de câncer, com valor de mercado de US$ 105 bilhões.

Esse investidor acrescentou que o anúncio sinaliza ainda que a Pfizer acredita que existe pelo menos alguma probabilidade de o governo Trump aprovar uma reformulação do código tributário dos Estados Unidos, o que permitiria que empresas como a Pfizer repatriassem receitas acumuladas no exterior no valor de dezenas de bilhões de dólares e as gastasse em transações de fusão e aquisição e em recompras de ações dos acionistas.

Executivos de bancos dizem que, se a Pfizer negociar com ímpeto, vai descongelar o mercado de fusões e aquisições no setor. Fonte: Valor Online Leia mais em panoramafarmaceutico 11/10/2017

11 outubro 2017



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