01 maio 2013

Refém de PCs, Dell investe US$ 10 bilhões em empresas de TI

À espera de uma definição sobre seu futuro como companhia aberta, a Dell, terceira maior fabricante de PCs do mundo, tenta diminuir sua dependência do declinante mercado de PCs ao investir em software.

O segmento, que há cinco anos nem sequer fazia parte dos negócios da companhia fundada por Michael Dell, recebeu investimentos de US$ 10 bilhões desde então. Dell terá centro de soluções no Brasil em 2013

 O montante foi aplicado na aquisição de cerca de 20 empresas de software, muitas localizadas no Vale do Silício.

 O investimento representa uma tentativa de diversificar as receitas da companhia. As vendas de PCs, que caíram 14% no mundo no primeiro trimestre, respondem por metade de seu faturamento.

 É um caminho já traçado por concorrentes como a HP e a IBM -esta última levou a estratégia ao extremo, desfazendo-se por completo de sua área de PCs ao vendê-la para a chinesa Lenovo, em 2005.

"A ideia é fazer crescer esse negócio de forma rápida para neutralizar o desempenho do mercado de PCs, que não terá o mesmo crescimento que já teve um dia", diz o presidente da Dell Software, John Swainson.

 "Queremos orientar nosso negócio para áreas que crescem mais e com maior margem de lucro", disse à Folha em evento da empresa em San Francisco, nos EUA, na semana passada.

 A divisão de software fatura hoje US$ 1,5 bilhão -menos de 2,5% da receita global da Dell, de cerca de US$ 60 bilhões. A meta é dobrar de tamanho da área em três anos, diz Swainson.

 FUTURO

 Para a Dell, a aposta em software representa uma tentativa de diversificar suas fontes de receita em um momento delicado -e decisivo- de sua trajetória.

 Em fevereiro, Michael Dell e o fundo Silver Lake fizeram uma proposta para fechar o capital da companhia em Bolsa; ao mesmo tempo, abriram negociações para outros interessados em fazer ofertas.

A justificativa é que, longe da pressão dos investidores, a companhia teria tranquilidade para buscar novas rotas de crescimento.

 Mas Michael Dell parece mais otimista que o resto do mercado a respeito disso. Há dez dias, o fundo Blackstone desistiu de fazer uma oferta concorrente à de Michael Dell após analisar os números da companhia.

 O Blackstone usou como argumento uma queda sem precedentes nas vendas de PCs em 2013 e uma previsão menor de lucro feita pela administração.

 Após o anúncio, outros fundos que tinham participação na companhia se desfizeram de suas ações na Bolsa.

 Segundo Swainson, a mudança societária não altera o foco nas novas áreas de negócio. "Michael Dell já disse publicamente que a nova estrutura de capital irá acelerar essa estratégia."

 A pressa faz sentido. Segundo José Mavignier, analista da Frost&Sullivan, concorrentes como IBM e HP estão mais adiantados no processo de diminuir sua dependência das receitas de hardwares.

 A Dell também enfrenta um desafio por direcionar sua oferta para pequenas e médias empresas. "Além de mais dispersas, as PMEs ainda estão embrionárias na adoção de certas tecnologias." MARIANNA ARAGÃO A jornalista MARIANNA ARAGÃO viajou a convite da Dell
Fonte: folha de s.paulo 01/05/2013

01 maio 2013



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