11 julho 2013

Klabin estuda rever oferta e busca sócios

A Klabin pretende desistir da proposta de aumento de capital de R$ 1,7 bilhão, por meio de uma oferta pública de units, para financiar uma parte de seu projeto de celulose, conforme apurou o Valor com fontes do setor e do mercado financeiro.

 Diante da cotação atual da ação da empresa, do enfraquecimento do mercado financeiro e do risco real de diluição dos acionistas controladores da fabricante de papéis para embalagens caso a operação seja levada adiante com preço abaixo de R$ 12,40, a companhia retomou as conversas com fundos de investimento para executar o projeto de R$ 6,8 bilhões.

 Segundo as fontes ouvidas pelo Valor, as negociações estão encaminhadas com um fundo de Cingapura. Dois grandes fundos da cidade-Estado asiática, Temasek e GIC, têm ativos brasileiros em seu portfólio. O primeiro já investiu na Odebrecht Óleo e Gás, Netshoes, Hidrovias do Brasil e Amyris Biotechnologies. Já o GIC tem participações na administradora de shopping centers Aliansce, no BTG Pactual e em projetos da incorporadora imobiliária Cyrela Commercial Properties (CCP).

 Procurada, a Klabin informou que não iria se manifestar sobre o assunto. O Temasek também não se manifestou a respeito do tema. Já o fundo soberano GIC (do inglês Government of Singapore Investment Corporation) não deu retorno ao pedido de entrevista.

 O dilema da Klabin, no momento, estaria na definição do veículo de entrada do novo investidor: na própria Klabin S.A. ou na Klabin Celulose, empresa que seria constituída, conforme a estrutura de financiamento original, para tocar o empreendimento de produção celulose em Ortigueira (PR).

 Essa nova empresa teria como acionistas a Klabin S.A., com pelo menos 51% de participação, e investidores estratégicos. À Klabin caberia o aporte de Florestas já existentes, que no projeto atual estão avaliadas em R$ 1,5 bilhão, e aos demais investidores, injeção de capital.

 Entre os pontos que pesam contra a decisão de levar um novo sócio para a Klabin S.A. estariam a assunção de dívidas elevadas - que seriam contraídas com o BNDES e com agências de crédito à exportação para financiar grande parte do projeto - e a necessidade de oferecer uma opção de saída ("put"), a qual teria de ser estendida a outros acionistas.

 Além disso, a onda de protestos no país e, em menor escala, a derrocada das empresas "X", do empresário Eike Batista, acenderam uma luz amarela e elevaram o desconto pedido por investidores estrangeiros. Na avaliação de uma fonte da indústria, o momento não é favorável a esse tipo de negociação com investidores estrangeiros para o Brasil.

 Conforme outra fonte, a Klabin ofereceu um desconto "substancial" para a entrada do fundo, que faria um aporte de recursos "significativo" na companhia. No caso de uma oferta de ações, a avaliação é a de que o momento não é propício, a não ser com um enorme desconto no preço, o que não interessa aos acionistas da Klabin.

 Em teleconferência com analistas no dia seguinte ao anúncio da operação, o diretor-geral da companhia, Fabio Schvartsman, disse que a oferta não seria levada adiante a "preço vil".

 Ao anunciar a aprovação do projeto por seu conselho de administração, a Klabin surpreendeu os investidores ao propor uma reorganização acionária e oferta de units (formadas por uma ação ordinária e quatro preferenciais) no valor de R$ 1,7 bilhão, em substituição à estrutura que previa a criação da Klabin Celulose. Conforme a direção da empresa, essa solução seria a mais vantajosa para todos os acionistas da Klabin.

 Apesar da argumentação e da avaliação positiva de analistas e investidores em relação à nova fábrica de celulose, as ações da Klabin entraram em rota descendente na BM&FBovespa. O risco de diluição dos minoritários - de 17%, segundo cálculos do Goldman Sachs - e a turbulência recente dos mercados fizeram a ação preferencial cair cerca de 14%, de R$ 12,44 em 11 de junho, data do anúncio, a R$ 10,70, no fechamento de ontem.

 A nova fábrica de celulose da Klabin custará R$ 6,8 bilhões, dos quais R$ 5,3 bilhões em investimento e R$ 1,5 bilhão referentes a 107 mil hectares de Florestas plantadas e disponíveis. Maior produtora de papéis de embalagem no Brasil, a Klabin opera hoje no limite de capacidade e o projeto tem papel fundamental nos planos de crescimento da companhia. Parte da matéria-prima produzida na unidade, de onde sairão três diferentes tipos de fibra, será usada pela própria Klabin em futuras máquinas de papel. O restante será vendido no mercado.

 A capacidade instalada em Ortigueira será de 1,5 milhão de toneladas anuais de fibra longa, curta e "fluff" (usada para fazer fraldas e absorventes). A previsão é a de que a fábrica entre em operação até o primeiro trimestre de 2016. Para tanto, o projeto teria de ser iniciado em dois meses. Com a unidade, a capacidade total de celulose da Klabin chega a 3,2 milhões de toneladas anuais e a de embalagens, em 1,7 milhão de toneladas.
Fonte: cliptvnews 11/07/2013

11 julho 2013



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