09 junho 2015

Fundo aporta mais de R$ 22 milhões na Mendelics

Vencedora do prêmio MIT (Massachusetts Institute of Technology) de inovação no ano passado, a Mendelics é um exemplo típico de empresa que os investidores estão procurando. Foi o primeiro laboratório do país dedicado 100% a análise genômica de câncer e doenças raras.

Em 2012, quando três médicos e um bioinformata (programador de dados biológicos) resolveram abandonar seus antigos empregos nos laboratórios do Hospital Israelita Albert Einstein, Laboratórios Fleury e o Hospital das Clínicas para abrir o novo negócio receberam uma ajuda considerada preciosa.

Além de R$ 10 milhões, o recurso veio das mãos de quem entende de inovação e resolveu apostar: Laércio Cosentino, presidente e idealizador da Totvs, que hoje acumula a presidência do conselho da Mendelics.

"Naquela época, os grandes laboratórios precisavam mandar esses exames para ser realizados fora do país. Com a revolução do sequenciamento genético hoje podemos analisar de forma personalizada mais de 5 mil doenças raras", afirma David Schleisinger, sócio e presidente da empresa.

A entrada da Mendelics no mercado fez com que os preços desses testes caíssem significativamente, passando de US$ 25 mil para US$ 6 mil em 2012 e para US$ 2,9 mil hoje.

"Os ganhos em escala propiciaram a queda até mesmo dos nossos preços. O valor de US$ 2,9 mil é menor do que o de um exame PET Scan e te oferece uma precisão e variedade de informações muito maior", assegura Schleisinger.

O laboratório produz entre 200 a 300 exames por mês. "A Mendelics realizou 90% do sequenciamento genético feito no país no ano passado", afirma.

Para sustentar esse ritmo de crescimento, a Mendelics acaba de fechar uma segunda rodada de R$ 22 milhões em investimentos do fundo de venture capital BBI Financial, que só investe em empresas da área de saúde. O prêmio do Massachusetts Institute of Technology veio por conta do desenvolvimento de um software que assegura 95% de precisão na análise do genoma humano. O produto, em princípio, seria para uso próprio, mas não está descartada a possibilidade de comercializá-lo com multinacionais do setor. Além disso, a empresa acaba de lançar um serviço novo no mercado. "Somos o primeiro laboratório a realizar o exame de pré-natal não invasivo do país. Fazemos o sequenciamento de uma pequena amostra de sangue da mãe para identificar riscos de doenças cromossômicas e o sexo da criança", revela o médico.

Ele garante ser este um teste realizado somente fora do Brasil. O preço médio desses exames nos grandes laboratórios está em torno de R$ 3 mil.

A Mendelics o colocou no mercado pela metade do valor. "Acho que a concorrência não vai gostar muito, mas não é preciso cobrar mais do que isso, já que realizaremos todo o teste aqui", garante Schleisinger.

Em até três anos, a meta da Mendelics é estar faturando R$ 50 milhões.

E por meio de estudos de mercado identificou que o potencial desse setor é muito maior. Só na atividade de sequenciamento de câncer e doenças raras prevê R$ 2 bilhões de potencial de mercado e outros R$ 1,5 bilhão nos exames de pré-natal não invasivo. "Os cálculos foram feitos com base científica. Por exemplo, todo ano 1 milhão de grávidas pagam exames pré-natal particular ou por meio de planos de saúde. A conta é simples e pode aumentar", afirma.

Esta e outras reportagens foram publicadas no suplemento especial Tecnologia da Saude, encartado na edição impressa do Valor Econômico de 29/05/2015, e estão disponíveis para assinantes no site www.valoreconomico.com.br Leia mais em luchefarma 29/05/2015

09 junho 2015



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