09 dezembro 2015

País vive recessão sem precedentes, diz economista do BofA Merrill Lynch

País vive recessão sem precedentes, diz economista do BofA Merrill Lynch

O Brasil enfrenta a mais longa recessão da história e sem sinais de reversão desse quadro, segundo David Beker, chefe de economia e estratégia no Brasil do Bank of America Merrill Lynch.

"Nem na Grande Depressão [de 1929], quando tivemos duas quedas consecutivas do PIB, ocorreu algo dessa magnitude, com dois anos de mais de 3% [de recuo do produto]", diz. Beker projeta declínio de 3,3% do PIB em 2015 e de 3,5% em 2016.

"Vemos queda em todos os trimestres do ano que vem, menos no último, quando [a economia] começará a melhorar. Mas, olhando hoje, parece mais um desejo. O risco é de piorar ainda mais [as duas estimativas]."

A economia nunca esteve tão alavancada quanto hoje, lembra. "Não podemos dizer como será essa desalavancagem porque nunca ocorreu no Brasil, mas vimos em outros países que [o endividamento] gera um PIB maior na alta e um menor na baixa." A deterioração econômica tem sido muito rápida, assinala.

"O desemprego, que dobrou em pouco tempo, deverá continuar subindo até a metade do ano que vem. Está quase em uma fronteira, em que não gera mais inflação. Ela deverá cair para 6,4% em 2016, sem contar a Cide, que está ficando mais provável [e que elevaria o IPCA]."

Além da queda da inflação e dos juros, que deverão encerra 2016 em 12.75%, Beker lista a desvalorização do real entre os fatores positivos.

"O câmbio é o instrumento que temos para mudar esse modelo de crescimento. Ele voltou um pouco, o que foi ruim." O banco projeta um câmbio de equilíbrio em R$ 3,85 no ano que vem.

"Deverá fechar 2016 em R$ 4,5." Boa notícia mesmo é a procura de investidores estrangeiros por ativos no Brasil. "O telefone não para. Digo que o cenário está ruim e eles contam que têm horizonte de dez anos. Muitos negócios já saíram."

Quanto à perda do grau de investimento, já retirado pela S&P, não deverá tardar em outras duas agências de rating, que focam no comportamento da dívida pública.

"A Moody's havia dito que o início do processo de impeachment geraria incerteza. É provável que mude a perspectiva para negativa no curto prazo e tire o grau até a próxima visita ao país, em meados de 2016. Na Fitch, o rebaixamento poderá ocorrer já no primeiro trimestre" (Folha de S.Paulo, 9/12/15) Leia mais em brasilagro 09/12/2015

09 dezembro 2015



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