17 abril 2014

Se fechada, venda do Fleury terá 'tag along'

Assessores envolvidos na negociação da fatia dos médicos no laboratório Fleury já deram seu parecer: a venda da participação vai disparar uma oferta, no mesmo valor, para todos os acionistas da companhia (tag along).

 Os médicos possuem, em participações diretas e indiretas, 41,3% do Fleury, o que dá a eles o controle da empresa. Ainda que exista um acordo de acionistas entre eles e a Bradesco Seguros, a participação menor desta última, de cerca de 16%, não interferiria na análise de que o controle é, de fato, exercido pelos médicos, apurou o Valor.

 Surgiram informações no mercado de que a Bradesco Seguros também venderia sua participação no Fleury. Procurada, a empresa não comentou o assunto. Confirmado o tag along, a Bradesco Seguros terá a opção de venda de qualquer maneira e, por essa razão, deverá esperar até a conclusão de uma negociação.

 O valor desejado pelos médicos para vender as ações tem sido o entrave principal nas negociações. Desde que as primeiras notícias da operação surgiram, o tom é sempre o de que vários fundos de 'private equity' estão interessados na operação, em uma verdadeira disputa pelo Fleury, o que serve para que os médicos peçam um preço cada vez maior. As cotações têm se sustentado em função disso.

 A maior parte dos fundos que chegaram a avaliar a rede, no entanto, já desistiu das negociações. A avaliação de fontes é que o negócio precisará de uma grande reestruturação. A razão são os fracos resultados das novas unidades do Fleury, em particular as adquiridas depois da abertura de capital, no fim de 2009. "Quase todo o Ebitda [geração de caixa] vem das unidades antigas", diz uma fonte. Para outro executivo de private equity que analisou a empresa, o setor de laboratórios passa por um momento de dificuldade no repasse de custos aos planos de saúde.

 Atualmente, apenas a Gávea Investimentos, gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, permanece na negociação. O fundo já opera no setor com o Hermes Pardini e estaria interessado na compra junto com alguns coinvestidores. A britânica Apax, embora tenha avaliado o Fleury, não está na negociação. Procurado, o Gávea não concedeu entrevista.

 Como o tag along é dado como certo, a dificuldade para o acerto do preço aumenta. Para alguns analistas, a obrigatoriedade da oferta aos minoritários do Fleury poderia inclusive impedir a conclusão da operação.

 Em tese, a venda para um investidor privado não é a única opção para os médicos. Eles poderiam vender suas fatias diretamente na bolsa, por exemplo. Mas o desejo desses acionistas com a venda em bloco, na holding Core, seria faturar um prêmio pelo controle da segunda maior rede de medicina diagnóstica do país, atrás da Dasa. Autor: Ana Paula Ragazzi e Vinicius Pinheiro Fonte: Valor Econômico | Leia mais em luchefarma 12/03/2014 

17 abril 2014



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