03 fevereiro 2016

Anglo American tenta vender seus negócios no Brasil, incluindo Sistema Minas-Rio

Na semana passada quando o blog informou aqui sobre a suspensão temporária das atividades da empresa finlandesa Wärtsilä, junto ao Porto do Açu, fontes ligadas à empresa FerroPort, joint-venture entre as empresas Prumo e Anglo American, no "Sistema Minas - Rio" para exportação de minério de ferro pelo porto, repassaram informações sobre as preocupações com a manutenção dos negócios, diante da relação entre o preço no mercado internacional x custos de extração e logística, com a entrega de minério de ferro pela empresa, em outros continentes.

As informações falavam da hipótese de demissões de trabalhadores e de negociação da empresa, ou mesmo suspensão temporária das atividades. No mercado de minério se sabe que a paralisação das atividades tem um custo enorme que pode interferir na retomada do negócio adiante.

Fato é que ontem, o blog do Ancelmo Gois hospedado no Globo deu a nota abaixo:

"Bye, bye, Brasil"
"A mamute e centenária mineradora Anglo American receberá propostas, dia 15, para vender todos os ativos no Brasil, e não só os de fosfato e nióbio.
Estão à venda: Minas Rio, de minério de ferro; Barro Alto, de níquel; e Coperbras, de fosfato e nióbio.
Negócio de US$ 3 bilhões.

"Tombo bilionário...
Só a Minas Rio, que a Anglo comprou de Eike Batista, em 2007, deve ter enterrado uns US$ 15 bi."

Hoje, outra fonte do blog nos enviou publicação do site internacional, especializado em mineração "Mining", que aprofunda a informação sobre a venda dos ativos da Anglo American no Brasil, inclusive com a informação sobre o interesse especial da BHP Billiton (sócia da Samarco junto da Vale) nos negócios de Nióbio da Anglo American no Brasil.

Em resumo o Mining dise que:
1) Na semana passada, a Anglo já havia afirmado que estava revendo sua estratégia de produção para o Minas-Rio visando garantir custos operacionais mais baixos, sem dar mais detalhes, ou mencionar quaisquer potenciais planos para vender o ativo. Sobre o assunto disse ainda que a mina tinha sido afetada por atrasos e custos suplementares desde Anglo comprou por US$ 5,5 bilhões em duas etapas em 2007-2008 da MMX, do empresário Eike Batista.

Mina em Conceição do Mato Dentro, MG. Foto Mining.com
2) O porta-voz da empresa disse Mining.com que a Anglo iria definir os seus planos detalhados de carteira em meados de fevereiro e que neste intervalo, seria errado especular sobre o assunto, acrescentando ainda que a empresa não faria mais comentários sobre o assunto.

3) A BHP estaria entre os licitantes nas minas de nióbio e fosfato da Anglo que estaria mais propenso segundo relatos locais em fazer venda completa destes ativos, em vez de dividi-los. A Anglo American é o segundo maior produtor mundial de nióbio, material usado em ligas de alta temperatura para motores a jato e aço leve para carros. A mina onde a Anglo faz a extração de nióbio Usina Boa Vista está localizada em Goiás valeria US$ 325 milhões e produziu 2.934 toneladas de nióbio no primeiro semestre de 2015.

4) A Anglo American já se desfez de outros negócios em diversas partes do mundo, entre estes: minas de cobre no Chile, ativos de carvão na Austrália e platina na África do Sul. Além disso, no mês passado, a empresa também concluiu a sua saída do Oriente Médio ao realizar a venda de seu negócio de Tarmac para Colas Moyen Orient, uma subsidiária da empresa de engenharia e construção francesa Bouygues Grupo.

5) A Anglo American planeja consolidar seus negócios em três das seis unidades que possui atualmente. O presidente-executivo Mark Cutifani prometeu em dezembro que a Anglo seria "uma empresa muito diferente" depois avançar com o seu plano de reestruturação, chamado "de portfólio radical de reestruturação. Tal reorganização incluiria a redução da sua força de trabalho total de 135.000 para apenas 50.000 em 2017".

Base operacional da FerroPort (Anglo + Prumo) no Porto do Açu:
Unidade de filtragem, secagem e correia para exportação no Terminal 1
Enfim, resta saber até onde a Anglo encontrará interessados na venda dos "ativos" em minério de ferro do Sistema Minas-Rio que além da mina, no município de Conceição de Mato Dentro, MG, possui um mineroduto e uma unidade de filtragem, secagem e embarque junto ao Terminal 1 do Porto do Açu.

Pelos relatórios da Prumo, os investimentos da Anglo American, só no Porto do Açu, somaram R$ 3,3 bilhões. Segundo a Anglo American o potencial de exploração da mina é de 5,8 bilhões de toneladas de minério de ferro

Desde o primeiro embarque no final de 2014, mais de 40 embarques de navios graneleiros com minério de ferro teriam sido feitos no Terminal 1 do Porto do Açu. Só em 2015, a Prumo diz que foram exportados mais de 6 milhões de toneladas, de um universo anual previsto para 26,5 milhões de toneladas. A conferir!

PS.: Atualizado às 12:10: Com alguns outros dados sobre a Anglo American e com o comentário abaixo.

Este tipo de movimento faz parte do que chamamos de "Geografia das Corporações" previsto dentro dos grandes ciclos econômicos e vinculados aos ciclos das commodities. Estes agem sobre o espaço, constituindo circuitos espaciais de produção que, como este, possui bases em MG e Rio, que se constituem nos investimentos em capital fixo sobre o território.

Este movimento é manejado pelas corporações que manipulam o capital, cada vez mais controlado pelos grandes fundos financeiros (bancos de investimentos). Momentos como este de colapso dos ciclos é quando se faz o recolhimento do excedentes, que assim voltam a ser centralizados, em oligopólios e monopólios.

As comunidades e regiões, são quando muito, detalhes ou apêndices, pouco interferindo no processo, embora muitíssimo impactado por todos estes movimentos, que geram desde os conhecidos problemas sócio-ambientais à especulação econômica que tudo encarece. Os poucos empregos que atendem aos trabalhadores das comunidades locais são os mais facilmente retirados, quando da ocorrência desta fase de colapso dos ciclos. Leia mais em blogdorobertomoraes 02/02/2016

03 fevereiro 2016



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