09 maio 2013

Moeda virtual Bitcoin atrai dinheiro de verdade

Empresas novatas que se dedicam à Bitcoin, moeda virtual usada na internet, estão começando a levantar capital considerável de investidores, ainda que os líderes da indústria alertem que hackers estão abusando dela para obter lucro.

 No ano passado, a Coinbase Inc., a Coinsetter Inc. e a CoinLab Inc. captaram coletivamente milhões de dólares de empresas de capital de risco importantes e investidores-anjos, aumentando a credibilidade de uma moeda digital que não tem o apoio de um banco central.

 Ontem, a Bitcoin, que pode ser usada para fazer pagamentos através da internet, sem taxas de transação ou o envolvimento de uma instituição financeira, conquistou o maior reconhecimento de sua curta história quando a Coinbase, uma firma de San Francisco, recebeu um investimento de US$ 5 milhões liderado pela Union Square Ventures, que também investe no Twitter.

Esse investimento supera os US$ 2 milhões injetados no mês passado na OpenCoin Inc., uma outra empresa iniciante ligada à moeda virtual e que tem entre seus investidores a firma de capital de risco Andreessen Horowitz.

 "Este será um ponto de partida", disse Fred Wilson, sócio-gerente da Union Square, a respeito do investimento na Coinbase. "Veremos muito mais capital de risco nesse nicho."

 A Coinbase opera um serviço on-line que permite aos usuários comprar Bitcoin, guardar a moeda virtual em uma carteira digital e pagar comerciantes de bens ou serviços com ela. A empresa foi fundada no ano passado por Fred Ehrsam, um ex-operador do Goldman Sachs GS +0.25% de 24 anos, e Brian Armstrong, engenheiro de 30 anos que já trabalhou no site Airbnb, de aluguel de casas por temporada.

 Em abril, os fundadores da Coinbase informaram que a empresa tinha cerca de 116.000 usuários que converteram US$ 15 milhões de dinheiro real em Bitcoin, comparado com US$ 1 milhão em janeiro. Ehrsam diz que as conversões de dólar estão a aumentando em cerca de 15% por semana e sua base de usuários está crescendo a uma taxa semanal de cerca de 12%.

 "Estamos em modo de expansão", diz o executivo.

 A Coinbase lucra ao cobrar dos usuários uma taxa de 1% para converter dólares em Bitcoin e vice-versa. "Temos um modelo de negócio muito claro", diz Ehrsam.

 A Bitcoin está ganhando força entre alguns pequenos comerciantes e outros varejistas que querem reduzir os custos associados à aceitação de cartões de crédito. Entre os entusiastas da moeda virtual, está o OKCupid.com, site de relacionamento da americana IAC/Interactive IACI +0.08% . No mês passado, John Donahoe, diretor-presidente do eBay Inc., EBAY -0.07% site de leilões, disse que também está explorando maneiras de integrar a Bitcoin à sua rede de pagamentos on-line PayPal.

 Os defensores da Bitcoin, que foi criada em 2009 por uma pessoa (ou grupo) que se autodenomina Satoshi Nakamoto, dizem que a moeda oferece anonimato e uma forma barata de realizar transações internacionais. Mas críticos dizem que a Bitcoin enfrenta tantos obstáculos regulamentares e técnicos que nunca vai amadurecer ao ponto de ser uma moeda de uso amplo.

 No mês passado, a Mt. Gox Co., sediada em Tóquio, a maior casa de câmbio on-line que negocia Bitcoin, informou que seus serviços foram desativados por aproximadamente quatro horas devido a um ataque de hackers.

 "Eles esperam até o que preço das Bitcoins cheguem a um determinado valor, vendem, desestabilizam as operações, esperam o mercado entrar em pânico e começar a vender Bitcoins, esperam que o preço caia até um certo nível e, aí, param o ataque e começam a comprar o mais que podem", afirmou a Mt. Gox.

 Essa volatilidade é uma das preocupações relacionadas à moeda virtual. O câmbio da Bitcoin subiu de cerca de US$ 5 em junho de 2012 para um pico de US$ 266 em abril e esta semana está sendo negociada em cerca de US$ 108, segundo dados da Mt. Gox.

 Carol R. Van Cleef, sócia do escritório de advocacia Patton Boggs LLP, de Washington, e especializada em pagamentos emergentes e leis de combate à lavagem de dinheiro, diz que as regulamentações governamentais de divulgação financeira provavelmente vão dificultar a vida das novatas de moeda virtual.

 A regulamentação "vai forçar alguns participantes a sair do mercado", diz Van Cleef. Outros, ela acrescentou, "vão aceitar e seguir as regras. Mas custará caro".

 Isso não desanima os capitalistas de risco. Jeremy Liew, sócio da Lightspeed Venture Partners, que investiu em três firmas novatas de moeda virtual, incluindo a OpenCoin, disse que está "extremamente otimista", pois a moeda permite microtransações livres de custos, como a compra de uma única barra de chocolate, que seria muito pequena para outros tipos de pagamentos eletrônicos.

 "O apelo do custo zero por transação é muito forte e extremamente transformador para uma indústria gigantesca como a de pagamentos", disse ele. Por SARAH E. NEEDLEMAN e SPENCER E. ANTE
Fonte: Wall Street Journal 09/05/2013

09 maio 2013



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