11 outubro 2017

Brasil cresce, mas com baixo potencial, diz FMI.

O Brasil saiu do atoleiro e deve crescer 0,7% neste ano e 1,5% no próximo, segundo as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), mais otimistas que as de julho. Mas depois da recuperação, a economia brasileira deve continuar avançando menos que a de outros países emergentes e em desenvolvimento.

A recessão durou dois anos, ou pouco mais, mas os problemas acumulados em muitos anos continuarão produzindo efeitos por muito mais tempo: o País perdeu potencial de crescimento. É esse o sentido da taxa de 2% apontada para o longo prazo.

A solução apontada envolve uma lista de ajustes e reformas para ampliar a eficiência geral da economia. Investimentos em infraestrutura – em vias de transportes, por exemplo – são apenas uma pequena parte do receituário.

Antes da recessão, o Brasil já vinha ficando para trás dos vizinhos e de outros emergentes, com menor avanço da produção. A situação desigual se mantém nas projeções de longo prazo.

Para 2022, a estimativa aponta expansão de apenas 2% para o País, ante 3,2% para a Argentina, 3,3% para o Chile, 3,6% para a Colômbia, 3,8% para o Peru e 5,5% para o Panamá. O confronto fica muito pior quando as estimativas envolvem as economias emergentes da Ásia, com crescimento médio de 6,3% dentro de cinco anos.

Dois trimestres seguidos de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) confirmam a saída da recessão, segundo a economista Oya Celasun, chefe de divisão do Departamento de Pesquisa do FMI, comandado por Maurice Obstfeld. A grande safra e o impulso ao consumo, reforçados pela liberação das contas inativas do FGTS, são destacados dentre os fatores da reativação, no Panorama Econômico Mundial (World Economic Outlook) divulgado ontem. A crise política é mencionada como fator de incerteza, mas as novas projeções para 2017 e 2018 são melhores que as de julho, com aumento de 0,4 ponto porcentual na primeira e de 0,2 ponto na segunda.

Reformas. Mesmo a taxa de expansão de 2% projetada para alguns anos à frente dependerá, segundo o relatório, de reformas para garantir a sustentabilidade das finanças públicas. A economista Oya mencionou, além do ajuste fiscal e da reforma da Previdência, mudanças estruturais destinadas a tornar a economia mais eficiente, mais investimentos em infraestrutura, medidas para criar um ambiente mais favorável aos negócios e uma revisão das políticas de crédito dos bancos estatais.

O objetivo é tornar mais eficiente a alocação de recursos.
Juntamente com outros chefes do Departamento de Pesquisas, Oya participou ontem da apresentação do Panorama Econômico.

Sua lista de sugestões para o Brasil aparece em vários estudos comparativos de competitividade, preparados pelo Banco Mundial e por outras instituições.

Nesses estudos, o conjunto de reformas para aumento da eficiência geralmente inclui, entre outros itens, a do sistema tributário, a redução da incerteza jurídica e a eliminação ou diminuição da burocracia.

A recuperação global é generalizada, mas incompleta, segundo Obstfeld. É incompleta dentro dos países, porque os salários pouco têm crescido e as desigualdades têm aumentado.

Incompleta entre países, porque países de baixa renda exportadores de produtos básicos continuam enfrentando desafios, assim como aqueles afetados por turbulências políticas e violências.
Em cerca de um quarto dos países a renda por habitante diminuiu em 2016 (o Brasil foi um deles, mas nenhum nome foi citado).

Enfim, a recuperação é incompleta no tempo, porque a atual virada cíclica mascara muitos problemas de longo prazo, como o baixo crescimento do produto per capita.
Em 43 países emergentes o produto por habitante crescerá ainda menos que nos desenvolvidos nos próximos cinco anos – o Brasil está na lista.

Projeção para economia global é de crescimento

O novo Panorama Econômico Mundial, divulgado ontem em Washington pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), apresentou uma avaliação mais positiva da economia global.

A recuperação continua, e em ritmo mais veloz, indicou o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld. As projeções de crescimento global para 2017 e 2018 foram elevadas de 3,5% para 3,6% e de 36% para 3,7%. As estimativas anteriores foram feitas em julho.

As economias avançadas devem crescer 2,2% neste ano e 2,0% no próximo. Para a maior potência, os Estados Unidos, os cálculos indicam 2,2% e 2,3%, com aumento de 0,1 e 0,2 ponto em relação aos números publicados em julho. / R.K.   - O Estado de S.Paulo Jornalista: Rolf Kuntz Leia mais em portal.newsnet 11/10/2017


11 outubro 2017



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