05 agosto 2016

Light avalia venda de ativos para Aliança

A Light estuda a venda de seus ativos de geração para a Aliança Energia, empresa de 1.158 megawatts (MW) em capacidade total instalada que tem como sócios a mineradora Vale e a Cemig, segundo o Valor apurou com fontes próximas à companhia. A transação reduziria o nível de alavancagem da Light, além de transformá-la em uma empresa focada na distribuição de energia.

Do lado da Aliança, os ativos de geração de energia da Light podem levá-la a alcançar um porte suficiente para realizar, em breve, uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), o que também colabora para a redução do endividamento que Cemig e Vale já colocaram em marcha.

Em termos de capacidade de geração, a Aliança ficaria com um tamanho parecido com a AES Tietê, que encerrou o dia ontem com um valor de mercado de R$ 6,95 bilhões.

O Valor apurou que caso a alienação dos ativos da Light para a Aliança se concretize, alguns bancos já sinalizaram a disposição em financiar essa compra. Sem endividamento, a Aliança seria uma companhia com forte geração de caixa, um perfil que atrai as instituições financeiras, especialmente num cenário de risco de crédito mais elevado como o atual.

Outras opções para a venda dos ativos de geração da Light, no entanto, ainda não estão descartadas. A companhia do Rio de Janeiro avalia, por exemplo, oportunidades de venda de seus ativos de geração separadamente, como é o caso da participação de 15,68% na Renova Energia, operação para a qual a Light já contratou um banco.

Os planos da distribuidora fluminense incluem a venda de sua participação na Amazônia, joint venture criada com a Cemig e que detém 9,77% de participação na Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, com 11.233 megawatts (MW) de capacidade instalada.

Além das participações na Renova e em Belo Monte, a Light possui um parque hidrelétrico no Rio de Janeiro que soma 855 MW, formado por cinco usinas.

Entre 2016 e 2019, a empresa deve ganhar mais corpo em geração, já que 587 MW de capacidade instalada em projetos de expansão devem ficar prontos.

A estratégia da Light é vender ativos que não façam parte da sua atividade principal, a distribuição de energia para a região metropolitana do Rio de Janeiro. A orientação da empresa é reduzir seu nível de alavancagem.

No ano passado, a companhia estourou os limites de dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e precisou renegociar as cláusulas de dívida com bancos.

De acordo com o resultado do segundo trimestre divulgado quarta-feira pela companhia, a relação dívida líquida/Ebitda, para efeito das cláusulas passou de 4,24 vezes em março para 3,98 vezes em junho, dentro do limite de 4,25 vezes, acordado com as instituições financeiras.

Ontem, a ação da empresa subiu 9%, para R$ 15,50, com um volume financeiro quase duas vezes maior que o de quarta-feira.

Do lado das sócias da Aliança, a situação também não é das mais tranquilas. A Vale anunciou que pretende reduzir seu endividamento em US$ 10 bilhões em 18 meses, em um plano que inclui a venda de ativos em áreas como carvão, fertilizantes, minério de ferro, navegação e energia.

A estatal mineira Cemig tem mais de R$ 11 bilhões em dívidas vencendo até 2018 e um programa de investimentos significativo. No fim de março, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Cemig tinha subido para 4,39 vezes, ante 2,4 vezes no fim de 2015. (Colaboraram Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte, e Camila Maia, de São Paulo) Por Carolina Mandl e Rodrigo Polito Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon 05/06/2016

05 agosto 2016



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