16 dezembro 2016

Chineses, grupo português e Caio estão interessados na compra da Busscar, diz jornal

Busscar Ônibus da Busscar. Empresa pode voltar em 2017
Todas as companhias querem fazer com que a encarroçadora de Joinville volte a produzir em 2017. Chineses e portugueses ofereceram valor maior que os brasileiros, mas justiça desconfia

Um grupo de investidores brasileiros, contando com a Caio, fabricante de carrocerias de ônibus em São Paulo, a empresa portuguesa Imparável Epopeia UniPessoal Ltda e o grupo chinês Liaoyuan Group estão interessados na compra da encarroçadora de ônibus Busscar, que teve falência decretada em 2013 e confirmada em 2014 após ter recurso negado pela Justiça.

As informações foram trazidas pelo colunista Cláudio Loetz, do Diário Catarinense.

Apenas o grupo brasileiro é que apresentou proposta efetiva de compra da encarroçadora, mas os investidores internacionais devem fazer a formalização em breve, ainda neste mês (Veja abaixo).

Tanto o grupo brasileiro como os internacionais querem fazer com que a Busscar volte a produzir ônibus urbanos e rodoviários em 2017.

No caso de uma das propostas ou as duas serem aceitas pela justiça, por conterem valores superiores ao apresentado pelo grupo brasileiro, devem provocar a realização de um leilão, conforme prevê o edital.

Conforme mostrou o Diário do Transporte, a Justiça aceitou o prosseguimento da proposta de R$ 67,15 milhões do grupo brasileiro pelas três unidades fabris da Busscar. O valor compatível aos 49% da avalição inicial exigidos pela Justiça – (R$ 133.151.088,11).

A compra se daria em 52 parcelas: entrada de 14%, o que equivale a R$ 9,4 milhões, e o restante, R$ 57,74 milhões corrigidos por índice determinado pelo Tribunal de Justiça.

Neste ano, houve três tentativas de leilão de todo o conjunto dos bens e plantas e com a possibilidade também de aquisição de forma isolada, mas não houve apresentação de propostas.

A aceitação não significa que a compra esteja aprovada e sim que os termos da proposta seguem o que foi determinado pelas regras do edital.

Ainda de acordo com a coluna, o juiz da 5ª Vara Cível, Walter Santin Junior, disse que os investidores internacionais propuseram valores bem superiores ao do grupo brasileiro. No entanto, ainda precisam confirmar e provar o interesse pelos bens da Busscar.

A empresa chinesa, por exemplo, apresentou o maior valor: R$ 160 milhões em parcela única para ficar com todo patrimônio da massa falida da Busscar, as duas unidades das fábricas de Joinville e a do Rio Negrinho, além dos bens gerais e equipamentos.

Já o grupo europeu propôs pagamento R$ 73.542.236,13.

Os chineses e os portugueses têm até o dia 27 deste mês para apresentarem a proposta formal e os documentos exigidos pela justiça.

No caso da Liaoyuan Group, a justiça desconfiou do valor muito alto e pede documento emitido pelo governo chinês garantindo que o negócio pode ser realizado de fato. O juiz também quer o estatuto social ou documento equivalente do grupo chinês e um documento oficial que revela composição societária e a procuração para representantes do negócio no Brasil.

A Liaoyuan Road Construction Machinery Co. atua em diversos ramos na Ásia e tem atividades no Brasil nas áreas de energia e portos.

Já os portugueses representam um grupo suíço de investimentos e querem investir em transportes e energia no Brasil.

Nenhum deles atua no ramo de carrocerias e ônibus, mas querem contratar profissionais do mercado brasileiro.

BREVE HISTÓRICO:

A Busscar foi fundada oficialmente como Nielson no dia 17 de setembro de 1946, com iniciativa de Augusto e Eugênio Nielson que começaram uma pequena oficina em Joinville, atuando na construção de móveis e utensílios e fazendo reparos em carrocerias de caminhões e cabines. Em 1948, a Nielson fez seu primeiro veículo de transporte coletivo, uma jardineira – ônibus simples feito de madeira. O veículo da Nielson foi uma encomenda da empresa Abílio & Bello Cia Ltda, que fazia a linha Joinville – Guaratuba, em Santa Catarina.

Foi na época do surgimento empreendimento dos Nielson, que o Brasil começava assistir mais intensamente o crescimento das cidades e também das relações comerciais entre as diferentes localidades. Tudo isso demandava uma maior oferta de transportes. Assim muitos empreendedores compravam chassis de caminhão, como da Ford e da GM, e precisavam transformá-los em ônibus para enfrentar as difíceis estadas de terra e verdadeiros atoleiros. Nesta época, a Nielson & Cia Ltda. tinha o comando do patriarca da família, Bruno, e do filho Harold.

Em 1958, um dos marcos para a Nielson foi o projeto de estrutura metálica para os ônibus.

No início dos anos de 1960, ganhavam as estradas os modelos Diplomata, carroceria de dois níveis que lembravam os Flxibles norte-americanos que, quando foram importados pela Expresso Brasileiro Viação Ltda eram chamados de Diplomata. A Nielson então conquistava definitivamente o mercado.

Nos anos de 1980, Nielson cresce mais e no segmento de rodoviário travava disputa acirrada com a Marcopolo e no segmento urbanos, a briga era com a Caio, praticamente de igual para igual.

A linha Diplomata tinha recebido novas versões e o Urbanuss ganhava atenção dos frotistas.

Por uma estratégia de negócios, a Nielson mudou a marca para Busscar. Inicialmete a marca foi conhecida como Busscar-Nielson. Surgiram os rodoviários El Buss e Jum Buss  e os urbanos da linha Urbanuss.

Em 2002, a Busscar começa enfrentar dificuldades financeiras. A família Nielson alegava problemas motivados pela variação cambial e também dificuldades de créditos, mas já havia também erros administrativos internos. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social chegou a realizar empréstimos para empresa, que não foram plenamente honrados. A recuperação não foi plena, havendo novamente outro problema financeiro em 2004. A última crise da Busscar começou em 2008, quando a empresa começou a atrasar salários.

Depois de uma dívida que se aproximou de R$ 2 bilhões, contando juros, impostos e débitos com fornecedores, trabalhadores e bancos, a empresa teve a falência decretada em 27 de setembro de 2012 pelo juiz Maurício Cavalazzi Povoas. A decisão, no entanto, foi anulada em 27 de novembro de 2013, após recursos judiciais. No entanto, os recursos caíram em 5 de dezembro de 2013. A família Nielson chegou a apresentar um novo pedido de recuperação judicial, mas o juiz Luis Felipe Canever, de Santa Catarina, após negativa por parte dos credores, decretou no dia 30 de setembro de 2014, nova falência da encarroçadora de ônibus Busscar, que já foi uma das maiores do Brasil.

Os negócios continuam na América Latina com a atuação em parceira de outros grupos, com destaque para as operações na Colômbia.

A Busscar Colômbia foi formalizada no ano de 2002 sendo fruto de uma aliança entre a indústria local Carrocerías de Occidente, empresa fundada em 1995, e a Busscar Ônibus do Brasil, fundada pela família Nielson em 17 de setembro de 1946.

Foram várias tentativas de leilão da Busscar, três somente em 2016. No dia 8 de julho, terminou sem lance o terceiro leilão da empresa.

No final de outubro de 2016, foi apresentada uma proposta  de compra por R$ 67,15 milhões por um grupo de investidores com o objetivo de retomar as produções em meados de 2017.

Em dezembro do mesmo ano, foi liberado um lote de R$ 18 milhões para saldar parte das dívidas trabalhistas.

Também em dezembro de 2016, dois grupos internacionais, o portuguêsa Imparável Epopeia UniPessoal Ltda e o chinês Liaoyuan Group demonstraram interesse na compra da Busscar. Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes Leia mais em diário do transporte 15/12/2016

16 dezembro 2016



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