11 novembro 2016

BR Pharma encolhe enquanto negocia venda

A Brasil Pharma, que está reduzindo de tamanho desde o ano passado, registra no balanço os efeitos desse encolhimento e, especialmente, a sua dificuldade para operar enquanto outros ativos ainda não foram vendidos. Com sérias restrições de caixa, faltam produtos nas lojas (como medicamentos de marca), com reflexo direto sobre as vendas. De julho a setembro, a receita líquida caiu 60% – ao se excluir do cálculo duas redes de farmácias vendidas, a queda é de quase 43%. No ano, a redução é de 30%.

A empresa, controlada pelo BTG Pactual, continua em negociação para se desfazer de suas redes Sant’Ana e Big Ben, conforme o Valor já informou. O grupo já vendeu as redes Mais Econômica e Rosário. A Extrafarma está há pelo menos, cinco meses, em negociações para a aquisição da Big Ben, e segundo uma fonte, também foi oferecida à empresa a Sant’Ana, cadeia de drogarias com 121 lojas e atuação na região Nordeste. Apenas com a venda da rede Big Ben, com 258 lojas, o BTG espera embolsar entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão.

O que se verifica, pelo balanço, é que com o passar dos meses, as negociações com potenciais interessados passaram a envolver um negócio menor, com valores em estoques reduzidos, e operações mantidas com investimentos que caíram quase à metade – de R$ 7,5 milhões de julho a setembro do ano anterior para R$ 4,3 milhões.

É um cenário que, até determinado momento, pode ser interessante para quem tem interesse em ficar com os pontos ou alguma das marcas da empresa – considerando a desvalorização do ativo – mas que, ao se prolongar, passa a afetar a própria capacidade de recuperação dos negócios à venda, na visão de analistas do setor.

Do capital total, 96% está nas mãos de empresas ou fundos ligados ao BTG Pactual. Dificuldades de integração das redes, falhas na gestão do negócio e aumento na alavancagem afetaram a operação anos atrás, obrigando uma reestruturação iniciada em 2014.

Em teleconferência com analistas sobre o balanço ontem, a empresa informou que o nível de estoques caiu mais no terceiro trimestre – a queda contínua ocorre desde fim de 2015 e está em 30% do valor que era há um ano – com efeito sobre vendas. Isso decorre de restrições financeiras que a companhia tem com fornecedores e alguns bancos. “Houve uma piora no dinamismo comercial da empresa”, que reduziu o mix de medicamentos de marca, disse Leonardo Campos, diretor financeiro.

O peso dos genéricos nas vendas também não cresceu e a companhia tem comercializado cada vez mais produtos de higiene, perfumaria e cosméticos – a participação desses itens representou 41% no mix de vendas em setembro (era 37% há um ano) em parte pelo problema mencionado pelo executivo. O valor do tíquete médio caiu – excluindo as redes vendidas, passou de quase R$ 41 para R$ 31 neste intervalo de um ano.

De julho a setembro, aumentou o déficit em capital de giro da empresa. Ele era negativo em 8 dias em junho e fechou setembro num negativo de 24 dias, mostrando que a operação não tem gerado caixa e o capital está vindo de terceiros. O giro de estoques foi de 71 dias, 9 a menos que no trimestre anterior, e o giro de fornecedores aumentou 8 dias em relação ao segundo trimestre devido às renegociações com fornecedores.

A empresa diz que continua atrás de alternativas para reforçar o capital de giro – o que é interpretado pelo mercado como a venda de ativos – e ainda informou que vai transferir estrutura administrativa de Brasília para Belém. Em julho, empresa emitiu R$ 377 milhões em debêntures, sendo que quase R$ 300 milhões foram para pagamento de dívidas com quatro bancos, apurou o Valor.

Em termos consolidados, a empresa registrou perda de R$ 138 milhões de julho a setembro, pouco mais do que o dobro do ano anterior (ao se descontar as duas redes vendidas, a perda subiu 85%). A receita líquida caiu 60,3%, para R$ 348,4 milhões.

Outros dois grupos do setor de farmácias publicaram resultados nos últimos dias, com números positivos. A operação de varejo da Profarma, com 280 lojas, registrou receita bruta de R$ 198 milhões de julho a setembro, avanço de 3,7%. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação subiu 188%. Maior rede do país, a Raia Drogasil apurou alta de 40% no lucro, para R$ 117 milhões, e as vendas líquidas aumentaram pouco mais de 24%, para R$ 2,9 bilhões.  Fonte: Valor Online Leia mais em panoramafarmaceutico 11/11/2016

11 novembro 2016



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