25 janeiro 2016

Em Davos, 'Brasil pela metade do preço' atrai interesse de investidor

Quando estava no carro em direção a Davos, o empresário americano George Logothetis recebeu um telefonema do diretor de seu Libra Group no Brasil. Ele informava que tinha fechado enfim o acordo para construir um hotel numa das principais capitais do país por US$ 24 milhões. "É o projeto que custava US$ 55 milhões três anos atrás?", indagou o empresário. O funcionário confirmou, explicando que o Brasil estava agora pela metade do preço.

Em Davos, à margem do Fórum Econômico Mundial, o encontro anual da elite econômica e política do planeta, a percepção  comum foi de um Brasil barato, devido à enorme desvalorização do real, e com um dos maiores leques de oportunidades entre os emergentes.

"O investimento em dólar ficou baixo e estamos olhando mais negócios no Brasil'', disse Logothetis ao Valor. Seu grupo, controlado pela família, de origem grega, tem interesse em transporte marítimo, aviação, hotéis e energia. No Brasil, tem projeto de US$ 300 milhões para construção de dez hotéis com seu parceiro Hyatt, três deles em construção. O grupo quer entrar na área de energia solar, "perseverando" depois de não ter conseguido ganhar leilões.

Como Logothetis, há os que querem acelerar, como uma empresa indiana que se prepara para comprar uma fábrica de insumos agrícolas, e outros que esperam o real se desvalorizar mais. "Os primeiros [na corrida] são os fundos de private equity, que têm sócios locais para buscar empresas baratas no Brasil'', afirma Ricardo Villela Marino, vice-presidente do Itaú Unibanco, afirmando que toda crise gera oportunidade.

O empresário mexicano Alejandro Ramirez, presidente da Cinepolis, uma das maiores companhias de salas de cinema do mundo, diz estar atento à expansão no Brasil, onde já tem 320 salas. E observa: ''O câmbio está tão favorável que estou achando que paguei caro no passado pelo negócio lá no Brasil".

Também Randall Stephenson, presidente global da AT&T, maior empresa de telefonia dos Estados Unidos, lamentou, em rodas de empresários, que seu ativo no Brasil tenha perdido valor rapidamente. AT&T comprou a DirecTV por US$ 49 bilhões, no ano passado, e entrou na DirecTV Latin America, controladora da Sky, a segunda maior rede de TV paga do Brasil, que agora pesa menos no balanço da companhia americana.

Para Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco, o Brasil também atrai, apesar das incertezas do momento, porque, depois da China, é o emergente que tem a maior de diversificação setorial. "Isso estimula o investimento estratégico de médio e longo prazo", disse.

Ele nota que as fusões e aquisições têm sido a área "mais vibrante" no Brasil nos últimos tempos. É algo que surpreendeu Martin Sorrell, presidente-executivo da WPP, e o levou a indagar ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa se o governo estava preocupado com uma mudança de atitude de empresários brasileiros, de zelosos de sua independência a dispostos, agora, a vender o negócio. A própria WPP comprou na semana passada o Grupo Máquina, quarta maior empresa de
relações públicas do Brasil.

"Esse é o lado positivo do câmbio atual, que torna os ativos mais atraentes e incentiva os investimentos externos", respondeu Barbosa. Segundo o ministro, há espaço tanto para brasileiros como para estrangeiros. "O Brasil tem tradição de tratar bem os investimentos externos. Estamos trabalhando para gerar mais oportunidades de investimentos, é o que precisamos."

Nesse cenário, o departamento econômico do Bradesco prevê entrada de US$ 50 bilhões de Investimento Estrangeiro Direto (IED) este ano, ante US$ 58 bilhões em 2015. Será muito mais que suficiente para financiar o déficit externo, que o banco projeta em US$ 8 bilhões (0,5% do PIB). O Bradesco utiliza metodologia diferente (BPM5) da usada pelo Banco Central (BPM6), por considerar que é a única aceitável para analisar fluxos. Por Assis Moreira | De Davos Fonte Valor econômico    Leia mais em sinicon 25/01/2016 

25 janeiro 2016



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