12 novembro 2015

Fundos de investimento mantêm planos para o Brasil

Um ponto negativo da crise para o ecossistema brasileiro de start-ups é a diminuição do apetite de investidores-anjo. Por conta da recessão, muita gente que antes estava disposta a investir em start-ups, agora não quer se arriscar e prefere opções mais cautelosas, como fundos de renda fixa, relatam fontes ouvidas por MOBILE TIME.

"Em momentos de crise, fica separado claramente o investidor que está por convicção e o que está por oportunidade. Em época de crescimento todo mundo vira investidor-anjo ou investidor em ações. Quando a curva vira e entramos em retração, quem não tinha muita convicção sai fora", descreve Cássio Machado, um dos fundadores da aceleradora WOW.

"Os investidores-anjo diminuíram seus investimentos, mas não foi por causa da crise. Foi porque acabou o 'boom dos apps'. O mercado ficou muito mais coerente, não existem mais 'loucuras' para investir em uma start-up", comenta Maurício Lima, cofundador do fundo Invest Tech.

Fundos de venture capital

Por outro lado, os fundos de venture capital já estabelecidos no País se mantêm firmes em seus planos de negócios. A Redpoint eventures investiu em sete novas start-ups brasileiras este ano, mais do que fizera em 2014, quando realizou aporte em cinco.

O Invest Tech, por sua vez, investiu R$ 100 milhões em três start-ups em 2015: a Aker Security, de segurança digital; a e-Construmarket, um e-commerce B2B de construção e arquitetura; e uma terceira do setor de serviços cujo nome não pode ser divulgado ainda.

Carlos Krokon, vice-presidente da Qualcomm Ventures no Brasil, confirma essa tendência: "Vamos seguir investindo. O cenário macroeconômico não nos preocupa no momento." A Qualcomm Ventures tem em seu portfólio empresas como 99Taxis e Loggi.

Ao mesmo tempo, a desvalorização do Real torna o mercado brasileiro mais atraente para a entrada de novos fundos internacionais de venture capital. Algumas fontes acreditam que isso possa ajudar start-ups brasileiras que estejam chegando a uma fase mais madura e requeiram rodadas de investimento mais robustas. Por outro lado, o câmbio pode retardar algumas saídas para investidores internacionais.

Programas de fomento

Paralelamente, há um interesse maior por parte de governos estaduais e municipais em estimular o nascimento de start-ups. No Rio de Janeiro, o Startup Rio é considerado um programa prioritário do governo estadual, cujo orçamento está mantido para este e para os próximos anos, independentemente do corte de gastos exigido pela crise. Serão até R$ 5 milhões distribuídos para 60 ideias por ano.

"Estamos muito empolgados com esse projeto. Em nenhum momento cogitamos um corte", garante o secretário estadual de ciência, tecnologia e inovação do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca. Por trás do programa está o desejo de diversificar a economia fluminense, tornando-a menos dependente da indústria de petróleo, explica o secretário. Os resultados com a primeira turma ficaram acima do esperado: em apenas um ano, das 50 ideias escolhidas, 24 viraram protótipos e 11 estão faturando.

O governo federal, através do Ministério das Comunicações, realizou este ano uma segunda edição do Inovapps, um concurso para estimular a criação de aplicativos de utilidade pública.

E o governo de São Paulo realizou este mês a primeira edição do Pitch Gov, evento para estimular soluções digitais para a administração pública, que contou com inscrições de 304 start-ups.

Bolha de aceleradoras?

Do lado das aceleradoras, há um processo de reformulação e consolidação em andamento. Há quem acredite que houve um excesso de aceleradoras no Brasil, o que ocasionou o fechamento ou a reestruturação de algumas este ano. "Chegou num ponto em que havia mais aceleradoras do que o País suportava", comenta Machado, da WOW.

Amure Pinho, presidente da ABStartups, discorda que houvesse um número excessivo de aceleradoras. O problema era que muitas seguiam o mesmo modelo. Agora, ele percebe um movimento de diversificação, com aceleradoras se especializando em nichos específicos, ou em novos formatos de aceleração. Uma das tendências que ele enxerga é o de uma aproximação de grandes empresas com o ecossistema de start-ups, desempenhando o papel de aceleradoras. É o caso da Cisco, em seu centro de inovação no Rio de Janeiro, que tem fomentado start-ups voltadas a Internet das Coisas (IoT), especialmente aquelas com soluções para problemas de grandes cidades. Outro exemplo é a a Wayra, da Telefônica Vivo, em São Paulo. E novas aceleradoras serão montadas no País, como uma da Microsoft, também no Rio de Janeiro.  Fernando Paiva e Henrique Medeiros Leia mais em mobiletime 11/11/2015

12 novembro 2015



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