18 julho 2016

Com compra da Scalina, Lupo se iguala à Marisa em moda íntima

Com a aquisição da Scalina, dona das marcas Trifil e Scala, a Lupo passa de terceira a segunda maior companhia de moda íntima do país. Dividirá a posição com a Marisa, de acordo com dados da empresa de pesquisas Euromonitor Internacional. A DeMillus lidera a categoria, com 4% de participação nas vendas totais.

Na sexta-feira, a Lupo informou a aquisição da Scalina, por valor não revelado. A transação ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O valor do acordo não foi divulgado. A ideia é manter as marcas adquiridas separadas. A Scalina opera com 100 lojas de franquia no país, e a Lupo, com 320 lojas. Ambas vendem seus produtos também em lojas multimarcas.

O mercado de moda íntima movimentou R$ 15,6 bilhões no Brasil no ano passado, com crescimento de 4,3% em receita. Até agora, a Lupo era a terceira maior do segmento, com 2,3% de participação nas vendas, seguida pela Scalina, com 1,3%. Com a união das empresas, a Lupo passa a ter 3,6% do mercado, mesma fatia da Marisa, que ocupa o segundo lugar. Com um concorrente a menos, a Hope, que estava em quinto, sobe uma posição, mas fica num distante quarto lugar, com 1,2% das vendas.

A Riachuelo e a Renner também competem no mercado de moda íntima, mas com participações menos expressivas. A Riachuelo é a nona colocada e a Renner é a décima, segundo os dados de 2015.

Marcelo Prado, diretor da consultoria Iemi Inteligência de Mercado, observou que a Scalina tem muitas operações complementares às da Lupo e poucas linhas concorrentes, o que pode favorecer a expansão do negócio da Lupo no mercado interno nos próximos anos.

"As marcas Trifil e Scala são bem reconhecidas no mercado. Além disso, o grupo Scalina possui uma fábrica bastante moderna em Itabuna, na Bahia, que pode ser aproveitada pela Lupo. Com o negócio, a Lupo 'compra' participação de mercado e novos nichos de atuação", afirmou Prado.

Na visão do analista, a piora no desempenho financeiro da Scalina nos últimos anos deveu-se principalmente a falhas na gestão e a disputas entre os sócios, que culminaram no aumento do endividamento e na consequente decisão de venda da companhia.

O grupo Scalina encerrou o ano de 2015 com um endividamento de R$ 162,5 milhões. Entre os seus credores estão Itaú Unibanco, Santander Brasil e Banco do Brasil.

A receita líquida da Scalina apurada no ano passado foi de R$ 259,9 milhões, com queda de 23% em comparação a 2014. As despesas operacionais foram de R$ 96,3 milhões, com redução de 37% no período. O prejuízo líquido foi de R$ 75,7 milhões, ante perdas de R$ 61,4 milhões registradas no ano anterior.

A Scalina pertencia ao Carlyle Group, ao empresário Artur Grynbaum (sócio e presidente do grupo Boticário) e à família Heilberg, fundadora da empresa - cada um com participação de 33,3% no capital. A empresa possui unidades em Guarulhos (SP) e Itabuna (BA), com duas fábricas, 2,7 mil funcionários, 15 mil clientes de varejo multimarcas e 100 lojas de franquia.

A Lupo, por sua vez, vende para 27 mil clientes multimarcas e possui 320 lojas franqueadas, além de fábricas em Araraquara (SP). A companhia emprega 5 mil funcionários. No ano passado, a Lupo registrou uma receita líquida de R$ 573,3 milhões, com incremento de 0,8% em relação a 2014. O lucro líquido no período foi de R$ 74,2 milhões, com alta de 8,5% sobre 2014. O endividamento geral da Lupo é de R$ 98,4 milhões, mas a companhia fechou o ano passado com geração de caixa livre de R$ 38,1 milhões.

A finalização da compra ainda depende de aprovação do Cade e outros requisitos que terão de ser colocados em prática pelas companhias. Procuradas, as empresas não quiseram detalhar quais são as outras condições determinantes no negócio. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 18/07/2016

18 julho 2016



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