11 julho 2015

Galvão negocia venda de concessão da BR-153

Quase dez meses após assinar o contrato para a duplicação do trecho da BR-153 entre as cidades Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO), a Galvão Engenharia está negociando a venda da concessão. As primeiras tratativas, entretanto, ainda não apontaram potenciais interessados no negócio. Algumas empreiteiras procuradas questionaram a viabilidade do negócio, tanto em termos econômicos quanto legais.

Além de investigada pela Operação Lava-Jato, a Galvão está em recuperação judicial, situação que deixa possíveis interessadas na BR-153 inseguras com o risco de terem que assumir eventuais passivos. As condições em que o contrato de concessão - assinado em setembro de 2014 - foi fechado também preocupam. Representantes de empreiteiras consultadas pela Galvão alegam que as tarifas de pedágio firmadas entre a concessionária e o governo deixam muito apertadas as margens de lucro do negócio.

Com dificuldades financeiras, a Galvão praticamente abandonou o trecho de 624 quilômetros da BR-153. As operações da concessionária se limitam a pequenos reparos no pavimento e na sinalização, além de obras de recuperação de uma ponte.

A situação atual é reflexo da falta de acesso a crédito pela empresa. Com a eclosão da Lava-Jato, o BNDES sentou em cima de um empréstimo-ponte de cerca de R$ 800 milhões que faria a Galvão. Sem o dinheiro, a empresa não pôde iniciar as obras de duplicação da rodovia.

O cenário obrigou a empreiteira a buscar um interessado em ficar com a concessão, ou adquirir uma participação acionária. O presidente do consórcio que arrematou a BR-153, Jean Alberto Luscher Castro, disse ao Valor que há negociações em andamento, mas não deu detalhes. De qualquer forma, enfatizou o executivo, a empresa está preparada para iniciar a duplicação a partir do momento em que o empréstimo entrar.

"Estamos em busca de um parceiro para dar sequência no projeto. Mas, independentemente disso, tão logo saia o empréstimo-ponte, podemos iniciar as obras. Já temos licença ambiental para duplicar 60 quilômetros e estamos com todos os equipamentos comprados", explicou Castro. Com a duplicação dos primeiros 60 quilômetros, o consórcio pode iniciar a cobrança do pedágio, o que ajuda muito no fôlego financeiro do projeto.

Por conta dos contratempos, a Galvão também solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) uma revisão no cronograma da concessão, mas ainda não obteve resposta. A expectativa na empresa é de uma solução seja costurada com a agência reguladora nos próximos 90 a 120 dias.

O trecho concedido integra o principal corredor de escoamento da produção agrícola do Estado de Goiás para as regiões Norte e Nordeste. O contrato prevê a instalação de nove praças de pedágios e investimentos de R$ 4,36 bilhões ao longo de 30 anos de vigência.  Por Murillo Camarotto e Daniel Rittner | De Brasília Leia mais em pelcrj2040 07/07/2015

11 julho 2015



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