16 outubro 2014

‘Efeito Aécio’ dá novo impulso a IPOs

Companhias que têm planos de fazer ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) estão com o dedo no gatilho para lançar suas operações, à espera de um possível “efeito Aécio” na bolsa.

Nesta semana, duas empresas – a Par Corretora de Seguros e a Ouro Verde – protocolaram na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedidos de registro para fazer suas ofertas iniciais. Outras cogitam retomar as operações, casos da JBS Foods e da companhia de torres de celular T4U, apurou o Valor. A expectativa é que a aérea Azul faça o mesmo.

São, em geral, companhias que já vêm sondando o mercado e esperam o momento mais adequado para lançar suas operações.

Mesmo com a forte volatilidade da bolsa nas últimas semanas, o que está em jogo para essas empresas é ter a possibilidade de fazer as ofertas no fim deste ano, diz um banqueiro de investimentos. As companhias que estiverem preparadas para protocolar suas operações nas próximas duas semanas terão tempo hábil para cumprir as exigências de listagem e chegar ao mercado em novembro ou dezembro.

Com isso, a avaliação de banqueiros e investidores é que essas empresas poderão se beneficiar do efeito positivo que uma possível vitória do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, teria sobre a bolsa. A leitura que prevalece no mercado é que o tucano representa a volta a uma política econômica mais ortodoxa, e tal cenário é considerado favorável a novas operações.

“Empresas com boas histórias e bons resultados têm a possibilidade de se beneficiar de um cenário de mudança”, afirma um banqueiro de investimentos. Segundo essa fonte, numa situação de continuidade as operações tendem a ficar para o início de 2015.

Para alguns, mesmo a reeleição de Dilma Rousseff (PT) pode melhorar o ambiente pelo fato de tirar a incerteza eleitoral do horizonte, ainda que não represente as mudanças desejadas pelo mercado. Portanto, banqueiros que atuam na estruturação de ofertas de ações têm orientado seus clientes a ficar prontos para lançar as operações assim que as condições permitirem.

Há uma questão técnica: as empresas precisam respeitar prazos da CVM para ir à bolsa. A autarquia tem 20 dias úteis para analisar os pedidos de ofertas protocolados. Depois disso, pode fazer exigências, o que consome mais tempo. Conforme as regras de listagem, até o início de fevereiro, as empresas podem ir a mercado apresentando, em seus prospectos, as informações financeiras atualizadas até o terceiro trimestre deste ano. Porém, quem registrar o pedido de oferta na CVM apenas no mês que vem dificilmente conseguirá cumprir os trâmites para chegar à bolsa ainda em 2014.

Nos últimos meses, o humor dos investidores e a receptividade a novas ofertas de ações têm oscilado ao sabor no noticiário sobre as eleições. Em setembro, a ascensão de Marina Silva (PSB) nas pesquisas entusiasmou o mercado, levando algumas companhias a ensaiar uma retomada dos planos de ir à bolsa. O fenômeno Marina, entretanto, não se manteve e a maioria das empresas preferiu aguardar um pouco mais. Foram os casos da JBS Foods e da T4U. Ambas já haviam protocolado seus pedidos na CVM, mas as operações ficaram em compasso de espera.

Naquele momento, a única empresa que decidiu seguir adiante foi a Ourofino, companhia de saúde animal que pretende captar cerca de R$ 350 milhões. Porém, trata-se de uma operação muito particular porque já conta com uma ordem de compra de R$ 200 milhões da gestora de fundos de private equity General Atlantic. Ou seja, é uma oferta menos dependente da demanda de mercado.

A precificação dos papéis da Ourofino está prevista para esta sexta-feira. Se bem-sucedida, a companhia vai finalmente puxar a fila dos IPOs no Brasil neste ano. Até agora, não houve nenhuma oferta inicial de ações em 2014, o que faz deste ano o pior para estreias em bolsa em mais de uma década.

As condições para captar na bolsa brasileira já não estão muito favoráveis desde a segunda metade do ano passado. A locadora de veículos e máquinas Ouro Verde, que protocolou seu pedido de oferta anteontem, já havia tentado abrir o capital em 2013 e não conseguiu. Agora, a empresa voltou à carga, em processo liderado pelo Itaú BBA. Uma parcela dos recursos captados na oferta será primária, ou seja, vai para o caixa da companhia e outra parte será secundária, com a venda de participação dos atuais sócios.

No caso da Par Corretora, controlada pela Caixa Econômica Federal e pela GP Investimentos, toda a oferta será secundária. GP e José Carlos Augusto Ribeiro Bonchristiano venderão parte de suas ações. O Bradesco BBI é o coordenador líder da operação.  Valor Econômico Leia mais em naidworking 16/10/2014


16 outubro 2014



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