07 julho 2016

Sete companhias disputam a Liquigás

Sete empresas estão no páreo pela compra da distribuidora Liquigás, um dos principais ativos do plano de desinvestimentos da Petrobras. O Valor apurou que a lista inclui desde as principais companhias do setor, como o Grupo Ultra (Ultragaz) e a holandesa SHV (Supergasbras), até empresas interessadas em entrar no mercado brasileiro de gás liquefeito de petróleo (GLP), como a Gávea Investimentos e a turca Aygaz.

A Nacional Gás e a Copagaz, por sua vez, formaram um consórcio para participar da negociação, enquanto a paulista Consigaz corre por fora, disse uma fonte a par do assunto. A Petrobras está oferecendo 100% de sua participação na Liquigás, num processo avaliado no mercado em cerca de R$ 1,5 bilhão e coordenado pelo Itaú BBA.

Como a estatal detém participação de mercado de 21,86%, atrás apenas da Ultragaz (23,5%), começam a surgir algumas contestações quanto a um possível aumento na concentração do mercado, caso a Liquigás seja, de fato, vendida para suas principais concorrentes - Supergasbras (20,4%) e Nacional Gás (19,4%) possuem fatias próximas da subsidiária da Petrobras.

A Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR) entrou recentemente com uma ação preventiva no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) alertando para os ricos de concentração do mercado. Os impactos da possível venda da Liquigás estarão, também, na ordem do dia de uma audiência pública, hoje, na Câmara dos Deputados.

"Há um risco iminente de caminharmos para uma monopolização. A Liquigás sempre teve um papel importante de balizador dos preços do GLP no mercado, e isso deve se perder", comentou o presidente da Asmirg, Alexandre Borjaili, que também alerta para os riscos de demissão no setor.
"Uma grande empresa que já atua no mercado não vai manter duas bases num mesmo Estado", exemplificou.

A expectativa no mercado é que as grandes companhias, como Ultra e SHV, tenham condições de apresentar as ofertas mais atraentes, devido aos ganhos de sinergia com a futura aquisição. Para o consultor Paulo Barata Ribeiro, ex-diretor da Minasgá s e do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás), no entanto, a venda da Liquigás para algumas de suas principais concorrentes "certamente" encontrará resistências no Cade. "É um problema de difícil solução", disse o consultor.

Dados do Sindigás mostram que a Ultragaz pode ampliar para 45% sua fatia de mercado com a compra da Liquigás, aumentando para cerca de 25 pontos percentuais a diferença de sua fatia de mercado para a Supergasbras. No caso da SHV, a participação de mercado poderia atingir 42%.

O consultor José Tavares Araújo, ex-Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, comenta que a estabilidade das margens de distribuição do setor prova que a situação do mercado, hoje, é equilibrada. Ele adverte, no entanto que uma venda integral da Liquigás para uma de suas concorrentes pode significar num "ganho de poder de mercado" por alguma das empresas. "Ou resultará no veto do Cade ou na necessidade de venda de ativos por parte da empresa que comprar a distribuidora da Petrobras" comenta.

Uma fonte especialista no setor de GLP explica, contudo, que a estratégia de "fatiar" ativos no setor, para satisfazer eventuais imposições do Cade, é uma tarefa operacionalmente complexa.
"As marcas da distribuidora ficam impressas no botijão e, pelas regras, cada empresa só pode encher seu próprio cilindro. Se uma empresa, para atender ao Cade, vender parte dos ativos Liquigás que ele comprou, quem se responsabilizaria por esse botijão? Em alguns lugares, haveria botijões com marca Liquigás que pertenceriam a uma companhia e outros botijões com mesma marca que pertenceriam a outra. Uma confusão operacional, uma peculiaridade complexa desse mercado", disse.

Procuradas, a Nacional Gás, a Gávea Investimentos e a Supergasbras preferiram não comentar o assunto. Aygaz, Copagaz e Consigaz, por sua vez, não retornaram. Já o grupo Ultra respondeu que "analisa continuamente oportunidades em todos os seus mercados de atuação".  - Valor Econômico


07 julho 2016



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