09 janeiro 2013

“Intermédica não está à venda”, garante Paulo Barbanti

A terceira maior operadora do país se reinventa para concorrer com gigantes. O fundador Barbanti ignora o assédio do mercado e investe em governança corporativa

É praxe, o setor de saúde suplementar gosta de especular sobre o destino da Intermédica. E não faltam dúvidas: será que o fundador Paulo Barbanti vai conseguir vender a empresa? Será que a terceira maior operadora do País conseguirá sobreviver sem um parceiro financeiro? Quem será o sucessor do empresário de 72 anos? Para Dr. Paulo, como é mais conhecido o fundador da empresa, o que incomoda tanto aos concorrentes é uma constatação: “A Intermédica não está à venda”.

 “Tem muita gente que queria me ver longe daqui. Recebo todos os que me procuram com proposta. Mas já aviso: não vendo.” É fato que ele já considerou essa possibilidade, mas mudou de ideia rapidamente.

 Em 2011, o empresário contratou a consultoria Galeazzi para estruturar a abertura de capital da empresa. A parceria durou apenas dois meses. O motivo é simples: Paulo Barbanti não precisa vender a Intermédica.

 “O grupo não deve nada em banco e nunca vai dever. Tenho R$ 300 milhões em reservas nas contas das empresas e mais R$ 700 milhões (da conta do próprio empresário) à disposição do grupo.

 São R$ 1 bilhão aplicados conservadoramente”, afirma Dr. Paulo, sacando o extrato com os valores divididos por aplicações bancárias. Esse montante é suficiente “para garantir a saúde financeira da empresa pelo próximos 20 anos”. “Eu não vou inventar outro negócio, é um valor líquido para qualquer necessidade. O suficiente para me deixar dormir tranquilo”, afirma o empresário.

 Dinheiro por dinheiro, Dr. Paulo já tem, o que o empresário quer mesmo é ver o negócio que construiu do nada crescer em condições de enfrentar os gigantes do setor. “Somos o único concorrente que sobrou”, afirma. A Amil foi comprada no ano passado pela UnitedHealth, maior operadora de saúde do mundo e as demais operadoras são oriundas do mercado financeiro, como a Bradesco Saúde.

 Se Dr. Paulo vai abrir capital no futuro? “Não sei e nem estou preocupado com isso”, afirma. “Hoje meu foco é reorganizar a governança da empresa”, diz ressaltando que já há três opções de sucessão na manga, entre eles sua filha Julia Barbanti.

 Essa “reorganização” não vai tirá-lo da presidência do negócio que criou há 43 anos. É mais um rejuvenescimento da estratégia de negócio para se adaptar às mudanças do mercado.

 “Em 43 anos, fiz apenas cinco grandes mudanças na empresa. Minha estratégia é passar a usar a capacidade ociosa dos hospitais para vender leitos a outras operadoras.”

 A meta de Dr. Paulo é que 30% do faturamento do Grupo Intermédica – formado pela operadora de saúde de mesmo nome, a seguradora Notre Dame e o plano de saúde odontológico Interodonto – venha dos serviços hospitalares. Nos últimos dois anos, a empresa abriu dois hospitais e é a “única empresa que tem excesso de oferta de leitos para internação”, segundo o empresário.

 São cerca de 120 leitos ociosos que passarão a ser vendidos no mercado. Em pouco mais de um ano, esse número será de 200 leitos.

 A empresa tem mais um hospital em construção em São Paulo, o Hospital 23 de Maio – feito num prédio que estava abandonado em uma área nobre da capital -, com mais 170 leitos. “Esse hospital ficará pronto entre 12 e 18 meses, mas já recebi proposta de compra de três entidades do setor”, conta o empresário.

 No ano passado, a Intermédica investiu R$ 35 milhões na ampliação e abertura de hospitais. Tudo com recursos próprios, já que Dr. Paulo é avesso à empréstimos bancários. “Estamos reinvestindo lucro, nunca precisei aumentar o capital da empresa”, explica. “Não quero o lucro pelo lucro, quero sim a lucratividade no limite para o investimento necessário para a expansão do grupo”.

 Além da venda de serviços hospitalares, Dr. Paulo vem se dedicando a reduzir os contratos deficitários da empresa e trazer mais saúde à sua carteira de clientes. “Antes minha lógica era outra, investir no crescimento da carteira”, explica. Só a Intermédica teve uma redução de mais de 500 mil vidas no período de novembro de 2011 a novembro de 2012, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

 Dr. Paulo garante que isso não é problema. “Diminuição do número de vidas significa reoxigenação da carteira: deixar de ter clientes que davam prejuízo e ficar com aqueles onde podemos obter resultados”, explica. Segundo o empresário, o Grupo Intermédica vai fechar o ano com uma lucratividade entre R$ 90 e R$ 100 milhões em 2012.

 Os dados consolidados de 2012 ainda não foram fechados, mas de acordo com informações da ANS só o plano de saúde Intermédica fechou o terceiro trimestre de 2012 com um faturamento de R$ 1,3 bilhões. Brasil Econômico
Fonte: SaúdeWeb 09/01/2013

09 janeiro 2013



0 comentários: