23 outubro 2013

Setor vive ciclo de expansão e atrai interesse de novas multinacionais

O crescimento de 5,9% ao ano do mercado brasileiro de papel para fins sanitários, ou "tissue", na última década, impulsionou um novo ciclo de expansão da indústria no país. Ao mesmo tempo em que até R$ 600 milhões em investimentos foram anunciados até 2015, grupos estrangeiros que ainda não disputam o já concorrido mercado brasileiro estão sendo atraídos para a região.

 Na avaliação do gerente de estudos econômicos da consultoria finlandesa Pöyry, Manoel Neves, fabricantes com presença relevante no mercado global de tissue podem aterrissar no país diante das perspectivas positivas até o fim desta década - a aposta é a de manutenção do ritmo verificado nos dez anos anteriores -, inclusive por meio de aquisições.

 Hoje, multinacionais de peso nesse segmento, como a sueca Svenska Cellulosa Aktiebolaget (SCA) e a americana Procter & Gamble, têm operação de outras naturezas no país, mas ainda não participam do mercado doméstico de papel para fins sanitários. Segundo levantamento da Pöyry, os principais nomes do mercado doméstico, por capacidade instalada, são as brasileiras Santher e Mili, a Melhoramentos CMPC (do grupo chileno CMPC) e a americana Kimberly-Clark. Ao todo, são 50 competidores, com produção total de 1,6 milhão de toneladas em 2012.

 O consumo em ascensão também impulsionou investimentos das empresas já presentes no mercado, segundo Neves. Pelo menos 12 novas máquinas, quatro delas com capacidade instalada de 60 mil toneladas anuais, bastante superior à média das que estão em operação no Brasil - entre 20 mil e 25 mil toneladas -, foram anunciadas até 2015. Juntas, elas totalizam desembolso de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.

 "A expectativa é a de que essa taxa de 5,9% ao ano se mantenha até o fim da década, a depender de fatores macroeconômicos", disse Neves. Essa taxa aponta para a necessidade de um nova máquina de grande porte a cada ano, conforme o executivo. Melhora da renda, mobilidade social e novos nichos de mercado, sobretudo no segmento institucional (hotéis e hospitais), têm sustentado a demanda crescente por tissue, que engloba papel higiênico, guardanapo, lenços, papel toalha, entre outros.

 No ano passado, o consumo brasileiro desse tipo de papel alcançou 1,02 milhão de toneladas. Por habitante, contudo, está limitado a 5,3 quilos ao ano, seis ou sete vezes menor do que o consumo per capita anual nos Estados Unidos. Na região Nordeste, esse indicador é ainda mais baixo: 3,5 quilos por habitante/ano, em linha com o consumo per capita de países como Paraguai e Equador.

 "Há muito potencial de crescimento. Os produtos de maior qualidade tem avançado no mercado e novos nichos dão contribuição importante para os negócios com tissue", ressaltou Neves. Mudanças nos padrões de higiene da sociedade também influenciam o desempenho desse mercado. Reflexo disso é a procura cada vez maior pelo chamado papel folha dupla. Entre 2009 e 2012, segundo a Pöyry, as vendas nas linhas "premium" mostraram crescimento de 17% ano ano, frente a alta anual de 1% do papel higiênico folha simples - e produtos folha tripla já começam a ser ofertados no país.

 O crescimento do consumo de tissue traz boas perspectivas também para os produtores de celulose de eucalipto, uma especialidade das companhias brasileiras, cujas vendas avançam na esteira desse movimento da indústria papeleira. A Fibria, maior produtora global da matéria-prima, por exemplo, é uma das principais fornecedoras dos grandes produtores de tissue no mundo.

 Além disso, conforme a consultoria, há cada vez mais espaço para a chamada fibra virgem no processo produtivo de papel tissue, em razão dos custos crescentes das aparas que também são usadas como matéria-prima e dos padrões de qualidade cada vez mais elevados exigidos pelo mercado. Valor Econômico
Fonte: clubedaembalagem 17/10/2013

23 outubro 2013



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