20 maio 2013

Nova Opersan compra dois ativos da Haztec

Presidente da companhia, Sergio Werneck Filho diz que estratégia de crescimento deverá ser mantida e que mais duas compras poderão ser fechadas este ano

 Com um ano a ser completado apenas em junho, a Nova Opersan, empresa especializada no tratamento de efluentes industriais e controlada pelo P2 Brasil, fundo de infraestrutura gerido pelo Pátria Investimentos e a Promon, caminha para sua terceira e mais representativa aquisição.

 Em até dois meses, a empresa fecha a compra de dois ativos – HZT Soluções e HAZ – com atuação na área de tratamento de água e efluentes. As empresas pertenciam à Haztec, companhia fluminense que passou por uma reestruturação e fechou neste ano uma fusão com o grupo Foxx, que passou a ter o controle. As companhias não revelaram o preço da negociação, mas o Valor apurou que a compra girou em torno de R$ 60 milhões.

A operação já foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e aguarda detalhes finais para o contrato. Ainda que não tenha demandado um volume representativo de investimento, deve possibilitar à Nova Opersan dobrar de tamanho, segundo o presidente da empresa, Sergio Werneck Filho. “Temos 150 funcionários e, com a aquisição, vamos superar os 300. Então dobramos o pessoal, quase dobramos o faturamento e muito mais que dobramos a rentabilidade”, afirmou o executivo, em entrevista ao Valor.

 Em 2012, a Nova Opersan teve receita aproximada de R$ 50 milhões e a meta é chegar até 2018 com um valor em torno dos R$ 300 milhões. E se neste momento 80% da receita está sendo gerada pelas aquisições, em 2018, a empresa espera que o crescimento inorgânico responda por metade do faturamento.

 Com os ativos da Haztec, a companhia amplia a atuação, até então concentrada em São Paulo e Minas Gerais, para os Estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, Bahia e Ceará. A carteira de cerca de 700 clientes também será elevada com a operação, cujo maior ativo é a estação de tratamento localizada no polo industrial de Santa Cruz, na zona Oeste do Rio de Janeiro. A unidade faz o tratamento de resíduos de 60 empresas, entre as quais Gerdau e ThyssenKrup, e também da Casa da Moeda.

 O plano da Nova Opersan é expandir a unidade fluminense, que será a terceira própria da companhia – as outras duas estão localizadas em Jundiaí e Jandira (SP) -, para que a estação também possa fazer o tratamento de resíduos perigosos, ampliando o escopo de atuação e podendo atender indústrias como a petroleira e a automotiva. “A aquisição agrega com a entrada nos Estados e com um maior volume, e ajuda na diluição de custos fixos”, disse Werneck Filho.

 Antes dos ativos da Haztec, a Nova Opersan havia adquirido a Brasquip Ambiental, especializada no tratamento de resíduos líquidos industriais, e a GT Ambiental, que tinha dez estações de tratamento dentro da Vale.

 A pretensão é manter o ritmo aquecido das compras e, de acordo com o presidente, a Nova Opersan tem R$ 600 milhões disponíveis para até cinco anos. “Temos olhado outras aquisições e temos planos de fazer estações off-site (quando a unidade é da própria empresa, no caso da Nova Opersan) greenfield. O mercado tem muita oportunidade”, disse o presidente, que ressaltou que a companhia olha cerca de 20 ativos neste momento. “Mais duas compras poderão ser fechadas neste ano.”

 Para aquisições maiores, acima de R$ 70 milhões, a empresa pretende fazer associações.

 Ainda que conte com um suporte financeiro do fundo P2, a Nova Opersan tem como estratégia atuar em setores menos competitivos, desviando-se da concorrência de grandes grupos de saneamento. “No fim de 2011, definimos que o foco da empresa seria o mercado corporativo, já que o público já era bastante concorrido e com empresas de origem de construção pesada ocupando um espaço relevante”, afirmou Werneck Filho.

A oportunidade vista pela Nova Opersan está em contratos com investimentos entre R$ 4 milhões e R$ 80 milhões. O desafio, segundo o presidente, é aumentar a carteira de clientes, convencendo as empresas da necessidade do serviço.

 A Nova Opersan é controlada pelo fundo P2, que detém fatia acima de 60%, e é fruto de uma associação com a Enasa e a Opersan. Se o fundo entrou com a capitalização, a empresa de engenharia Enasa ofereceu a concepção, construção e coordenação dos projetos e a Opersan, a operação das unidades de tratamento.

 Ainda que o fundo P2 estivesse de olho em oportunidades no setor de saneamento desde 2009, Werneck Filho entrou na empresa apenas em 2011. As negociações da Nova Opersan para a compra dos ativos da Haztec começaram antes mesmo da fusão com o grupo Foxx.

 A venda das empresas se encaixa na estratégia dos novos controladores da Haztec, que querem concentrar a atuação no setor de geração de energia via tratamento térmico de resíduos. Além da parte de águas e efluentes, a Haztec contava com os segmentos de consultoria e engenharia ambiental, resíduos sólidos e energia de resíduos. Por Beatriz Cutait | De São Paulo|
 Fonte: Valor Econômico 20/05/2013

20 maio 2013



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