01 julho 2013

Glencore estuda fatia na Ferrous

Nos bons tempos, ainda em 2010, o empresário Eike Batisa acreditava que conseguiria fazer a MMX, sua empresa de minério de ferro, ser protagonista em um movimento de consolidação de empresas mineradoras no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. A empresa tinha potencial para se tornar, segundo ele, uma "quase Vale ". Hoje, ao invés de consolidadora, a MMX tornou-se alvo de compra de outras companhias em meio à crise no seu grupo controlador, a holding EBX. Uma das interessadas na MMX é a suíça Glencore Xstrata, apontada por fontes do setor como uma das empresas capazes de começar a consolidação sonhada por Batista há três anos.

 A Glencore e outra trading, a holandesa Trafigura, surgiram como candidatas a uma negociação com a MMX. A mineradora confirmou as negociações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em outra frente, a Glencore comprou ações de uma mineradora independente com sede em Belo Horizonte, a Ferrous. O Valor apurou que a Glencore estuda a compra de fatia maior na Ferrous que lhe dê posição forte na governança da empresa. "A Glencore atua em várias frentes [no Brasil] para fazer algo grande, mas a estratégia é comer pelas beiradas", disse uma fonte. Foi uma referência ao fato de que a trading poderia fazer movimentos gradativos. Procurada, a Glencore disse não falar sobre especulações.

 A compra de uma participação maior pela Glencore na Ferrous seria importante dentro do plano da empresa brasileira de expandir a produção de minério de ferro na mina de Viga, em Congonhas (MG), onde prevê produzir 15 milhões de toneladas em 2017. Fonte disse que a Ferrous investiu cerca de US$ 1 bilhão no Brasil e teria mais US$ 1 bilhão previsto em seu projeto de crescimento. A empresa não confirma os números. A Ferrous, controlada por investidores nacionais e estrangeiros, detém ainda as minas de Santanense, em Itatiaiuçu, e de Esperança, em Brumadinho. Em 2012, a empresa produziu 3,2 milhões de toneladas de minério de ferro, volume previsto para 5 milhões este ano.

 A mina de Esperança está localizada perto de Serra Azul, da MMX. A mina de Serra Azul tem projeto ambicioso de expansão, mas o mercado desconfia do potencial econômico dessas reservas. O trunfo da empresa, portanto, nas negociações para a venda de ativos e de ações, é o Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ), ativo que terá capacidade de escoar 50 milhões de toneladas de minério de ferro quando estiver a plena capacidade. A Glencore e a Trafigura teriam se interessado só pelo porto, previsto para entrar em operação no fim deste ano, mas a estratégia de Batista seria tentar vender parte ou o controle da MMX. O Porto Sudeste será decisivo nos próximos lances envolvendo a negociação da MMX. E pode influenciar movimentos de consolidação das empresas mineradoras. "Quem tiver esse porto, terá uma arma estratégica na mão", disse uma fonte. Siderúrgicas que investiram em mineração também poderiam vir a participar da consolidação do setor mais à frente, segundo alguns observadores.

 egundo um executivo, Serra Azul, onde está a MMX, é um retalho de mineradoras. Muitas nem estão à venda, mas podem ficar se o negócio for bom para os dois lados. Há ainda empresas endividadas e com problemas ambientais, segundo a fonte. O problema para muitas dessas mineradoras é a logística para escoar o produto até o porto via ferrovia. A fonte afirma que essas mineradoras dependem dos portos da Vale e da CSN para exportar. A Ferrous, por exemplo, tem participado dos leilões de capacidade de embarque de minério abertos por Vale e CSN em seus terminais portuários. Mas os volumes aos quais as mineradoras têm direito são pequenos. Em fevereiro, a Ferrous assinou com a Glencore acordo segundo o qual a trading vai vender 20 milhões de toneladas de minério de ferro da empresa brasileira nos próximos quatro anos. A Glencore já vendeu minério da Ferrous na China.Autor(es): Por Francisco Góes Valor Econômico
Fonte: clippingmp 01/07/2013

01 julho 2013



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