04 julho 2016

Bertelsmann vai investir em universidades no Brasil

No momento em que o setor de educação se movimenta com a proposta de fusão de Kroton e Estácio, o grupo de mídia alemão Bertelsmann quer garantir um espaço no segmento de universidades no país. A expectativa é que até agosto a companhia anuncie a compra de participação minoritária relevante em uma instituição local. Será o primeiro de uma série de investimentos do tipo que a companhia pretende fazer no Brasil.

Segundo Marc Puskaric, que assumiu o cargo de diretor-geral da Bertelsmann no Brasil em janeiro, o alvo são instituições familiares com foco nas áreas de medicina e saúde. O executivo ressalta, no entanto, não ter intenção de entrar na disputa por negócios de maior porte com os grandes grupos, mas procurar operações de nicho.

"Se a família quiser um parceiro que não quer impor uma marca, um estilo de gestão e manter o legado, nós queremos ser a opção", disse o executivo ao Valor. A área de educação voltou ao centro das atenções da Bertelsmann no ano passado, com a criação de uma divisão específica. A companhia havia deixado o segmento no começo dos anos 2000.

Os recursos para as aquisições virão de um dos dois fundos que a companhia tem com a Bozano Investimentos. O Bozano Educacional II tem R$ 800 milhões em recursos, sendo 40% aportados pela Bertelsmann.

Em junho do ano passado, este fundo Bozano II comprou 40% da Affero Lab, de educação corporativa. O Valor apurou, à época, que o preço foi de R$ 90 milhões.

O segundo fundo é o BR Education Ventures, que tem R$ 100 milhões para aplicar em startups de tecnologia do segmento educacional. O fundo já investiu em três startups.

Além desses dois fundos com a Bozano, a companhia tem recursos em dois dos mais atuantes fundos de investimento em startups do país: Monashees e Redpoint e.ventures.


A compra de participações minoritárias faz parte da estratégia que a Bertelsmann vem colocando em prática desde que abriu um escritório próprio no Brasil em 2012. Até então, a companhia vinha atuando no país há quatro décadas por meio de subsidiárias como a empresa de serviços Arvato e a produtora de conteúdo Fremantle.

De acordo com Puskaric, comprar fatias minoritárias é uma forma de conhecer o mercado e se integrar a ele. A expectativa do diretor-geral é que em até três anos a Bertelsmann faça novos investimentos para se tornar a controladora dos negócios. "A alta gestão [da companhia] defende o investimento no Brasil. A crise é grave, a retomada não será rápida. Mas os fundamentos que justificaram o investimento em 2012 continuam firmes", afirmou.

O escritório no Brasil foi o último de cinco unidades instaladas ao redor do mundo para apoiar a expansão da companhia além da Europa e para novas áreas de atuação. A operação demandou investimento de € 356 milhões no ano passado, uma leve melhora em relação aos € 372 milhões aplicados um ano antes.

O resultado operacional (Ebitda) melhorou 9%, para €76 milhões. A estratégia dos centros de operações, como são chamados os cinco escritórios, permitiu que as receitas internacionais subissem de 20% em 2012 para 35% do total em 2015.

No plano de crescimento desenvolvido pelo presidente mundial Thomas Rabe - que assumiu em janeiro de 2012 e acaba de renovar seu contrato para mais quatro anos à frente das operações -, a companhia já investiu em mais de 100 startups ao redor do mundo e retomou os negócios de educação, de gerenciamento de direitos autorais na área de música (com a BMG) e constituiu uma joint venture com a Pearson para criar a Penguin Random House.

Controlada pela família Mohn, e com quase 120 mil funcionários em 50 países, a Bertelsmann registrou receita de € 17,1 bilhões em 2015, alta de 3%, com lucro líquido de € 1,1 bilhão - um salto de 94%.

No Brasil, as operações cresceram com os investimentos no segmento de educação e também com outras operações como a compra de 40% da editora Companhia das Letras pela Penguin Random House, e da companhia de recuperação de crédito Intervalor pela Arvato.

A BMG começou a atuar no país neste ano e o programa de talentos "The X Factor" terá sua primeira edição local exibida pelo SBT no 2º semestre.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 04/07/2016

04 julho 2016



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