30 abril 2013

Setor de luxo busca alvos de aquisição

A indústria de bens de luxo está sofrendo um mal de gente rica: tem cofres abarrotados de dinheiro para gastar em aquisições que ajudam na expansão, mas poucos alvos que valham à pena.

 Isso tem levado líderes da indústria, fundos de private-equity e novos investidores em mercados emergentes a uma verdadeira caça por empresas que atendam a alguns critérios difíceis.

 Na lista de desejos desse grupo estão uma marca com um nome estabelecido que tenha um potencial inexplorado de expansão em mercados emergentes, proprietários que estejam dispostos a vender e abrir mão do controle e a confiança de que a grife tem durabilidade e não concorre com outras marcas existentes na carteira.

 O longo período de crescimento na indústria do luxo tem alimentado uma busca frenética por marcas de prestígio, ainda não desenvolvidas, em meio a sinais de que o boom do luxo está perdendo força, principalmente entre as marcas maiores.

 "Os líderes do setor de luxo têm poder de fogo financeiro num momento em que o crescimento orgânico desacelera", diz Luca Solca, analista da Exane BNP Paribas BNP.F "A consequência deve ser mais fusões e aquisições."

 Acordos recentes reforçaram essa tendência. Na semana passada, a PPR SA,  dona da Gucci, anunciou que estava comprando a joalheria italiana Pomellato SpA e a empresa suíça de relógios sofisticados Corum foi comprada pela China Haidian Holdings Ltd. 0256. Nos últimos meses, outros negócios foram fechados, como a compra da grife de moda de Milão Marni pelo grupo Only the Brave, dono da Diesel, e o acordo de US$ 1 bilhão da suíça Swatch Group AG UHR pelo fabricante de relógios e joias Harry Winston.

 Um crescimento sólido das receitas nos últimos anos tem levado pesos pesados do luxo como a PPR, a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SA  e a Cie. Financière Richemont AS,  dona da Cartier, a procurar formas eficazes de investir dinheiro.

 Nos últimos meses, gigantes de luxo têm demonstrado interesse em algumas das estrelas em ascensão da moda. A LVMH comprou uma participação minoritária na grife do designer francês Maxime Simoëns e a PPR investiu no estilista britânico Christopher Kane, que fundou sua empresa em 2006. Kane disse que outros potenciais compradores também se interessaram pela grife. O diretor financeiro da PPR, Jean-Marc Duplaix, disse que a empresa, que passará a se chamar Kering, está à procura de outras aquisições no setor de relógios e joias.

 Ao contrário dos anos 90, os gigantes europeus estão competindo com compradores de lugares como Hong Kong e Catar. Investidores do Catar compraram a Valentino no ano passado, eliminando da disputa Renzo Rosso, que tentou adicionar a grife romana de alta costura ao seu portfólio de marcas do grupo Only the Brave. Fung Brands, empresa de um grupo de investidores com base em Hong Kong, compraram no ano passado a grife francesa Sonia Rykiel.

 "Há um movimento entre o Ocidente e o Oriente", diz Jean-Marc Loubier, diretor-presidente da Fung Brands. "Isso deixa espaço para jogadas inteligentes." Ele diz que a companhia, que também adquiriu a marca Hardy Amies de moda masculina e o fabricante de artigos de couro Delvaux, ainda quer reforçar mais seu portfólio.

 Mas há poucos alvos com nomes estabelecidos e potencial significativo para crescer. Analistas do Société Générale GLE.FR +2.24% elaboraram recentemente uma tabela com cerca de 40 possíveis alvos de fusões da indústria do luxo. A lista mudou pouco em relação a uma análise similar feita há 10 anos, disse o analista Thierry Cota.

 Depois de uma rápida expansão em mercados de crescimento acelerado, especialmente a China, nos últimos anos, as principais marcas da indústria do luxo, como a Louis Vuitton e a Gucci, têm visto seu crescimento desacelerar. Ao mesmo tempo, muitas marcas menores e menos desenvolvidas continuam ganhando tração.

 A última compra da PPR, a joalheria Pomellato, conhecida por suas pedras coloridas, ilustra a prioridade para muitos compradores. A Pomellato construiu uma marca respeitada na Europa, onde realiza em torno de 80% dos seus negócios, mas até agora tem pouca presença na Ásia.

 "É uma das bases na lógica da aquisição", diz o diretor financeiro da PPR, Jean-Marc Duplaix.

 Entre outros alvos potenciais de aquisição está a Versace, a grife de Milão cujo fundador, Gianni Versace, foi assassinado em 1997. No ano passado, a Versace contratou o Goldman Sachs  e o Bank IM para explorar a venda de uma participação minoritária da empresa ou uma abertura de capital. 

Oportunidades como a Versace são poucas, diz François Arpels, diretor-gerente do banco de investimentos Bryan Garnier. "Quando elas aparecem, o valor vai ser elevado e a concorrência vai ser forte", acrescenta. Por NADYA MASIDLOVER, de Paris
Fonte: thewallstreetjournal 30/04/2013

30 abril 2013



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