05 julho 2013

Eike se tornará minoritário após venda das empresas X

OGX precisa de R$ 1 bi para cumprir compromissos assumidos com a ANP

 Foi posto em marcha um plano para o completo desmembramento do grupo X, de Eike Batista. No fim do processo, que prevê vendas de empresas inteiras, de projetos, diluições de participações e renegociações de dívidas, o mais provável é que não reste nenhuma das empresas hoje sob o guarda-chuva da EBX.

 Eike poderia ficar com uma ou outra participação minoritária em seus maiores empreendimentos e uma ou outra empresa de menor expressão do grupo. Segundo o Valor apurou, se tudo sair conforme os planos do empresário e de seu assessor financeiro, o banco BTG Pactual, Eike terminará o processo sem dívidas e com patrimônio entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. Cifra invejável, mas uma sombra do que já foi o império "X".

 A OGX tem dois pesados desembolsos para fazer em um mês que vão pesar no seu caixa, como já foi destacado por bancos que divulgaram relatórios esta semana. No dia 30 de julho vence o prazo para apresentação das garantias relativas ao Programa Exploratório Mínimo (PEM) de todas as áreas adquiridas na 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A OGX se comprometeu com um PEM de R$ 699,23 milhões somando os treze blocos adquiridos.

 As garantias podem ser apresentadas na forma de carta de crédito, seguro garantia ou penhor de óleo, sujeito à aprovação prévia do regulador. Pela regra do edital, a garantia terá de ser apresentada pela sociedade empresária (cada empresa apresenta a sua) ou pelo consórcio vencedor. Participantes do leilão consultados pelo Valor informaram que essas garantias não têm custo elevado. Mas, admitem as fontes, podem ficar mais caras para a OGX, devido à situação financeira atual da companhia.

 Sete dias depois, no dia 6 de agosto, a OGX terá de comprovar ao regulador o pagamento integral dos R$ 376,01 milhões relativos aos bônus para estar apta a assinar os contratos de concessão. Os valores mencionados se referem somente à participação acionária nas áreas que adquiriu, sozinha ou em parcerias, segundo levantamento divulgado pela ANP depois do leilão.

 O PEM é o total de investimentos que as empresas se comprometeram a fazer nas áreas durante a fase exploratória e faz parte da oferta vencedora, junto com o bônus a ser pago em dinheiro pela concessão. A OGX foi responsável pelo terceiro maior número de blocos arrematados no último leilão da ANP, atrás da Petrobras e da Petra. Arrematou treze blocos em águas profundas e em terra. Em três deles com parceiros. Divide com a ExxonMobil (50% cada) um bloco offshore na bacia Potiguar e outro na bacia do Ceará com a mesma divisão acionária. A ExxonMobil é a operadora de ambos. Tem participação de 30% em outro bloco na bacia do Ceará operado pela francesa Total (com 45%), do qual a Queiroz Galvão (QGEP) tem outros 30%.

 A OGX também arrematou dez blocos sozinha, sendo quatro em terra, na bacia do Parnaíba (Maranhão). Ali, a OGX Maranhão já produz gás usado pelas térmicas da MPX, empresa de energia do grupo da qual a alemã E.ON é sócia. Logo depois do leilão foi anunciado acordo que vai repassar participação de 50% nos blocos do Parnaíba para a MPX. O total de bônus dessas áreas é de R$ 20 milhões, o que significa que a OGX receberá R$ 10 milhões da MPX após a assinatura.

 A empresa divulgou ontem esclarecimentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito do fato relevante apresentado na segunda-feira sobre a suspensão do desenvolvimento de campos. Segundo a petroleira, o acordo firmado com a OSX (estaleiro do grupo) visa compensar a empresa pelos gastos já incorridos na construção das encomendas de unidades canceladas pela OGX e pelo direito estipulado nos contratos do FPSO OSX-3 e WHO-2, no sentido de poder terminar esses contratos, sem ônus, a partir do 13º e 12º anos. O prazo original era de 20 e 25 anos respectivamente, sem direito a término antecipado.

 A empresa de petróleo afirma que o desembolso no valor de US$ 449 milhões, com crédito à OSX, será efetuado imediatamente porque, somente na aquisição de bens e serviços destinados à construção das unidades canceladas, a OSX teve desembolso de caixa de aproximadamente US$ 383 milhões. Além disso, o pagamento imediato foi contrapartida para a negociação do valor final que envolve desconto de 30% em favor da OGX.

 A OGX acredita que não obstante o desembolso atual, a perspectiva do recebimento do valor da venda de 40% nos blocos BMC-39 e BM-C-40 para a Petronas tem condições de assegurar recursos necessários para que a companhia honre com os seus compromissos de médio prazo.Por Cláudia Schüffner e Daniela Meibak | Do Rio e de São Paulo Valor Econômico
Fonte: clippingmp 04/07/2013

05 julho 2013



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