24 maio 2017

UBS fechou acordo de aquisição de 60% do family office Consenso

Fechou. O banco suíço UBS fechou acordo de aquisição de 60% do family office Consenso, com o qual negociava desde o ano passado. A Consenso, criada em 2003 por ex-sócios do Banco BBA Creditanstalt adquirido pelo Itaú, tem mais de R$ 20 bilhões sob gestão.

Para o UBS, a aquisição dá possibilidade de transcender ao crescimento orgânico, ao qual vinha focando nos últimos quatro anos, diz Sylvia Coutinho, presidente do banco suíço no Brasil. O Estado de S.Paulo - Leia mais em portalnewsnet 24/05/2017
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UBS vai comprar fatia majoritária da Consenso

O UBS Group AG assinou ontem um acordo para adquirir uma participação majoritária no "multi-family office" Consenso, criado em 2003 por ex-executivos do BBA Creditanstalt e que administra cerca de R$ 20 bilhões.

Depois de mais de um ano de conversas, o grupo suíço conseguiu finalmente um atalho para ganhar maior relevância no mercado brasileiro na sua principal área de atuação global. Enquanto no mundo todo o grupo suíço administra cerca de R$ 2 trilhões em recursos de investidores, no Brasil os ativos sob gestão situam-se na casa dos R$ 8 bilhões.

A presidente do UBS no Brasil, Sylvia Coutinho, não deu detalhes sobre os termos da transação, que espera fechar nos próximos dois a três meses, com o negócio, de fato, concretizado no início do terceiro trimestre, mas sujeito a "condições usuais de finalização de acordo", conforme comunicado do banco ao mercado. Em conversa com o Valor, a executiva apenas sinalizou que prevalece a estratégia do UBS de crescer por meio de aquisições no país, embora agora as oportunidades sejam em operações comparativamente menores.

"O Brasil é um dos principais mercados estratégicos para o UBS em termos de mercado emergente, tem o décimo maior 'wealth management' do mundo, o sexto maior em 'asset management', e o banco estava focado em expandir o mais rapidamente possível", afirma. "Investiu na operação orgânica doméstica, mas também vinha buscando um parceiro com alinhamento cultural, e a Consenso era um 'target' natural." De acordo com Sylvia, num primeiro momento tudo fica como está. A Consenso segue no seu endereço na Avenida Cidade Jardim, em São Paulo, e a marca também será mantida. "Depois, vamos avaliar os próximos passos." A intenção, diz, é integrar as equipes do banco e da gestora de patrimônio. A tomada de decisões será compartilhada pelo UBS e executivos fundadores da Consenso num conselho de "joint manager".

Questionada se a Consenso manteria o viés de gestora independente, agora associada a um grupo financeiro do porte do UBS, Sylvia diz que a cultura de relacionamento das instituições com o cliente já é bastante similar. Na oferta de produtos de investimentos a seus clientes, por exemplo, o grupo atua sob o modelo de "arquitetura aberta", em que distribui fundos de diferentes gestores, e o aplicador não precisa ter, necessariamente, uma conta na instituição.

As conversas, conforme o Valor noticiou no início do ano, começaram no fim de 2015, mas vinham esbarrando justamente nas negociações envolvendo a compra do controle da Consenso, de 51%. Outro ponto de divergência dizia respeito ao modelo após uma eventual associação. A gestora não parecia disposta a abrir mão de sua independência e do negócio de gestão de patrimônio propriamente dito, para ficar debaixo de um private banking. A leitura era a de que a transação só sairia se o UBS mantivesse a Consenso como um braço de "wealth management", sem exclusividade na oferta de produtos de investimentos do banco.

"Combinando nossa expertise e reputação local com a posição e força do UBS e mantendo uma bem-sucedida estratégia de arquitetura aberta, que é atualmente seguida por ambas as empresas no Brasil, acreditamos que podemos melhorar significativamente nossa proposta de valor e ampliar nossa atratividade a um maior número de clientes no país", afirmou Luiz Borges, sócio-fundador da Consenso, em comunicado ao mercado.

O Grupo Consenso é composto por duas sociedades operacionais controladas por uma holding e uma empresa de agentes autônomos, enquanto o UBS segue o estilo bancário tradicional, remunerando seus funcionários por meio de salários e bônus. A Consenso distribui participação nos lucros e seus empregados vão, com o tempo, se tornando sócios pelo modelo de "partnership". Os dois sócios controladores, Heinz Jorg Gruber e Luiz Alberto Hess Borges, não tinham, sozinhos, maioria nas votações. Sylvia, do UBS, preferiu não entrar nos detalhes de como será o modelo de remuneração da operação combinada a partir de agora.

De acordo com a executiva, anunciar uma aquisição num momento político e econômico delicado como o vivido pelo Brasil - com o governo de Michel Temer balançado por delação de executivos do grupo JBS e dúvidas sobre a aprovação de reformas - só confirma o relacionamento de longo prazo do grupo suíço com o país. "Em nenhum momento isso pesou na nossa decisão de prosseguir com o deal", afirma.

O histórico do UBS no país tem algumas idas e vindas. Em 2006, o conglomerado fechou a compra do Pactual por US$ 3,1 bilhões, mas em 2009, após o grupo suíço perder cerca de US$ 50 bilhões com a crise global e sucessivos socorros governamentais, vendeu às pressas a operação local ao BTG, de André Esteves, por US$ 1,8 bilhão. O retorno se deu em 2010 com a aquisição da corretora Link, com o plano de ter no país um banco de investimento completo, além das áreas de gestão de fortunas e de recursos de terceiros. A licença bancária só veio em 2013.

Essa é uma das razões para que o rival Credit Suisse tenha conseguido avançar no mercado brasileiro com maior destreza, adquirindo a HedgingGriffo e hoje com um patrimônio na casa dos R$ 100 bilhões na área de gestão de fortunas. Outro suíço que fincou raízes por aqui é o Julius Baer, com aquisição da gestora de patrimônio GPS.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o segmento de private banking no país reunia R$ 863,6 bilhões ao fim de fevereiro. As gestoras de patrimônio, por sua vez, tinham no fim de 2016 R$ 90,1 bilhões. Mas como todo cliente tem conta em algum banco, há sobreposição nesses números.  - Valor Econômico Leia mais em portalnewsnet 24/05/2017



24 maio 2017



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