06 junho 2016

SES adquire operadora de satélite O3b

A SES, uma das maiores operadora de satélites de comunicação do mundo, com sede em Luxemburgo, adquiriu a totalidade das ações da O3b, empresa de satélites holandesa da qual já era sócia, com 50,5% de participação. Pelos 49,5% restantes das ações, a companhia concordou em pagar US$ 750 milhões. A conclusão do negócio ainda depende da aprovação de órgãos reguladores nos países onde as empresas atuam.

Para completar a transação, a SES fez um aumento de capital no valor de € 908,8 milhões (cerca de US$ 1 bilhão), na bolsa de Luxemburgo e na Euronext Paris. A SES e a O3b mantêm operações no Brasil.

Com a capitalização, além de pagar a aquisição, a SES vai quitar US$ 300 milhões de um total de US$ 1,2 bilhão de dívida que assumiu com a compra da O3b, segundo Jurandir Pitsch, vice-presidente de vendas da SES para América Latina Sul. A dívida foi contraída principalmente para construção da infraestrutura de rede da O3b, empresa ainda jovem, com apenas seis anos.

A O3b nasceu como uma startup em Haia, com aportes de vários investidores, entre eles a SES, o Google, o banco de investimentos HSBC e a Liberty Media, maior distribuidora de conteúdo de TV nos EUA. Como único investidor da área de satélites, a SES foi elevando sua participação, que passou dos cerca de 20% iniciais para 49,5% em abril e 50,5% em maio.

Na sexta-feira, a SES anunciou o preço de uma oferta de títulos híbridos inaugural na bolsa de Luxemburgo e na Euronext Paris. A companhia fez um acordo para vender € 750 milhões em títulos a uma taxa fixa de 4,625%.

A transação é considerada estratégica e importante no longo prazo pela SES, além de completar o aumento de capital. Parte substancial dos recursos será usada para refinanciar a dívida da O3b, bem como débito da SES com maturidade para o segundo semestre do ano. A operação foi coordenada pelo J. P. Morgan, BNP Paribas e HSBC Morgan Stanley.

Dona de 53 satélites geoestacionários (que ficam em um ponto fixo em relação à Terra, distantes 36 mil km), a SES vai adicionar à sua frota outros 12 da O3b. Esses são de órbita média, a 8 mil km do planeta. Por estarem mais próximos, são adequados para serviços de voz e internet, porque ocorre menos latência (tempo de resposta) na comunicação.

Quanto mais baixo, menos visibilidade o satélite tem da superfície da Terra, o que requer maior número de artefatos para formar uma rede que dê visão total. O geoestacionário vê um terço da superfície. Então, são necessários no mínimo três satélites para cobrir o planeta. Na prática, as operadoras contam com dezenas ou centenas de equipamentos para elevar a capacidade disponível no mercado.

Na órbita média, o satélite tem visibilidade de 45 graus latitude Norte-Sul e requer no mínimo oito artefatos. A constelação da O3b é escalável e conta com 12 satélites. Entre 2017 e 2019 serão lançados mais oito, já contratados e em fabricação, segundo Pitsch.

A constelação da O3b foi desenhada para serviços de "trunking" - colocar altas capacidades de internet em certos pontos no espaço e redistribuir para provedores terrestres, em ilhas, plataformas de petróleo, torres de operadoras de telefonia móvel e navios, como o Royal Caribbean, entre outros. "No passado era difícil colocar grande capacidade de internet em navios porque era caro, mas agora, com preço menor, colocamos 500 megabits [de velocidade] num navio desses", disse o executivo.

A O3b começou a operar no Brasil em 2015. Tem centro de comunicação em Campinas (SP) e escritório no Rio de Janeiro. A integração das empresas vai facilitar a combinação de serviços híbridos para clientes, com uma só interface, disse Pitsch, e reforçar os serviços de vídeo e dados, além de ampliar a sinergia comercial e financeira das empresas.

Entre os segmentos que a SES atende está o de operadoras de TV paga que levam o sinal de satélite até a casa do cliente. A tecnologia é conhecida como direct-to-home (DTH). Com a operadora Oi em sua carteira, o executivo disse que o mercado não está crescendo por causa da crise macroeconômica. "Mas estamos surpresos porque [o número de clientes] não está caindo. Isso mostra que as pessoas cortam outros custos, mas mantêm o entretenimento em casa."

Da base total de 18,9 milhões de assinantes de TV paga no país no primeiro trimestre do ano, a maior fatia, de 57,5%, é DTH, um recuo de 3,3 pontos percentuais. A Oi se manteve estável, com fatia de 6,2% na comparação anual. Na tecnologia por cabo houve avanço de 2,9 pontos, para 41,5%.

A receita da O3b prevista para 2016 é de US$ 100 milhões, o dobro de 2015. Embora o valor seja reduzido, Pitsch lembra que a empresa é quase uma startup e ainda começa a operar em várias regiões.

Já a receita global da SES atingiu € 2 bilhões em 2015. Para 2016, a meta é crescer entre 2% e 3%, sem considerar as receitas da O3b e da israelense RR Media, recém-adquirida por US$ 242 milhões e ainda não integrada.  Por Ivone Santana | Valor economico Leia mais em aesp 06/06/2016


06 junho 2016



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