03 setembro 2016

Galvão retoma venda de CAB Ambiental

Depois de algumas tentativas fracassadas de vender sua participação na CAB Ambiental, a Galvão Participações retomou os esforços para alienar sua fatia da companhia a partir da contratação do banco Santander para conduzir o processo, segundo o Valor apurou.

Em recuperação judicial desde março do ano passado, a Galvão Participações detém 66,58% do capital social da empresa de saneamento, que foi um dos  ativos disponibilizados para levantar recursos e quitar parte dos créditos devidos pelo grupo Galvão.

No fim do ano passado, foram realizadas duas tentativas de venda das ações por meio de um leilão coordenado pelo juiz da recuperação judicial, mas ambas terminaram sem propostas válidas. Depois disso, a Galvão tentou coordenar a alienação sozinha, mas fracassou novamente.

Um dos problemas apontados na época por interessados era o preço. A leitura era de que o valor mínimo fixado, de R$ 600 milhões, era muito elevado.

Quando o juiz retirou a obrigatoriedade de preço mínimo para o certame, ficou o receio de finalizar a compra sem anuência formal dos credores, que haviam concordado com o preço inicial.

Desde então, a situação da CAB Ambiental se deteriorou. Além de restrição de crédito, uma de suas principais concessões, a CAB Cuiabá, sofreu intervenção do poder municipal, que identificou diversos indícios de irregularidades na operação. Tudo isso tem impacto no preço das ações da Galvão na CAB Ambiental.

Outro ponto que deve afetar o valor de aquisição é o fato de o endividamento da empresa estar crescendo, ao mesmo tempo em que compromissos de investimento são postergados. O agravamento dessa situação é visto por alguns investidores como algo que poderia acabar empurrando a própria CAB Ambiental para uma recuperação judicial. Na avaliação de dois interessados no ativo ouvidos pelo Valor, o valor do capital da empresa já estaria comprometido.

Ainda assim, há interessados. A Aegea, que está acompanhando o processo desde o início, já disse que continua no páreo, e a GS Inima também já confirmou o interesse. As duas mantêm conversas com os credores da CAB para reestruturar a dívida da empresa no caso de troca de controle. Fundos de private equity voltados para ativos de infraestrutura também têm interesse pelo ativo.

Sem fixar um modelo para a venda da CAB Ambiental, o Santander deixou os interessados livres para fazerem propostas no formato que mais lhes interesse.

Algumas ofertas, por exemplo, podem pedir a segregação da concessão de Cuiabá, dada a incerteza que ronda o ativo.

Do fim do ano passado ao fim de março, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda da companhia foi de 7,35 vezes para 7,43 vezes. A dívida líquida, no mesmo período, cresceu 1,7%, somando R$ 1,15 bilhão.

A empresa ainda não divulgou as demonstrações referentes ao segundo trimestre deste ano, segundo ela, devido a atraso no recebimento das informações da subsidiária de Cuiabá.

Além da Galvão, a CAB tem como acionista o BNDESPar, com 33,42% de participação. Por enquanto, porém, a venda se concentra na fatia da Galvão. Procurados pela reportagem, o BNDESPar e o grupo Galvão não comentaram o assunto.  Por Victória Mantoan e Carolina Mandl Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon 02/09/2016


03 setembro 2016



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