07 abril 2017

QMS Capital, de ex-Credit, foca em tecnologia e setor imobiliário

À frente das operações de renda variável do Credit Suisse, Marcelo Kayath e Edward Weaver viveram de perto o renascimento e as muitas idas e vindas do mercado de capitais brasileiro nas últimas décadas. Agora, a experiência e a rede de contatos construídas nesse período ajudam a dupla a prospectar investimentos.

Kayath e Weaver deixaram o banco há cerca de um ano e se uniram poucos meses depois para formar a QMS Capital, à qual se referem como uma espécie de "mini private equity". A ideia central é que a empresa funcione como uma estrutura para os ex­banqueiros investirem seu próprio capital. Mas, na prática, eles têm atraído parceiros dispostos a compartilhar suas apostas ­ em geral, fundos locais e estrangeiros conhecidos de longa data.

Os dois, que começaram a carreira no banco Garantia, calculam ter atuado em cerca de 200 ofertas de ações na América Latina, nas quais foram captados US$ 108,5 bilhões. Além dos milhões que renderam aos exbanqueiros, essas operações representam um cartão de visitas na nova fase.

A QMS Capital tem três frentes de atuação: empresas inovadoras em tecnologia, setor imobiliário e, com menor ênfase, assessoria financeira a processos de fusões e aquisições e ofertas de ações.

No primeiro caso, já foram feitos aportes na "fintech" de empréstimos on­line GeRu, na plataforma de gerenciamento de informações baseadas em "big data" Neoway e na companhia de software para clínicas e hospitais Vitta.

"Além de investir, assessoramos as empresas e, dependendo do caso, podemos atuar no conselho", afirma Kayath. Participar diretamente da gestão, de acordo com ele, não é uma regra.

No setor imobiliário, o objetivo é sobretudo investir em recebíveis. Para isso, a QMS Capital firmou uma joint venture com a MaxCap, dos empresários José Paim de Andrade Jr. e Victor Kupfer, e com a securitizadora Fortesec.

Batizada de Habitat Capital Partners, a companhia está em fase de estruturação de um fundo de R$ 1 bilhão para comprar esses papéis. Em casos específicos, créditos não honrados ou com problemas também poderão ser adquiridos. "Com as taxas de juros negativas em alguns países, investidores estrangeiros estão à procura de 'yield' [rendimento]", afirma Weaver.

Embora os investimentos em empresas e no setor imobiliário sejam o foco, foi a área de assessoria financeira que fez o nome da dupla voltar a circular pelo mercado. No início do ano, Kayath foi nomeado conselheiro especial da General Atlantic (GA) na América Latina e recebeu a missão de aconselhá­la no IPO da XP Investimentos, da qual a gestora de fundos de private equity é acionista.
"Não é nossa atividade principal, mas algumas companhias têm nos procurado e podemos oferecer uma visão independente da dos bancos de investimento", afirma Kayath.

Quando deixou o Credit, ele era o chefe de renda fixa e ações para a América Latina. Também havia sido corresponsável pelo banco de investimentos da instituição no país. Weaver, por sua vez, era corresponsável por renda variável na América Latina.

Ambos deixaram o Credit Suisse em meio a mudanças profundas no perfil global da instituição sob o comando do executivo­chefe, Tidjane Thiam. Na reestruturação desenhada por ele, a casa volta a apostar suas fichas mais no private banking que no banco de investimentos.

No Brasil, o Credit Suisse encolheu e, no ano passado, a Operação Lava­Jato respingou no então responsável pela área de renda fixa, Sergio Firmeza Machado ­ filho do ex­presidente da Transpetro Sergio Machado. O exexecutivo negou ter cometido irregularidades para se beneficiar e isentou o Credit, mas fez delação premiada.

Kayath e Weaver não fazem comentários sobre o banco.
Em breve, a QMS vai se mudar para um novo escritório no Itaim, mais amplo que a sala atual que ocupa no mesmo bairro paulistano. Os executivos, no entanto, dizem não ter planos de crescer muito. A ideia é manter a leveza de tocar um negócio sem compliance de um banco. O objetivo principal dos sócios é investir o patrimônio que acumularam na carreira. "No começo, não tínhamos dinheiro e depois não podíamos investir por causa das regras do banco", diz Kayath.

Em meio à vontade de botar os novos planos de pé, os executivos tiveram um sabático curto, de poucos meses. Violonista prodígio e concertista premiado na década de 80, Kayath aproveitou o período para lançar um disco ­ seu primeiro em 25 anos.  - Valor Econômico Jornalista: Talita Moreira e Carolina Mandl Leia mais em portal.newsnet 07/04/2017

07 abril 2017



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