09 junho 2017

Novas compras no radar da 3corações

De acordo com Pedro Lima, receita do grupo 3corações deve crescer 10% este ano, principalmente graças ao aumento de vendas de café torrado e moído

Uma das protagonistas do movimento de consolidação no mercado de café no país, o Grupo 3corações não esconde que quer mais. No começo de 2016, a companhia, dona da maior fatia do mercado de café torrado e moído no Brasil, adquiriu as marcas de café e derivados da Cia Iguaçu de Café Solúvel. E continua olhando oportunidades, admite Pedro Lima, presidente do grupo, em entrevista ao Valor.

"Temos interesse em fazer aquisições para continuar crescendo. Estamos sempre olhando oportunidades", diz ao ser indagado sobre os próximos capítulos desse movimento, que ganhou força no ano passado e que teve ainda em 2016 a aquisição do Grupo Seleto pela Jacobs Douwe Egberts (JDE), segunda maior em torrado e moído no país e dona de marcas como Pilão.

Neste ano, a JDE voltou à carga e anunciou, em janeiro, a compra do portfólio de marcas locais de café da Cia Cacique, entre elas Pelé, Graníssimo e Tropical. A terceira no ranking de torrado e moído no país, a Melitta, também se movimentou e adquiriu as marcas mineiras de café Barão e Forte D+, além de equipamentos para a produção de café torrado e moído, do Grupo Mogyana, de Piumhi (MG).

Não é à toa, portanto, que a 3corações segue atenta. "Existem ativos [interessantes para eventual aquisição] no Brasil todo", afirma Pedro Lima. Juntas 3corações, JDE e Melitta têm 50% de market share – conforme dados Nielsen citados pelo empresário – do mercado de café torrado e moído do país, que movimenta o equivalente a cerca de 19 milhões de sacas por ano e envolve um total de 1.200 empresas.

O tamanho do mercado e a fidelidade do consumidor mesmo em momentos de crise são algumas das razões para a aposta persistente das grandes empresas no setor, segundo especialistas. E os números da 3corações são uma prova dessa resiliência. No ano passado, apesar da recessão no país, a receita líquida da empresa subiu 22,15% em relação a 2015, e alcançou R$ 3,103 bilhões.

De acordo com Pedro Lima, o resultado do último ano decorreu principalmente do aumento de preço de café – reflexo do repasse da alta do café em grão – e do crescimento das vendas de café torrado e moído, que respondem por 75% da receita. As marcas de café e derivados da Cia Iguaçu, adquiridas no primeiro trimestre de 2016, também contribuíram parcialmente com o resultado.

O desempenho no segmento de cápsulas também ajudou a 3corações. A empresa ampliou a comercialização de cápsulas em "dois dígitos", para 80 milhões de unidades, e também as vendas de máquinas da chamada solução TRES.

Para este ano, diante das incertezas na economia, a expectativa do grupo é de um crescimento de 10% na receita. Lima pondera que ainda assim é um crescimento importante, uma vez que os preços do café devem ficar mais estáveis este ano, com a melhora na safra de conilon.

Mais uma vez, o aumento das vendas de torrado e moído e de cápsulas deve levar ao maior faturamento. Além disso, neste ano, a 3corações vai contar com a receita total, estimada em R$ 100 milhões, advinda das marcas de café e derivados adquiridos da Cia Iguaçu de Café Solúvel.

Embora seja mais conhecido pelo café, o Grupo 3corações – joint venture entre a São Miguel Holding, da família Lima, e a israelense Strauss – também atua em outros segmentos, como derivados de milho e refrescos.

Do segmento de derivados de milho também deve vir uma contribuição para o avanço esperado, uma vez que a empresa dobrou a capacidade de sua fábrica de Mossoró (RN). Com isso, a receita nesse segmento deve somar R$ 120 milhões, segundo Lima.

O grupo também esperar vender mais 200 mil máquinas do sistema TRES este ano, elevando o número de equipamentos no país para 800 mil unidades.

Desde o início deste ano, a 3corações está produzindo as cápsulas que comercializa para utilização nessas máquinas na fábrica construída em Montes Claros (MG), que demandou investimento de R$ 50 milhões.

Numa primeira fase, a unidade, com capacidade para produzir 10 milhões de cápsulas por mês, está fabricando entre 5 milhões e 6 milhões de cápsulas por mês, segundo Lima. O plano é dobrar a capacidade da fábrica nos próximos quatro anos, "dependendo da demanda".

Além da aposta na cápsulas, o grupo está estreando no segmento de cafés especiais com a marca Santa Clara para o mercado do Nordeste. A empresa já comercializa cafés gourmet e premium com a marca 3corações. "Tem que ter sabedoria para estimular esse mercado", diz Lima, referindo-se ao segmento de especiais.

Com cinco fábricas nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a 3corações comercializa marcas de café, tais como 3 Corações, Santa Clara, Pimpinela, Itamaraty e Iguaçu. Também produz filtro, café solúvel, refresco em pó, achocolatado, derivados de milho e temperos. Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo Fonte : Valor Leia mais em alfonsim 09/06/2017


09 junho 2017



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