14 abril 2016

Vulnerabilidade das empresas cresce no Brasil, aponta FMI

Com destaque sobre o Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou nesta quarta-feira seu relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial com fortes alertas para a deterioração da situação global, que vê seus riscos financeiros subirem com a maior volatilidade internacional e com a queda de atividade na China. O documento aponta que, neste cenário, empresas brasileiras ficam mais expostas e isso pode começar a se refletir no sistema financeiro nacional, até então saudável.

"Regionalmente, no entanto, as empresas brasileiras se destacam por sua maior alavancagem e seus custos de juros mais altos. A queda em suas rentabilidades tem sido mais acentuada, bem como, especialmente entre as empresas mais fracas", afirma o documento.

O FMI lista como problemas para aumentar a exposição das empresas brasileiras a prolongada recessão doméstica, a queda dos preços dos produtos exportados, e a piora do mercado financeiro, que afetam a "saúde" das empresas nacionais, começando a respingar nos balanços dos bancos, considerados sólidos. O documento lembra que o Brasil vive uma forte desaceleração do crédito nos últimos anos, piorando o cenário.

Apesar disso, o estudo aponta que os bancos brasileiros estão bem provisionados para casos de aumento de calotes e que não há riscos de liquidez. O FMI recorda que as instituições financeiras brasileiras continuam a se basear fortemente em financiamento interno.

"No entanto, uma recessão prolongada, juntamente com maior taxas de juros, aumento do desemprego, e queda dos lucros corporativos vão colocar pressão sobre o equilíbrio dos bancos", diz o relatório, que já destaca um aumento de atrasos de pagamentos em setores como financiamento agrícola, cheque especial e cartões de crédito.

O relatório de 118 páginas ainda lista o Brasil como um dos países afetados pela forte queda do preço do petróleo, que gerou uma grande retração de investimentos no país e tornou a Petrobras mais exposta a um grande endividamento.

"No Brasil, por exemplo, o perfil adverso da dívida soberana, a pressão fiscal e a recessão têm contribuído para o aumento do spread (diferença entre taxas) do crédito da Petrobras", afirma.

A mudança no perfil do crescimento da China, que causou em grande medida a redução dos preços das commodities, também impactaram o Brasil.

O documento aborda ainda os caminhos que o Brasil precisa fazer para reduzir sua vulnerabilidade, já assinalada pelas agências de classificação de risco que tiraram do país, nos últimos meses, o selo de "bom pagador". Para o Fundo, o país precisa restaurar sua sustentabilidade fiscal, com uma consolidação orçamentária estratégica que reduza as pressões por alta de despesas. Essas medidas, embora tenham impacto negativo no curto prazo, podem ajudar na "necessária reviravolta" da confiança para a retomada do crescimento econômico do país.

De maneira geral, o documento aponta que desde outubro aumentou os riscos para a estabilidade financeira global. Nas economias desenvolvidas isso ocorreu por causa que as expectativas de crescimento seguem piorando e aumentam as incertezas e a redução da confiança de empresários e consumidores. Se os problemas se concretizarem, o crescimento global acumulado de agora a 2021 será 3,9% menor do que o estimado anteriormente pelo FMI.

A volatilidade dos mercados globais, principalmente por causa das variações dos preços dos petróleo e de outras matérias-primas, aumentaram as incertezas, que  cresceram com os riscos de uma contaminação por causa da transição do modelo econômico chinês, até então muito dependente de investimentos externos para exportações. E, neste cenário, os bancos tendem a ficar mais cautelosos, ampliando os riscos para quem precisa de financiamentoAgência O Globo Fonte: Jornal do Comércio Leia mais em sinicon 13/04/2016

14 abril 2016



0 comentários: