06 setembro 2013

Universidades não querem ser o último da turma em aquisições

Transações bilionárias ainda estão longe de esgotar as oportunidades de aquisições no setor educacional - e as empresas querem mais

A recente venda bilionária da faculdade paulistana FMU ao grupo americano Laureate, famosa por ser dona da Anhembi Morumbi, esquentou o mercado educacional no mês passado. Não é a primeira vez que notícias como esta ganham destaque na imprensa e atrai olhares de grandes investidores. Este é apenas o último episódio de uma corrida das universidades para não ser o último da sala em aquisições e fusões.

 A Rede Laureate é reconhecida internacionalmente por ser dona de 70 instituições espalhadas em 29 países. Com a última aquisição, reagiu e mostrou ao setor da educação que não dormiu no ponto, após Kroton e Anhanguera, anunciarem, no primeiro trimestre desse ano, a fusão das empresas. Além disso, prometeu à faculdade FMU uma aliança recheada de benefícios, como infraestrutura moderna e aulas práticas direcionadas ao mercado de trabalho.

 Matéria do dia
Para analistas, a rica movimentação realizada pela Anhanguera e Kroton foi um dos principais motivos para os gigantes da educação acordar. Juntas, as companhias contarão com um milhão de alunos, com presença em 835 cidades em todos os estados brasileiros. A consumação da associação ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), mas o valor de mercado do grupo está próximo a 12 bilhões de reais.

 Outro caso que reafirma a teoria e promete agitar os ânimos do mercado é a possível compra de 100% da Affero, empresa de educação corporativa, pelo grupo Estácio. A rede educacional pode abocanhar uma parte importante do setor, além de ter mais de 240.000 alunos espalhados em 19 estados brasileiros. Rumores apontam que a transação pode ser fechada em 206 milhões de reais.

 A partir de agora, investidores da educação tentarão se firmar cada vez mais no solo brasileiro, focando em regiões que carecem de atenção, como zonas afastadas e no público estudantil de renda mediana.


O sócio da network global PwC e líder de private equity, Alexandre Pierantoni, participou, recentemente, da negociação de um grande grupo de ensino internacional. Para ele, existe um fator macroeconômico maior que direciona o apetite e atratividade na área de educação no Brasil. “O mercado educacional, assim como o da saúde e alimentação, por exemplo, tinha uma carência de profissionalização e precisava ser segmentado”, afirma.

 A ascensão de classes sociais mais carentes e a melhora na renda da população fizeram com que a procura por curso superior aumentasse o que, por consequência, tornou esta área mais atrativa para grupos nacionais e internacionais cientes da deficiência existente neste setor no Brasil. Com esse cenário, o volume de negócios no mercado de educação começou a aumentar em meados de 2006 e atingiu seu ápice em 2008, com 50 transações realizadas, segundo estudo divulgado pela PwC.

 Lição de casa
 Especialistas na área afirmam que transações no mercado serão mais recorrentes e tendem a expandir. “Daqui para frente haverá aquisições transformadoras e complementares, que irão desde o ensino fundamental, médio e superior, ao corporativo e cursos específicos, como idiomas”, avalia o sócio da PwC.

 Pensando em acompanhar essa demanda, instituições estão incorporando modelos de gestão corporativa, acompanhada da visão empresarial, com planejamentos estratégicos, financeiro, e equipes administrativas treinadas. Segundo Sérgio Wether Duque-Estrada, fundador e sócio da consultora Valormax, essa reestruturação na coordenação foi fundamental para a consolidação das grandes companhias, que passaram a atender as exigências do público alvo e explorar diversas áreas da educação.

 Ainda de acordo com Sérgio Wether, se tomarmos como proporção o tamanho da deficiência no sistema de educação brasileiro, houve uma pequena consolidação dessas empresas. “Há muitas regiões que podem receber investimento, estamos em um momento que a corrida entre os grandes grupos está na metade. O mercado não está 100% consolidado, há muito pra explorar”, garante.
Paula Bezerra
Fonte: exame 06/09/2013

06 setembro 2013



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