25 novembro 2016

Gigante chinesa compra Concremat por R$ 350 milhões

A gigante chinesa Communications Construction Company (CCCC) comprou 80% do capital da brasileira Concremat Engenharia por R$ 350 milhões. O negócio foi aprovado ontem, sem restrições, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão de defesa da concorrência, apurou o Valor junto a fonte próxima da negociação.

O conglomerado chinês, com negócios em infraestrutura, equipamentos pesados e serviços de dragagem, estava em busca de uma empresa de engenharia para ter as certificações e tocar projetos no Brasil - onde pretende investir US$ 1 bilhão no médio prazo.

Além dessa aquisição, focada na área de engenharia, a CCCC continua interessada em entrar na construção pesada. Por isso, mantém conversas com a construtora Camargo Corrêa, que busca um parceiro ou a alienação do ativo.

No país, o grupo chinês tem como assessor financeiro o Banco Modal. Procurada, a instituição não se manifestou sobre a aquisição. A Concremat Engenharia confirmou, em nota, que assinou documento preliminar para "uma eventual integração de suas atividades de engenharia, meio ambiente e laboratório às atividades da China Communications Construction Company (CCCC) no Brasil". O grupo conta ainda com a Concremat Manutenção e Saybolt Concremat.

A receita líquida consolidada da Concremat Engenharia e Tecnologia S.A. em 2015 foi de R$ 931,5 milhões, queda de 8,4% sobre o ano anterior. O lucro líquido cresceu 12,2%, para R$ 36,3 milhões, na mesma base de comparação. O grupo tem mais de 65 anos e sede no Rio de Janeiro, com filiais em nove capitais brasileiras.

Entre os vários mercados em que atua está o de transportes, no qual realiza estudos preliminares e de viabilidade, projetos conceituais e planos diretores, projetos básicos e executivos, supervisão e gerenciamento de obras e programas de investimentos. Também tem experiência no setor de saneamento, com a elaboração de projetos e gerenciamento de obras de grande porte para a Sabesp, em São Paulo, e para a Copasa, em Minas Gerais.

No mercado de petróleo e gás, a Concremat se autointitula a principal fornecedora de estudos, projetos e gerenciamento no segmento de distribuidoras de gás natural no Brasil. Entre os serviços prestados estão o gerenciamento e a fiscalização da construção de embarcações de apoio marítimo para as atividades de óleo e gás, assim como o gerenciamento de grandes plantas petroquímicas.

Foi a Concremat que gerenciou a obra da ciclovia "Tim Maia", no Rio, que desabou no primeiro semestre deste ano. A empresa, contudo, reforça que não é construtora. Mas, sim, presta serviços de engenharia consultiva e desenvolve estudos para projetos.

A CCCC desembarcou recentemente no Brasil com a compra de parte do projeto da WPR, o braço de infraestrutura da WTorre, no projeto do porto privado multimodal de São Luís (MA) - conforme antecipou o Valor.

A CCCC é a maior empresa de infraestrutura da China. Além de construir, opera ativos em outros países. No fim do ano passado tinha US$ 150 bilhões investidos em concessões de infraestrutura de transportes - de empreendimentos prontos aos ainda em construção.

O conglomerado tem capital misto, mas o controle é estatal e está listado na Bolsa de Hong Kong. Em 2015, obteve receita equivalente a US$ 120 bilhões, sendo US$ 20 bilhões do braço internacional.

No primeiro semestre, inaugurou em São Paulo o escritório da CCCC South America Regional Company, holding 100% da CCCC criada para cuidar exclusivamente de negócios na América do Sul, onde o grupo asiático quer ter maior presença.

Hoje, a região responde por 1% do faturamento do braço internacional do grupo. A companhia tem projetos na Argentina, no Peru e na América Central, mas o maior potencial de crescimento é no Brasil. Até se tornar sócia da WPR no projeto do porto de São Luís, a CCCC atuava no país fornecendo equipamentos e serviços de suas subsidiárias, com a ZPMC, maior fabricante de guindastes portuários - responsável por 75% do mercado mundial -, e a Shanghai Dredging Co., dona de uma das maiores frotas de dragas. A empresa já trabalhou nos portos de Santos, Paranaguá e Rio de Janeiro. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 25/11/2016


25 novembro 2016



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