25 setembro 2015

Queda do real assusta investidores e não consegue reviver fusões e aquisições no Brasil

A acentuada desvalorização da moeda brasileira está dando um novo golpe na atividade de fusões e aquisições no país, que registra seu pior ano em uma década.

Somente alguns meses atrás, negociadores em alguns dos maiores bancos de investimento do Brasil, como o Bradesco BBI e Goldman Sachs, acreditavam que uma queda gradual do real impulsionaria a atividade, com os custos de aquisição recuando em dólares para fundos de private equity e fundos soberanos com caixa abundante.

Em vez disso, o real despencou abruptamente. Com a economia em recessão, a inflação a 9,5 por cento e o mergulho da confiança empresarial, o real perdeu 33 por cento de seu valor ante o dólar até o momento neste ano e, nesta semana, foi negociado em mínimas históricas, a cerca de 4,20 dólares.

Como resultado, empresas de aquisições estão pisando em ovos e multinacionais estão levando mais tempo que o normal para executar o trabalho de "due-diligence" ou negociar aquisições no Brasil, disseram participantes do setor à Reuters.

Neste ano, as companhias anunciaram transações de fusões e aquisições no Brasil no valor de 24,3 bilhões de dólares, menor patamar em uma década e queda de 45 por cento ante um ano antes, segundo dados da Thomson Reuters. Cerca de 410 negócios foram anunciados até o momento neste ano, ligeiramente abaixo das 413 transações no mesmo período um ano antes.

Embora as flutuações cambiais de curto prazo raramente afetem as decisões de investimento de longo prazo como aquisições corporativas, banqueiros estão cautelosos dada a velocidade do declínio do real.

"Investidores se preocupam com a possibilidade de o real se desvalorizar ainda mais e, em particular, após terem assinado um cheque de valor alto em reais", disse Daniel Wainstein, que comanda a unidade brasileira da Greenhill & Co. "Como a maior parte dos investidores acompanha sua performance em dólares, uma desvalorização pode reduzir significativamente seus potenciais retornos".

Acordos que estão demorando mais para fechar incluem a planejada venda pela empresa de medicamentos e bens de consumo Hypermarcas de sua divisão de fraldas, com os interessados questionando cada vez mais seus retornos e apelo junto a consumidores, disse uma fonte com conhecimento do processo.

Outros incluem os esforços da Petrobras para vender uma rede de postos de gasolina na América do Sul, e planos da empresa de engenharia Grupo OAS, que está em meio a uma recuperação judicial, de vender uma fatia de 24,4 por cento que possui na empresa de infraestrutura Invepar.

Um boom de uma década que trouxe centenas de bilhões de dólares em investimentos degringolou nos últimos anos e 2015 tem sido particularmente ruim. Ofertas de ações e bônus praticamente foram interrompidas e a Bovespa foi ultrapassada nesta semana pela bolsa do México como o principal bolsa de ações da América Latina pela primeira vez desde 2003.

"Pegamos nossas pastas de trabalho e fizemos um tour pelo mundo lançando operações com a ideia de que o Brasil finalmente havia se tornado atrativo em dólares", disse Carolina Lacerda, diretora da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, em um evento da MergerMarket em São Paulo nesta semana. "Já é setembro e muito menos acordos que esperávamos foram concluídos. Tem sido ruim". Por Guillermo Parra-Bernal (Reuters) - Leia mais em Yahoo 25/09/2015

25 setembro 2015



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