13 novembro 2014

"60 empresas esperam para abrir capital", diz Diretor Presidente da BM&FBovespa"

Indefinições na política econômica e falta de confiança de investidores estrangeiros têm travado as aberturas de capital, afirma Edemir Pinto


Com apenas um IPO realizado em 2014, há muita expectativa no mercado financeiro sobre o que poderá ocorrer em 2015 na Bovespa. O diretor presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que a estimativa é de que haja atualmente cerca de 60 empresas esperando para realizar abertura de capital (IPO) na bolsa brasileira, apenas aguardando "uma janela para vir ao mercado".

"São operações de empresas com faturamento acima de R$ 400 milhões que captam de investidores estrangeiros. Mas os investidores no exterior precisam ter confiança na economia. No momento, está faltando previsibilidade sobre o futuro do país", disse Edemir Pinto, durante o CEO Summit, promovido hoje (13/11) em São Paulo pela Endeavor Brasil e a Ernst & Young (EY). O executivo afirma que, após as eleições, o principal fator que emperra os IPOs são as indefinições sobre as diretrizes do novo governo.

Edemir tem uma visão otimista para os próximos anos e diz acreditar que, independentemente do cenário atual, a bolsa brasileira é uma das maiores do mundo justamente pelo seu "potencial de crescimento".

"Hoje estamos em quinto ou sexto lugar no ranking, dependendo do câmbio, mas à frente da Nasdaq e das bolsas do Japão e da Austrália. E isso não se deve ao tamanho do volume negociado, que é pequeno, mas ao potencial. Somos a maior da América Latina mesmo com muitas poucas empresas grandes listadas", afirma.

Das mil maiores companhias do Brasil, somente 300 estão listadas na bolsa. E, das 15 mil pequenas e médias — com faturamento de até R$ 400 milhões —, nenhuma está. "Em qualquer país do mundo, não existe esse potencial."

Edemir também diz que um dos desafios para a bolsa crescer é atrair mais pessoas físicas. Hoje, segundo ele, apenas 0,3% da população  brasileira investe na Bolsa. "Nos Estados Unidos, esse número é de 30%, no Chile 5% e no Peru 7,5%." São as pessoas físicas, segundo ele, que podem ajudar pequenas e médias empresas a abrir capital. "Vimos lá fora que para operações menores o comprador é local e não o investidor estrangeiro."

Até 2012, a Bovespa não possuía diretrizes específicas para atrair as PMEs e "perdia uma oferta extraordinária", de acordo com Edemir. Foi quando a empresa que gerencia a bolsa criou uma comitiva para viajar a cinco países do mundo, para realizar um diagnóstico desse cenário e montar um plano estruturado para o Brasil.

Desde 2013, algumas medidas já foram implantadas. Abarcam desde mudanças propostas à CVM — como criar fundos exclusivos para papel de pequenas e médias e prospectos simplificados —, à busca pela participação do BNDES, além de desonerações. "Há isenção no imposto de renda de investidores que adquirem papel de pequenas e médias. Mas eles têm que ter a consciência de não pode haver pressa para retorno. O investimento nas PMEs é a longo prazo", afirma.

Para o empreendedor que estuda abrir o capital de sua empresa na Bovespa, Edemir diz que, o mais importante de tudo, é ter indicadores que comprovem o potencial de crescimento. Abaixo, confira algumas dicas do executivo:

Qual empreendedor deve buscar a bolsa?
"Uma variável fundamental a todo comprador de papel  é o potencial de crescimento. Se você tem um negócio que possui indicadores que mostrem que, de fato, há um potencial de crescimento, você tem uma vantagem enorme. Vimos que lá fora quem mais compra papel é pessoa física — que busca uma lógica diferente e pensa no retorno a médio e longo prazo."

Depois da abertura de capital, como gerenciar?
"Perder o controle, mas ainda ser gestor, muda tudo na relação com a empresa. A mudança pode colocar medo ou receio, mas muda para muito melhor. Eu mesmo vivi isso, quando era funcionário da bolsa, antes de abrirmos capital. Para lidar bem com isso, é preciso ter uma governança adequada principalmente porque, depois da abertura, é preciso dar informações públicas regularmente. Mas vejo que as empresas que têm as melhores regras de governança corporativa são as de maior valor agregado."Por Barbara Bigarelli Leia mais em Epocanegocos 13/11/2014

13 novembro 2014



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