07 maio 2015

Hypermarcas negocia divisão de fraldas

A Hypermarcas está em conversas para a venda de seu negócio de fraldas descartáveis infantis e geriátricas, após recentes sondagens de empresas interessadas na operação, antecipou na tarde de ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. O banco Merrill Lynch foi contratado para assessorar a companhia, e pelo menos seis grupos estrangeiros já teriam manifestado interesse.

Segundo uma fonte ouvida, cálculos envolvem valor de venda na faixa de R$ 2 bilhões pela operação, cerca de duas vezes a receita líquida anual da divisão. Segunda maior fabricante de fraldas infantis do país (em volume), de acordo com balanço da empresa, a Hypermarcas tem participação de quase 20% nas vendas em volume do setor, com marcas como Pompom, Cremer Disney Baby, Sapeka e Bigfral ­ esta última voltada para o segmento geriátrico.
A companhia tem linhas de produção de fraldas em Senador Canedo (GO), Aparecida de Goiânia (GO) e Mogi das Cruzes (SP).

Para auxiliar na coordenação liderada pelo Merrill Lynch, estão Bradesco e Citibank. A expectativa, segundo apurou o Valor, é que as negociações levem cerca de quatro meses para que sejam concluídas, se houver avanços nas conversas. Desde o ano passado, grupos estrangeiros sondam a Hypermarcas sobre possível interesse da empresa brasileira em se desfazer da operação, e as sondagens teriam crescido com a valorização do dólar, que tornam o ativo mais barato para grupos internacionais.

Se as negociações forem concluídas, os recursos devem ser aplicados na divisão farmacêutica da companhia, dentro de um projeto de o grupo se consolidar num modelo próximo ao da Johnson & Johnson ­ que opera a divisão de farma e medicamentos (Janssen Pharmaceuticals) e de consumo.

Novos recursos podem reduzir necessidade de capital de giro, questão ressaltada por analistas em relatórios recentes. "Ponto de interrogação importante é a necessidade crescente de capital de giro da Hypermarcas, que juntamente com os custos de financiamento mais elevados foram minando o fluxo de caixa", escreveu Marcel Moraes, analista do Deutsche Bank. O fluxo de caixa operacional foi de R$ 63 milhões de janeiro a março, versus R$ 171 milhões no ano anterior.

O projeto atual dos controladores do grupo envolve a consolidação de segmentos voltados às áreas de saúde e bem ­estar, e a venda de fraldas pode trazer para o grupo uma soma considerável num período em que há interessados com recursos em caixa.

Em consumo, divisão da companhia que se expandiu 15% de janeiro a março, são R$ 2 bilhões em vendas líquidas (45% do grupo) com marcas como Monange, Zero Cal e Bozzano. Já Farma, com cerca de 120 marcas de medicamentos e 16% de crescimento até março, responde por 55% do negócio.

Os maiores fabricantes mundiais de fraldas são Kimberly­Clark e P&G e, caso as negociações evoluam, o mercado deve se concentrar mais no país. O Brasil é o quarto maior mercado de fraldas no mundo, estimado em 10 bilhões de unidades ao ano ­ entre 2014 e 2015, a Hypermarcas ganhou 5,8% de participação no segmento.

A Johnson & Johnson encerrou em 2012 a venda de fraldas descartáveis no país, e a Sapeka vendeu para a Hypermarcas a operação em 2010. No mesmo ano, a companhia adquiriu a Mabesa, e acabou se tornando um fabricante local de peso. Nos últimos anos, a Hypermarcas iniciou um processo de ajustes e consolidação de todos os negócios, reduzindo aquisições e ampliando busca de ganhos de eficiência.

No primeiro trimestre, a companhia elevou em 12% a receita líquida, para R$ 1,2 bilhão. O lucro líquido teve leve alta de 0,5% para R$ 90,7 milhões. Fonte: Valor Econômico Autor: Adriana Mattos Leia mais em tudofarma 07/05/2015


07 maio 2015



0 comentários: