19 agosto 2016

Empresas estrangeiras se preparam para retomada da atividade brasileira

As empresas estrangeiras estão mais otimistas em relação ao Brasil e já se preparam para o momento de retomada da atividade econômica. A avaliação delas é que o ritmo de recuperação deve ser rápido.

A diretora da GAC Group no Brasil, Norma Garcia, afirma que cresceu muito o interesse de empresas francesas no País. A GAC Group presta consultoria nas áreas tributária, de funding (financiamento) e inovação para companhias que querem abrir negócios no Brasil.

Ela conta que, até julho deste ano, a consultoria conseguiu faturar o mesmo valor apurado em todo o ano de 2015. Isso representou uma alta de 20% na receita bruta da GAC Group, do final de 2015 a julho de 2016.

Norma diz que as áreas de maior interesse dos estrangeiros no Brasil são energia, saneamento básico, farmacêuticas, seguros e softwares.

Há 80 anos no Brasil, a francesa Saint-Gobain está mais positiva em relação ao Brasil, já que se aproxima o momento de definição na política, com a finalização do processo de impeachment [até o dia 31 de agosto], o que, consequentemente, levará ao endereçamento de medidas na área econômica.

"As coisas estão voltando à normalidade e começamos a reabrir projetos que estavam parados e a colocá-los na mesa", relatou Thierry Fournier, presidente do grupo industrial Saint-Gobain no Brasil, em um almoço promovido pela Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB-SP). Ele pondera que apenas aguarda o final de agosto para avaliar encaminhamentos nos projetos de expansão de capacidade.

Já os investimentos em aumento de produtividade continuam. Essa foi a estratégia escolhida pela Saint-Gobain para atravessar a crise no Brasil, além da realização de aquisições. "Já compramos quatro empresas neste ano", afirma Fournier, acrescentando que o grupo trabalha para adquirir mais duas ou três companhias.

Recuperação

O presidente da Saint-Gobain avalia que o setor de infraestrutura será fundamental na retomada da atividade e, por isso, aposta em um programa de parcerias público-privadas no setor após a definição do cenário político brasileiro.

Para o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, a infraestrutura é setor que mais tende a prosperar nos próximos meses, caso a agenda macroeconômica que está sendo proposta pelo presidente interino Michel Temer seja colocada em prática. "Essa agenda tende a aumentar a previsibilidade de médio e longo prazo das empresas estrangeiras no Brasil", diz ele, ao se referir à expectativa de maior segurança jurídica nos contratos de concessão em infraestrutura.

Barros afirma ainda que percebe uma mudança no humor dos estrangeiros em relação ao Brasil. Segundo ele, as companhias estão "bem mais otimistas" hoje do que em 2015.

"Nós estamos identificando muitos casos de negócios que estão retomando investimentos, porque avaliam que a ociosidade será reduzida muito rapidamente. Portanto, elas estão se antecipando, fazendo investimentos e se preparando para o fim da redução dessa ociosidade", relata Barros.

Para o economista-chefe do Bradesco, a recuperação da atividade econômica é óbvia e está em curso. "A partir do terceiro trimestre de 2016, a gente já vê uma pequena recuperação cíclica, apontando para um crescimento da ordem de 1,5% do PIB [Produto Interno Bruto]. Para 2018, nós trabalhamos com 3% de crescimento. Temos pares no mercado que estão com perspectivas mais ambiciosas que a nossa, do Bradesco", complementa.

Segundo Barros, outro ponto de vantagem para o Brasil é a alta liquidez presente no mundo. "Os estrangeiros estão desesperados em busca de rentabilidade e o Brasil é capaz de oferecer ativos lucrativos", destaca ele, pontuando que as fusões e aquisições estão "crescendo muito" no Brasil.

Indústria

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, também estava presente no almoço da CCFB, e afirmou que o ano de 2016 ainda será muito difícil para a indústria. "Nós teremos ainda uma redução do PIB industrial. Ele vai cair mais um pouco, mas a expectativa é de um horizonte melhor para 2017", ressaltou o representante da confederação.

Ele disse ainda que está com o "pé atrás" com relação à expectativa de crescimento da economia projetada pela equipe econômica do governo interino para 2017 ( 1,6%). "Eu não tenho muita certeza se isso vai acontecer. Se o PIB de 2017 expandir até 1% já está muito bom, porque a expectativa [da CNI] ainda é de redução no indicador", afirmou.

Andrade destacou que a presença das empresas francesas sempre foi muito forte e que estas não pararam de investir mesmo na crise. DCI Leia mais em portal.newsnet 19/08/2016

19 agosto 2016



0 comentários: