03 agosto 2015

Jive capta fundo para créditos vencidos

Disposta a surfar a “tempestade perfeita” formada pela economia em recessão e a perspectiva de alta da inadimplência, a Jive Investments fechou a captação de um fundo de R$ 500 milhões para a aquisição de créditos em atraso e ativos em situação problemática.

Criada há cinco anos, depois de arrematar os ativos do banco americano Lehman Brothers no país, a Jive até então atuava exclusivamente com capital próprio. “Mas concluímos que as oportunidades de negócio nos próximos anos demandariam mais recursos”, afirma Guilherme Ferreira, sócio da gestora.

O fundo deve aplicar principalmente em créditos corporativos vencidos, com foco maior em empresas de médio porte. Além do mau momento da economia, a Jive vê um esgotamento do ciclo de expansão de crédito, um dos mais longos da história econômica recente e que já dura 12 anos. “Quem estiver capitalizado deve aproveitar a menor liquidez no mercado para comprar ativos baratos”, diz.

O fundo poderá investir em créditos em atraso, precatórios ou diretamente em ativos, como imóveis, que apresentem qualquer tipo de problema. A gestora também pretende adquirir imóveis em condições mais favoráveis de incorporadoras que estejam com necessidade de fazer caixa. Financiamentos concedidos a pessoas físicas também poderão compor a carteira, mas com um limite de até 20% do patrimônio.

“Acreditamos que esse segmento deve sofrer um pouco mais”, afirma.

A captação do fundo, prevista para ocorrer em seis meses, levou apenas 60 dias. Os executivos da Jive são os principais investidores, com aproximadamente 20% do patrimônio. Os recursos dos sócios e os atuais ativos da empresa foram incorporados ao portfólio.

A medida foi tomada com o objetivo de alinhar os interesses com os investidores, segundo Alexandre Marques Cruz, sócio da gestora. “Procuramos evitar uma dispersão de foco da equipe, que trabalhará integralmente para o fundo”, diz. A Jive possui 58 funcionários e o escritório está atualmente em reforma para expansão em mais um andar.

Os demais investidores são formados principalmente por pessoas físicas do segmento private (altíssima renda). Uma parcela menor, de aproximadamente R$ 50 milhões, foi colocada no exterior. A distribuição foi feita de forma exclusiva pela Credit Suisse Hedging Griffo (CSHG).

O fundo conta ainda com dois coinvestidores: o banco Goldman Sachs e a gestora americana TPG, segundo informações da imprensa internacional. Questionados, os sócios da Jive confirmam a presença de coinvestidores, mas não revelam os nomes. Os recursos adicionais permitirão à gestora fazer lances por carteiras maiores que os limites do portfólio.

O período de investimento do fundo será de dois anos e meio. A intenção de estender o prazo foi adequar a carteira a um cenário econômico de estagnação por um período mais prolongado, segundo Cruz. “A perspectiva é que, até o final do prazo de seis anos do fundo, o cenário esteja mais favorável para se desfazer dos ativos”, afirma Marcelo Martins, sócio da Jive.

O fundo tem como meta um retorno de 35% ao ano, sem considerar os custos. A taxa de administração é de 2% ao ano, mais performance sobre o retorno que exceder o CDI. A rentabilidade virá da combinação da gestora de adquirir ativos com o maior desconto possível aliada à capacidade de recuperação da maior parcela possível dos créditos.

A Jive aposta no foco único em créditos problemáticos e na experiência obtida nos últimos anos para maximizar o retorno da carteira, apesar do momento econômico desfavorável. “Estamos acostumados a tomar decisões na base da aspirina”, brinca Ferreira.

O avanço institucional do país é outro aliado para quem atua com recuperação de créditos. “Cobrar uma dívida no Brasil ainda é difícil, mas é muito melhor do que há dez anos”, diz, ao citar o processo de digitalização da Justiça e dos cartórios, além do endurecimento da legislação internacional contra fraudes. Até mesmo as redes sociais são usadas como ferramenta pela gestora para descobrir eventuais “blindagens de patrimônio” dos devedores para evitar a cobrança. Vinicius Pinehiro| Valor Econômico Leia mais em buguelli 03/08/2015

03 agosto 2015



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