10 maio 2013

Tele vale menos que preço pago por fatia de 23%

Pressionada pela crise de confiança junto aos investidores, a Oi inteira vale hoje na BM&FBovespa R$ 7,8 bilhões, menos do que os R$ 8,4 bilhões que a Portugal Telecom (PT) investiu para ter 23% do negócio, com a compra de fatia de acionistas e de novas ações.

 "Somos maratonistas e não corredores de 100 metros." Essa é uma frase corriqueiramente repetida pelos portugueses sobre o investimento na tele, feito após a venda de 50% do controle da Vivo para a ex-sócia Telefónica.

 Esse espírito faz com que analistas e investidores apostem que a Portugal Telecom, no futuro, ficará sozinha ou será majoritária no controle da operadora.

 Hoje, os maiores acionistas no bloco controlador são o grupo La Fonte (família Jereissati) e Andrade Gutierrez. Os brasileiros, que entraram no setor desde a privatização, já não são mais vistos como os sócios que sobreviverão na Oi do futuro.

 É por isso que, para muitos expectadores desse delicado momento da operadora (criada a partir da compra da Brasil Telecom pela Oi para ser uma supertele nacional), a Portugal Telecom está pacientemente esperando, assistindo à sangria financeira da holding controladora Telemar Participações, no aguardo do melhor momento para fazer sua investida.

 O Valor apurou que recentemente foi estudada uma forma de La Fonte e Andrade Gutierrez trocarem suas participações na Oi por uma fatia da PT, que passaria a ser a controladora quase isolada da tele brasileira. Os empresários locais seriam, juntos, os maiores acionista da empresa portuguesa.

 A preços atuais de mercado, a fatia pouco inferior a 17% que possuem da Oi, equivaleria a cerca de 15% da Portugal Telecom. A La Fonte e Andrade Gutierrez seriam maiores do que o Banco Espírito Santo, principal acionista da empresa portuguesa. Mas os estudos não evoluíram devido aos desafios políticos da transação. Para ser interessante aos brasileiros, a troca das ações começaria a esbarrar em situações diplomáticas em Portugal. Quanto mais ações La Fonte e Andrade Gutierrez tivessem na empresa portuguesa, mais delicada a transação seria do ponto de vista de Portugal.

 A crise de confiança que pesa sobre a Oi tem gerado especulações sobre o controle da companhia porque tem relação direta com a elevada dívida da empresa controladora, Telemar Participações.

 A holding tem uma dívida líquida de R$ 3,2 bilhões, e sua fonte de receita são os dividendos pagos pela Oi - e o único ativo que detém é a fatia na tele, atualmente avaliada em R$ 1,4 bilhão. Assim, os R$ 2 bilhões em proventos que a tele se comprometera em distribuir anualmente pagavam o serviço da dívida da controladora não negociada na bolsa. De acordo com cálculos de analistas, para a holding honrar a dívida nos vencimentos e pagar os serviços financeiros, a Oi teria de pagar em dividendos entre R$ 20 e R$ 21 por ação, no acumulado dos próximos sete anos. O valor é considerado muito alto tomando-se por base a necessidade de investimento e a dívida da própria operadora. Na bolsa, as ações preferenciais da Oi fecharam a quinta-feira em R$ 4,52.

 A situação de desconfiança é agravada porque cinco meses após a saída de Francisco Valim da presidência, os sócios não anunciaram o substituto nem uma nova estratégia. Há quem avalie que as diferenças de visões esteja dificultando a escolha. De um lado, a Portugal Telecom tem o perfil de fazer investimentos, enquanto os sócios estariam buscando uma forma de fazer o menor gasto possível até a definição do futuro societário e da dívida da holding.Por Graziella Valenti Valor Econômico
Fonte: clippingmp10/05/2013

10 maio 2013



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