11 abril 2016

Nufarm, de defensivos, ajusta foco no mundo e avalia aquisições no Brasil

Para o CEO Greg Hunt, desafio é buscar produtos com aplicações globais

A Nufarm, multinacional australiana de defensivos agrícolas e sementes, está empreendendo uma mudança significativa em sua estratégia de atuação global, reforçando as bases para uma elevação de 4% a 5% em suas vendas mundiais por ano até 2018. O plano é manter o mesmo nível de investimentos anual – pouco mais de US$ 75 milhões -, mas fechar o foco dos aportes em culturas e mercados específicos, em um movimento que tende a favorecer a operação da companhia no Brasil, onde aquisições estão no radar.

"É uma estratégia simples, uma mudança sobre como alocamos capital. Nossa visão fundamental é que podemos gerar melhores retornos tendo um foco com mais profundidade e menos amplitude", diz Greg Hunt, CEO da Nufarm, que está capitaneando a reorientação da empresa desde que assumiu o posto, há um ano. O desafio, conforme o executivo, é atuar de forma mais centralizada e buscar produtos com aplicações globais.

Sediada em Melbourne, a Nufarm está presente em mais de 100 países, tem 18 unidades industriais – uma delas no Brasil, em Maracanaú (CE) -, e ocupa a oitava posição entre as maiores empresas de defensivos do mundo. A companhia tem uma divisão de sementes de sorgo, girassol e canola, mas 94% da receita está concentrada em proteção de cultivos. No ano fiscal encerrado em julho de 2015, a Nufarm registrou vendas de 2,74 bilhões de dólares australianos (US$ 2,07 bilhões), e a América do Sul respondeu por 27% das vendas de agroquímicos.

Na nova estratégia, a Nufarm elegeu países em quatro mercados: América do Norte (EUA e Canadá), Europa (Alemanha, Polônia e França), América Latina (Brasil e Argentina), além do bloco de Austrália e Nova Zelândia, onde é líder. Nessas regiões, foram escolhidos cinco grupos de culturas: soja, milho, pastagem, cereais e um grupo que engloba hortifrútis, café e citros. A companhia continuará nos demais mercados, mas com menor ênfase.

"Temos mais de 200 ingredientes ativos, o que também é resultado de tentarmos ser todas as coisas, para todos os públicos, em centenas de mercados. Agora, com o foco em culturas-chave, os países [no centro do plano] terão representantes que indicarão no quê investir", explica. Dos 100 milhões de dólares australianos investidos por ano pela Nufarm, cerca de 40% são destinados à ‘defesa’ do portfólio e os outros 60% a novas soluções.

Conforme Marcos Gaio, diretor-geral da Nufarm para a América Latina, já há uma lista de projetos com escopo global. Como está entre os mercados prioritários e é importante produtor das culturas selecionadas pela Nufarm, o Brasil tende a adquirir protagonismo ainda maior na companhia. A empresa tem atuação mais forte em herbicidas e detém cerca de 4% do mercado de agroquímicos no país. Mas a meta é crescer a taxas de dois dígitos nos próximos cinco anos. "O Cerrado é nossa área mais importante em vendas, mas estamos avançando rapidamente em soja, no Sul", diz Luciano Daher, diretor-presidente da Nufarm no Brasil.

No curto prazo, a Nufarm não prevê a expansão da fábrica em Maracanaú, mas está atenta a aquisições e parcerias com empresas mais ao sul. Nesse sentido, prevê que oportunidades em agroquímicos e sementes apareçam com a rodada de consolidação em curso no setor – Dow e DuPont já anunciaram uma fusão, e a Syngenta está indo para as mãos da ChemChina.

Como uma empresa de produtos pós-patente, a Nufarm pesquisa novas formulações de agroquímicos genéricos, mas também trabalha com "descobridoras", especialmente asiáticas, cuidando de levar ao mercado novas moléculas que essas companhias criam. No Brasil, a Nufarm espera obter nos próximos dois a três meses o registro de um defensivo contra ervas daninhas resistentes ao glifosato, feito em parceria com a Sumitomo.

Mas, para Hunt, produtos são apenas "uma perna da cadeira". Mesmo diante de concorrentes "muito grandes e capazes", ele acredita no apuro do serviço aos clientes como uma diferenciação importante. "Temos um plano muito, muito claro. E eu não tenho certeza que alguns de nossos competidores têm um plano muito claro sobre o que querem fazer", conclui. Fonte : valor econômico Leia mais em alfonsin 11/04/2016

11 abril 2016



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