08 junho 2017

Crise deve afetar venda de empresas por fundos

Borges, da Abvcap: captação de recursos para private equity está mais difícil

O agravamento da crise política afeta, mas não paralisa o processo de venda das participações em empresas detidas pelos investimentos dos fundos de private equity. A afirmação é de Fernando Borges, presidente da Abvcap, associação que representa o segmento.

Os fundos de private equity compram participações em companhias com o objetivo de vendê-las posteriormente com lucro. Nos últimos meses, os gestores aproveitaram a relativa melhora no cenário econômico para negociar a saída de várias empresas, seja com a venda para um comprador estratégico ou para investidores no mercado de capitais.

Entre os casos recentes, o principal destaque foi a venda da participação dos fundos General Atlantic e Dynamo na corretora XP Investimentos para o Itaú Unibanco, em um negócio de R$ 6,3 bilhões. A bolsa também vinha se mostrando uma porta de saída para os gestores, com as ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) dos laboratórios Alliar e Hermes Pardini, além da companhia aérea Azul.

“No atual cenário, a saída vai continuar difícil, mas essa sempre foi a realidade do mercado brasileiro”, disse Borges, que também é o executivo responsável pelo fundo americano Carlyle no país.

Entre as empresas investidas por fundos em processo de abertura de capital estão a fabricante de medicamentos Biotoscana, a empresa de energias renováveis Ômega, a NotreDame Intermédica e a empresa de tecnologia Tivit. “A bolsa deve continuar seletiva para as ofertas, mas não vai fechar”, disse a jornalistas em evento em São Paulo.

Nesse cenário, outras formas de saída para os fundos, como a venda para estratégicos ou para outros gestores de private equity, também devem se manter, segundo o presidente da Abvcap. As vendas das participações de fundos em empresas somaram R$ 5 bilhões no ano passado, queda de 14% em relação a 2015.

A indústria de fundos de private equity encerrou dezembro com um total de R$ 142,8 bilhões em capital comprometido no ano passado, que inclui os recursos já aplicados e os disponíveis para novos investimentos em empresas. O volume representa uma redução de 7% em relação a 2015, de acordo com dados da Abvcap. Parte dessa retração, porém, foi resultado da queda do dólar, já que pouco mais da metade dos investimentos no segmento vem de estrangeiros.

A atual crise política, que pode levar à queda do presidente Michel Temer, não deve afetar o interesse dos investidores de private equity no Brasil, segundo Borges. “O Brasil permanece como um destino de investimentos de longo prazo”, afirmou Borges.

O atual quadro de incertezas, contudo, deve adiar as decisões de negócios em curso. No ano passado, os fundos de private equity fizeram 157 investimentos no país, com volume de R$ 11,3 bilhões. Em 2015, houve 159 investimentos, no total de R$ 18,5 bilhões, mas o valor foi inflado pelo investimento do GIC (fundo soberano de Cingapura) na Rede D’Or, de hospitais.

A captação de novos recursos para os fundos de private equity também foi afetada pela crise no país, segundo o presidente da Abvcap. “Fica muito difícil ‘vender’ o Brasil no exterior neste cenário”, disse, ao acrescentar que praticamente não há fundos grandes em processo de captação de recursos para investimentos no país no momento. Em um período de instabilidade política como o atual, os processos de captação ficam mais longos, segundo Borges.

Os fundos também encontram dificuldades em levantar recursos de investidores brasileiros, como fundos de pensão, em razão da “concorrência” com as elevadas taxas de juros do país. “Com a possibilidade de obter um ganho de 15% ao ano com risco soberano, não havia incentivo para o investidor aplicar em private equity”, afirmou o executivo. Com o processo de queda da Selic, a expectativa é que os fundos precisem buscar alternativas que ofereçam um potencial maior de retorno.  Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo Fonte: http://www.valor.com.br/financas/4993536/crise-deve-afetar-venda-de-empresas-por-fundos Leia mais em medialinkblog 06/06/2017

08 junho 2017



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