12 julho 2016

IPO de Furnas pode render até R$ 10 bi

A venda de uma fatia do capital da elétrica Furnas , subsidiária do grupo Eletrobras, pode render de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. O valor corresponde a um percentual de até 49% da empresa, cuja proposta para abertura de capital da estatal foi, enviada pelo presidente da empresa, Flavio Decat, ao ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho. A proposta, com data de maio, foi elaborada pela gestora de recursos 3G Radar, e foi obtida pelo Valor.

Para alcançar a ponta superior do intervalo bilionário, contudo, seria necessária uma reforma do estatuto para introduzir regras que melhorem a governança, entre elas a indicação de diretores contratados no mercado e a negociação das ações no ambiente do Novo Mercado da BM&FBovespa, entre outras medidas, segundo a proposta. A avaliação é de que o preço obtido será maior à medida que o mercado financeiro seja capaz de medir as melhorias na gestão da estatal de energia elétrica.

O "preço base" de 100% do valor de mercado projetado para Furnas que tem capital fechado é de R$ 15,9 bilhões, considerando valores de maio de 2016, podendo chegar a R$ 20 bilhões se as condições de mercado forem favoráveis no cenário otimista, portanto. Mesmo o valor "base" da avaliação da empresa já superava o valor de mercado da Eletrobras na bolsa também em maio, que era de R$ 11,5 bilhões. Na sexta-feira, depois de mudanças regulatórias e de comando anunciadas pelo governo, a capitalização da Eletrobras em bolsa já havia subido para R$ 20,5 bilhões. Convém ressaltar que o estudos da 3G

Radar têm como referência a data de maio, sem capturar efeitos que já fizeram subir as cotações das ações da sua controladora.

A União tem 67% do capital da holding estatal. Outros 32,8% estão no mercado, incluindo as ações negociadas na BM&FBovespa, Bolsa de Nova York (NYSE) e na Bolsa de Madri. A Eletrobras por sua vez, controla Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Eletronuclear e a CGTEE, além de deter 50% de Itaipu Binacional e ainda seis distribuidoras estaduais de energia nas regiões Norte e Nordeste do país (Ceal, Cepisa, Ceron, Eletroacre, Boa Vista Energia e Amazonas Energia).

Considerando participações diretas e indiretas, no Brasil e no exterior, o grupo Eletrobras tinha no ano passado participação em 178 Sociedades de Propósito  Específico (SPEs), segundo as demonstrações financeiras da estatal. Desse total, Furnas tem participação minoritária em 57 empreendimentos, que incluem as hidrelétricas Santo Antônio, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará, entre outros.

Na avaliação da 3G Radar, somente as participações de Furnas em SPEs valem R$ 3,3 bilhões. Recentemente o governo informou que as participações da Eletrobras nas SPEs foram avaliadas em R$ 20 bilhões e podem ser vendidas. Portanto, não é claro a manutenção desses ativos com Furnas considerando os planos de venda do governo.

Sem as SPEs, o preço de avaliação de Furnas cairia para R$ 12,6 bilhões, valor maior do que os R$ 11,5 bilhões de valor de mercado atribuídos à Eletrobras pela 3G Radar. Isso é um demonstrativo de que a situação da holding é tão complicada que ela "afunda" a avaliação de suas controladas, como nota um executivo ouvido pela reportagem.

O modelo de abertura do capital de Furnas desenhado por demanda do atual presidente da estatal que já entregou o cargo mas ainda permanece a pedido do ministro prevê que a oferta das ações seja feita em duas etapas, para capturar a valorização após as mudanças na governança da empresa. Na primeira a proposta é que sejam vendidos 30% do capital da companhia, e na segunda etapa seriam oferecidos outros 19%.

Para melhorar a governança também são propostas ações como a nomeação de pessoas com experiência empresarial comprovada para o conselho de administração da estatal, e que no mínimo 30% dos membros sejam independentes e com poder de vetar questões relacionadas à estrutura de governança e compromissos empresariais. Também é sugerida a criação de comitês de apoio ao conselho, para tratar de questões específicas envolvendo governança; finanças e gestão; recursos humanos; auditoria e compliance; novos negócios e gestão das participações.

Para aumentar a atratividade da empresa também foram incluídas no estudo da 3G Radar ações como a criação de uma política de distribuição de no mínimo 50% dos resultados como dividendos; criação de metas de crescimento e de rentabilidade; e limites para o endividamento; além de uma política de remuneração variável associada ao cumprimento de metas operacionais financeiras e de gestão.

Essas mudanças, segundo o Valor apurou, poderão sinalizar ao mercado uma guinada na gestão da estatal, o que seria o ponto de partida para uma avaliação melhor do preço da companhia pelos agentes do mercado de capitais. Procurada, Furnas informou que se trata ainda de um estudo interno da companhia.   Por Cláudia Schüffner  Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon 12/07/16

12 julho 2016



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